Indiciado por feminicídio, ocultação de cadáver e furto de veículo, o acusado de assassinar a radialista Evelyne Ogawa, 38 anos, será transferido ao Complexo Penitenciário da Papuda. Investigações conduzidas pela 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia Norte) apontam que Vinícius Fernando Silva Camargo, 31, teria premeditado o feminicídio contra a companheira.
O Correio teve acesso aos processos contra ele, e os documentos comprovam que o agressor tem uma extensa ficha criminal por roubo, porte ilegal de arma de fogo, lesão corporal, violência contra a mulher e uso de documento falso. No total, Vinícius acumula 12 processos criminais. Quatro tramitaram no Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Planaltina.
Em 2017, Vinícius foi acusado de agredir uma namorada com quem se relacionou por três meses. À época, a vítima concedeu entrevista ao Correio e relatou as agressões. Consta no processo que o autor confessou ter atingido a vítima “sem querer” com o cotovelo no nariz, depois de ela afirmar que queria terminar a relação.
Na versão dele, a vítima não teria aceitado o fim do namoro e teriado partido para cima dele, dando tapas no braço de Vinícius. Depois disso, ele disse ter trancado a mulher no quarto e jogado a chave no corredor, impedindo-a de sair do cômodo, motivo pelo qual foi indiciado por cárcere privado. A vítima só conseguiu sair do cômodo após policiais arrombarem a porta.
A versão foi a mesma contada em depoimento aos policiais da 26ª DP sobre a morte de Evelyne. No dia do crime, na sexta-feira (26/3), ela e Vinícius saíram de casa em um Peugeot preto, às 14h30, para buscar um pagamento por comissão, na empresa onde a radialista trabalhava. O veículo foi emprestado ao casal pela irmã da vítima, pois, segundo familiares, os dois estavam sem carro.
Por volta das 17h, Evelyne enviou uma mensagem à mãe, dizendo que havia recebido o dinheiro, no valor de R$ 2.785. Durante o interrogatório, Vinícius contou à polícia que ele e a companheira visitaram amigos até as 21h30 e, na volta para casa, discutiram. O motivo seria o rompimento da relação.
“Na versão dele, os dois brigaram porque ele queria terminar, mas ela não aceitava”, disse o delegado-adjunto da 26ª DP, Rodrigo Carbone. Ainda segundo o depoimento do agressor, a vítima teria ido tomar banho e, em seguida, pegado uma faca na cozinha. Ele contou à polícia que, para se defender, desarmou e estrangulou Evelyne com um fio elétrico até matá-la. A polícia, no entanto, não confirmou a versão. “É prematuro dizer que essas discussões existiram. Ainda investigaremos”, completou o delegado.
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Prisão
Investigações revelaram que Evelyne foi assassinada entre 21h e 23h de sexta-feira. Câmeras do circuito interno de segurança do condomínio onde o crime ocorreu flagraram a chegada e a saída de Vinícius. A última imagem, captada às 7h52, mostra o acusado deixando o local com uma sacola azul.
Na tarde de sábado (27/3), ele se apresentou à 26ª DP com um advogado, mas não ficou preso. “Ele não foi detido no momento por dispositivo legal. Há um entendimento de que, se cometo um crime agora e me apresento, não posso ser preso em flagrante. Entende-se que o autor está colaborando com a Justiça”, frisou o delegado Rodrigo Carbone.
Depois de Vinícius se apresentar, investigadores estiveram no apartamento da vítima e constataram a morte de Evelyne. A polícia pediu um mandado de prisão preventiva contra o então suspeito. A Justiça deferiu o pedido no mesmo dia. No domingo (28/3), policiais não encontraram o acusado no endereço.
Ele havia usado o carro da irmã da vítima para fugir e, também, subtraído o dinheiro do pagamento recebido pela companheira. Na segunda-feira (29/3), ele se entregou à polícia, na companhia de dois advogados. Ele encontra-se na carceragem da Polícia Civil, mas será levado para o Complexo Penitenciário da Papuda.
Roubo
Em setembro de 2018, Vinícius foi indiciado por participação em um roubo, no Condomínio Flamboyant, em Planaltina. Ele e outros dois comparsas, segundo o processo, roubaram dois celulares, mediante "grave ameaça" e uso de arma de fogo. Dois amigos de Vinícius teriam escalado o muro da casa das vítimas, arrombado a porta e invadido o imóvel. Enquanto isso, Vinícius esperava dentro de um carro, do lado de fora da residência. Os criminosos também teriam agredido as vítimas com coronhadas.
Um ano depois, em 2019, Vinícius foi autuado por falsidade ideológica, após usar um uniforme e um distintivo falsos, passando-se por agente socioeducativo.Ele também teria enganado amigos fingindo ser um policial penal do Complexo Penitenciário da Papuda.
Com base em uma foto que circulou nas redes sociais, houve suspeita de que Vinícius fosse um agente socioeducativo. Na imagem, ele aparece de uniforme e distintivo policial. Contudo, o Sindicato dos Servidores Socioeducativos (Sindsse-DF) negou o fato. A entidade informou, em nota,que Vinícius trabalhou no sistema socioeducativo entre 2014 e 2016, mediante contrato temporário e após passar por processo seletivo simplificado.
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