Pandemia

60 mil novas vagas de agendamento para vacinação de pessoas com comorbidades

Nesta quarta-feira (5/5), o segundo grupo das pessoas com comorbidades pode marcar local, data e horário para receber o imunizante. Expectativa da Secretaria de Saúde é finalizar essa etapa da campanha até 18 de maio. Pasta investiga se há casos da cepa indiana na capital federal

Samara Schwingel
Ana Maria Silva
postado em 05/05/2021 06:00 / atualizado em 05/05/2021 15:02
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press                                    )
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press )

O primeiro dia da vacinação contra a covid-19 do público com comorbidades, no Distrito Federal, atendeu pessoas do primeiro grupo, composto por pacientes com síndrome de Down, com deficiência cadastradas para receber o Benefício de Prestação Continuada (BPC), que fazem hemodiálise, gestantes com comorbidades e imunossuprimidos.

O movimento durante a imunização dessa etapa da campanha foi tranquilo. Nesta quarta-feira (5/5), a partir das 9h, serão abertas 60 mil vagas de agendamento para o segundo grupo com as demais comorbidades, composto por pessoas de 55 a 59 anos. A intenção da Secretaria de Saúde é finalizar a aplicação das doses dessas faixas etárias até 18 de maio. Segundo a pasta, 87 mil fizeram o cadastro e 2,3 mil realizaram o agendamento. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há cerca de 513 mil moradores do DF com doenças crônicas.

O estudante universitário João Paulo Gonçalves Leal, 24 anos, foi até o Centro de Saúde nº 2, no Guará 2, receber o imunizante. Ele faz uso de imunossupressores desde 2014, devido a uma doença crônica no intestino. “Foi uma surpresa, não esperávamos que fosse acontecer tão rápido. Mesmo sendo só a primeira dose, traz esperança de que o pior está passando”, avalia.

A contadora Nancy Letícia Wanderlei Gallardo Procópio, 33, também foi ao posto do Guará 2 garantir a vacina. Ela foi diagnosticada com leucemia em 2018 e passou pelo processo de quimioterapia até dezembro de 2020. A contadora ficou feliz em receber a aplicação. “É uma sensação boa demais. Só de saber que a imunidade aumenta e que o risco da doença diminui, é uma sensação muito gratificante”, afirma.

A infectologista do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) Ana Helena Germoglio reforça que a imunização é fundamental, porém, destaca que mesmo com a vacinação, é preciso que as pessoas tomem cuidado. “Enquanto a gente não tiver cerca de 90% da população com imunidade, seja por meio de vacina, seja por meio da doença, ainda teremos que tomar todos os cuidados, como o uso de máscara, o distanciamento e a melhoria na ventilação dos locais”, ressalta a médica.

Segundo Ana Helena, a depender do tipo de comorbidade, a eficácia da vacina pode ser um pouco menor, no entanto os imunizantes não são invalidados e frisa que marca não influencia. “A melhor vacina é aquela que estiver disponível no momento. Elas foram feitas em períodos diferentes, são estudos diferentes, populações diferentes, então, de forma alguma, deve-se comparar essa eficácia e, muito menos, recusar imunizante”, aconselha.

No DF, as pessoas com comorbidades, por ora, são atendidas com a vacina inglesa Covishield, da AstraZeneca/Oxford, e com a norte-americana desenvolvida pela Pfizer/BioNTech, sendo 70 mil doses do imunizante inglês e 5,8 mil, do estadunidense destinadas a esse público.

Variantes

Um alerta que especialistas e pesquisadores fazem é para as novas cepas do novo coronavírus que podem agravar o quadro atual. Por enquanto, de acordo com a Secretaria de Saúde, o Laboratório Central de Saúde Pública do DF (Lacen-DF), que realiza sequenciamento genético para identificar as variantes que mais circulam na capital federal, identificou cinco tipos da doença no DF, sendo a predominante a P1, de Manaus.

A pasta e o Governo do Distrito Federal (GDF) estão atentos para a possibilidade da variante indiana chegar a Brasília. Segundo a Saúde local, essa cepa ainda não foi encontrada. Nos próximos dias, o Lacen-DF deve divulgar um novo resultado do sequenciamento genético e, assim, descartar ou confirmar a presença da mutação.

Segundo o professor e biologista do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília (UnB) Bergmann Ribeiro, não há estudos conclusivos sobre a cepa indiana. “Uma maneira de evitar que essa variante chegue aqui é fechar as fronteiras e realizar testagem em massa para identificar a infecção o quanto antes possível. Caso seja detectado, vale tentar rastrear os contatos das pessoas e realizar uma quarentena”, descreve Bergmann.

