Pandemia

Comércio tem aglomeração em primeiro dia de liberação de atividades

Após o GDF conseguir reverter decisão da Justiça, que pedia a volta das medidas restritivas contra a covid-19, comerciantes comemoram retorno, mas criticam incertezas sobre novas medidas restritivas

Pedro Marra
postado em 01/04/2021 19:22 / atualizado em 03/04/2021 20:28
 (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Após o Governo do Distrito Federal (GDF) conseguir reverter, na noite de quarta-feira (31/3), a liminar da Justiça que proibia a retomada do comércio a partir desta quinta (1º/4), o setor voltou a funcionar com aglomeração de clientes e preocupação por parte dos empresários em trabalhar com a incerteza sobre novas medidas restritivas.

Na Feira do Guará, o Correio presenciou aglomeração de pessoas, principalmente, ao redor das peixarias. Havia, também, clientes sem máscara no local. Um dos comerciantes da feira, Adeílson Lobo, 38 anos, critica as medidas restritivas impostas pelo GDF antes da reabertura. "Acho que o lockdown não resolve, mas essa indecisão de vai e volta prejudica mais o comércio, porque nem o consumidor sabe quando e o que está aberto e ou fechado", diz.

Há 12 anos à frente do estabelecimento que vende castanhas, Adeílson comenta como tem feito para atrair clientes nesse retorno. "A gente baixou o preço de algumas mercadorias para renovar o estoque. Reduzimos o preço das castanhas, por exemplo, que custavam R$ 75 antes do lockdown, e agora estão a R$ 59. Todos os funcionários borrifam álcool 70% nas embalagens", conta o comerciante.

Proprietário da loja Adeilson e Juliana Castanhas e Cia., Adeílson Lobo, espera vender 50% dos lucros que teve em 2020
Proprietário da loja Adeilson e Juliana Castanhas e Cia., Adeílson Lobo, espera vender 50% dos lucros que teve em 2020 (foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Dono de um restaurante na Quadra 300 do Sudoeste, João Afonso Bedaqui, 32, se diz preocupado com esse clima de abre e fecha no DF. "Além de ter passado um ano de pandemia, em que a gente perdeu o movimento, voltamos nessa semana com uma média de 50% dos nossos clientes. Mas nós temos compromissos fixos, como aluguéis de água e luz e o salário dos funcionários. Tive 13 funcionários em 2020, e estou com nove atualmente. Tentei segurar ao máximo para não mandar ninguém embora. Sei que para eles está difícil, mas para nós é um efeito cascata. Se a gente atrasa um aluguel, atrasa o salário deles, que têm família para sustentar”, opina o empresário.

  • Dono do restaurante Don Bistrô, na Quadra 300 do Sudoeste, João Afonso Bedaqui, 32 anos, espera que o GDF mantenha o comércio aberto
    Dono do restaurante Don Bistrô, na Quadra 300 do Sudoeste, João Afonso Bedaqui, 32 anos, espera que o GDF mantenha o comércio aberto Pedro Marra/CB/D.A Press
  • Dono do restaurante Don Bistrô, na Quadra 300 do Sudoeste, João Afonso Bedaqui, 32 anos, espera que o GDF mantenha o comércio aberto
    Dono do restaurante Don Bistrô, na Quadra 300 do Sudoeste, João Afonso Bedaqui, 32 anos, espera que o GDF mantenha o comércio aberto Pedro Marra/CB/D.A Press
  • Dono do restaurante Don Bistrô, na Quadra 300 do Sudoeste, João Afonso Bedaqui, 32 anos, espera que o GDF mantenha o comércio aberto
    Dono do restaurante Don Bistrô, na Quadra 300 do Sudoeste, João Afonso Bedaqui, 32 anos, espera que o GDF mantenha o comércio aberto Pedro Marra/CB/D.A Press

João destaca que o governo deveria decidir em manter um lockdown efetivo ou aplicar as medidas restritivas do jeito que estão no momento. "Você acaba tendo um desânimo, está fazendo de tudo para o comércio não fechar. A gente já sabe que o lockdown parcial não tem efeito tão positivo. Estamos trabalhando com todas as medidas e respeitando o distanciamento. A gente disponibiliza álcool em gel antes de pegar a salada, por exemplo, oferecemos luvas descartáveis para os clientes. Aferimos a temperatura dos funcionários. Nas entregas, a gente faz a higienização completa dos produtos. E a gente não fez promoção porque ficou esse impasse se iria fechar ou ficar aberto”, complementa.

Decisão

Com o recurso do GDF acatado pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), continua a valer o decreto de 19 de março, que autorizava o funcionamento de estabelecimentos como restaurantes, bares e shoppings, com horários específicos e jornadas reduzidas. As atividades se mantêm no momento em que o DF registra superlotação em unidades de terapia intensivas (UTIs) e recordes na quantidade de mortes registradas em 24 horas. Na quarta-feira (31/3), a Secretaria de Saúde (SES-DF) contabilizou mais 117 vítimas.

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