Próximos passos

Puérperas com comorbidades, retiradas das prioridades, também poderão agendar a imunização nesta sexta-feira. Segundo a Secretaria de Saúde, a mudança foi feita para que haja tempo hábil para atualização do cadastro das mulheres nessa condição.


Ontem, a pasta abriu 10 mil vagas para agendamento da vacinação contra a covid-19 contemplando profissionais de saúde com registro nos conselhos de classe. Essa etapa vai imunizar trabalhadores das categorias de serviço social; agentes funerários; biomedicina; biologia; técnicos de laboratório; medicina; enfermagem; técnicos de radiologia; internos de medicina e enfermagem; e da Secretaria DF Legal.

D2 aplicada em 270 mil

O Distrito Federal vacinou, ontem, 1.416 pessoas com a primeira dose e 8.232 com a segunda, chegando ao total de 464,8 mil pessoas que receberam a D1 e 270,1 mil, a D2. Nas últimas 24 horas, o DF registrou 763 casos e 43 mortes por covid-19. Com a atualização, Brasília acumula 382 mil infecções pelo novo coronavírus e 7.926 óbitos. A taxa de transmissão da doença está em 0,92. A média móvel de vítimas é de 36,7; menos 41,4% do que em 20 de abril. E, a de ocorrências, é de 960,7; menos 14,9% do que há duas semanas.

Condições de saúde

» Diabetes mellitus: tipos 1 e 2;

» Pneumopatias crônicas graves: incluem asma e bronquite em condições graves; doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), inflamação causada pela limitação do fluxo de ar por inalação de toxinas, como aquelas presentes na fumaça do cigarro; enfisema pulmonar; e fibrose pulmonar;

» Hipertensão arterial resistente (HAR): o paciente tem a pressão arterial controlada por diferentes tipos de medicação;

» Hipertensão arterial estágio 3: a condição de hipertensão arterial é dividida em estágios crescentes de gravidade, conforme a faixa de pressão cardíaca;

» Hipertensão arterial estágios 1 e 2, com LOA (lesão de órgãos alvo) ou comorbidade: ocorre quando a alteração na pressão cardíaca do paciente, mesmo que não seja grave, altera a função de outro órgão;

» Insuficiência cardíaca;

» Cor pulmonale e hipertensão pulmonar: eleva a pressão cardíaca por alteração no pulmão, prejudicando a respiração do indivíduo;

» Cardiopatia hipertensiva: causada pela alteração da função cardíaca devido ao aumento da pressão, levando ao inchaço do coração;

» Síndromes coronarianas: presentes nas pessoas com suscetibilidade a ou que tiveram infarto;

» Valvopatias: problemas nas quatro válvulas cardíacas que impedem o retorno do sangue ao coração;

» Miocardiopatias e pericardiopatias: a primeira é a alteração do músculo cardíaco; a segunda envolve dificuldades na membrana que cobre o coração, como inflamações;

» Doenças da aorta, dos grandes vasos e fístulas arteriovenosas: envolvem pessoas sob tratamento de diálise e doenças dissecantes, como aneurisma da aorta;

» Arritmias cardíacas: alteração no ritmo dos batimentos cardíacos;

» Cardiopatia congênita no adulto: a pessoa nasce com doenças que alteram a função cardíaca, como Tetralogia de Fallot, insuficiência cardíaca, arritmias e comprometimento no miocárdio, o músculo do coração;

» Próteses valvares e dispositivos cardíacos: diz respeito a indivíduos submetidos a cirurgias no coração, como para inserção de marcapasso e troca de válvulas;

» Doença cerebrovascular: inclui acidente vascular cerebral (AVC) e demência vascular;

» Doença renal crônica;

» Imunossuprimidos: incluem indivíduos congenitamente com baixa produção de anticorpos, como os transplantados de órgão sólido ou de medula óssea; portadoras de HIV; doenças reumáticas com uso de corticoides; pessoas em uso de imunossupressores ou com imunodeficiências primárias; pacientes oncológicos que realizaram tratamento quimioterápico ou radioterápico nos últimos seis meses; e neoplasias hematológicas, causadas pela multiplicação acelerada de células sanguíneas, como leucemia;

» Anemia falciforme: é um tipo de anemia em que as hemácias do sangue têm forma de foice. É uma doença no sangue que atinge, em sua maioria, a população negra. A hemácia em formato diferenciado prejudica a circulação do sangue, levando a tromboses no rim, pulmão e baço, entre outros órgãos;

» Obesidade mórbida: pessoas com índice de massa corpórea (IMC) superior a 40 ou pessoas com IMC maior que 35 com disfunções orgânicas, como obesidade e hipertensão;

» Síndrome de Down;

» Cirrose hepática;

» Grávidas com e sem comorbidades;

» Mulheres em puerpério: até dois meses após o parto.

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