Pandemia

Covid-19: Ibaneis pretende vacinar rodoviários após professores

Governador Ibaneis Rocha (MDB) adiantou ao Correio que a categoria estará entre os grupos prioritários de imunização. Por enquanto, o DF está fazendo as aplicações em pessoas com comorbidades e nos demais públicos iniciados. Mais de 532 mil receberam a primeira dose

José Carlos Vieira
Samara Schwingel
Jéssica Moura
Ana Isabel Mansur
postado em 12/05/2021 06:00 / atualizado em 12/05/2021 10:22
 No DF, 532.323 pessoas que receberam a primeira dose dos imunizantes e 283.561, o reforço. -  (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A. Press           )
No DF, 532.323 pessoas que receberam a primeira dose dos imunizantes e 283.561, o reforço. - (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A. Press )

Após afirmar que os professores devem ser vacinados contra a covid-19 até agosto, o Governo do Distrito Federal (GDF) pretende imunizar os rodoviários em seguida. De acordo com o que o governador Ibaneis Rocha (MDB) adiantou ao Correio, a categoria é a próxima a entrar na lista de prioridades. No entanto, como o DF depende do envio de doses do Ministério da Saúde, não há uma data para o início dessa fase. Por ora, o GDF está vacinando pessoas com comorbidades, além dos demais públicos já contemplados. Nessa terça-feira (11/5), a capital atingiu a marca de 532.323 pessoas que receberam a primeira dose (D1) dos imunizantes e 283.561, com o reforço.

Apesar da intenção, o governador afirmou que a prioridade, após comorbidades, são os educadores. “A imunização dos professores será capaz de trazer mais normalidade à vida de todos nós, até porque vivemos um problema de saúde social com os alunos em casa”, avalia Ibaneis.

O chefe do Executivo local reforça que o avanço da campanha no DF depende do envio de mais doses pelo Ministério da Saúde. “A esperança é de que venham mais vacinas para que a imunização seja mais rápida para todos, mas precisamos pensar nos rodoviários e em todos os profissionais que têm mais contato com outras pessoas”, completa. Até o momento, o DF recebeu 1.001.504 doses entre CoronaVac, AstraZeneca e Pfizer. Nessa terça-feira, 9.651 pessoas foram imunizadas com a D1 e 3.277, com a D2 (segunda dose).

Entre as categorias que estão sendo imunizadas, apenas os profissionais da saúde estavam previstos no Plano Distrital de Vacinação da Secretaria de Saúde, o que havia sido estimado em 101 mil pessoas. Até o fechamento desta edição, 135.113 receberam a primeira dose e 100.948, o reforço. A previsão inicial considerava apenas aqueles que atuam na linha de frente no combate á covid-19, por isso a disparidade entre o público esperado e o vacinado.

Os profissionais da segurança pública foram incluídos ao longo da campanha. Dos 16.300 vacinados, 5.488 receberam a D2. Esta categoria não estava prevista no plano Distrital de Vacinação, mas foi incluída depois por determinação do governador do DF e do Ministério da Saúde.

Além dos profissionais de saúde, 96.166 idosos com 75 anos foram vacinados e ultrapassaram a previsão inicial, que era de 80,9 mil indivíduos. Segundo a pasta, isso ocorreu devido à vacinação de moradores de outros estados no DF. Já o grupo de 60 a 74, composto por 265,2 mil pessoas, têm 241.009 vacinados com a D1.

Reações

Após análise dos relatos de reações às vacinas contra a covid-19, o sistema e-SUS, do Ministério da Saúde, associou 529 casos às aplicações. Com relação aos eventos adversos pós-vacinação (EAPV) com a CoronaVac, 288 ocorrências foram classificadas como não graves e seis graves. Das pessoas que relataram sintomas após a imunização, 52,6% informaram dor de cabeça; 21,88%, dores musculares; 16,4%, diarreia e 13,7%, reação de hipersensibilidade na pele.

A vacina AstraZeneca, por sua vez, contabilizou 114 casos como não graves e dois graves. Os sintomas mais relatados foram: dor de cabeça (42,3%), dores musculares (36,4%), febre (35,5%), diarreia (10,1%) e reação no local de aplicação (16,1%). Não houve reação de hipersensibilidade na pele após a aplicação da vacina AstraZeneca.

Apesar das reações registradas, o infectologista e professor da Universidade Católica de Brasília (UCB) Leandro Machado ressalta que isso não é motivo para deixar de se imunizar. “Toda vacina tem reação, é uma coisa que já esperamos quando começamos a vacinar. Não compensa ficar sem vacina, porque a pessoa estará mais exposta à covid-19 e com maior risco de desenvolver a forma grave da doença”, explica.

8.184 mortos

Nas últimas 24 horas, o DF registrou mais 766 novos casos e 34 mortes pela covid-19. Com a atualização, a capital federal chegou à marca de 388,2 mil infecções confirmadas e 8.184 óbitos. A média móvel de casos da doença, levando-se em conta os últimos sete dias, está em 865. Enquanto a mediana de mortes, em relação ao mesmo período, é de 36,85.

A taxa de transmissão está em 0,9, o que significa que 100 pessoas transmitem o novo coronavírus para outras 90. O ideal, para o GDF, é que esse índice permaneça abaixo de 1, pois demonstra que a pandemia está desacelerando.

O governador Ibaneis Rocha (MDB) estuda os dados diariamente para definir se vai flexibilizar ou não as medidas restritivas em vigor no DF. Esta semana, o chefe do Executivo local deve definir se autoriza ou não a realização de eventos com 25% da capacidade de público. “É preciso acompanhar sempre a evolução dos índices. Está na hora de flexibilizar outras atividades econômicas, a sociedade pede por isso. Se todos observarem as regras de segurança e asseio, é possível manter a doença sob controle até que a vacinação chegue a todos”, disse.

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Retomada de cirurgias eletivas

Naide Castilho, 52 anos, sofre de catarata e aguarda, desde abril de 2021, a operação -  (crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press)
crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press

Gradativamente, a Secretaria de Saúde (SES) do Distrito Federal retoma as cirurgias eletivas que estavam paradas devido ao agravamento da pandemia de covid-19. As cirurgias de pequeno e médio porte, como hérnias e vesículas, voltarão a ser realizadas nos hospitais públicos do DF. Os procedimentos eletivos ocorrem conforme a disponibilização de vagas nas unidades pelos núcleos de internação e alta da SES. A secretaria, no entanto, afirmou que não é possível estimar quantas pessoas estão aguardando por uma dessas cirurgias na capital.

O retorno foi possível graças à desmobilização dos leitos, iniciada esta semana visando o aumento da disponibilização de unidades para que as cirurgias transcorrem de maneira mais dinâmica. A retomada representa alívio para pacientes que esperam pelo procedimento. Naide Castilho, 52 anos, aguarda desde abril do ano passado por uma cirurgia de catarata. “O médico falou que tinha que esperar, que iam me ligar, mas, até hoje, nada. Eu estou doida para fazer essa cirurgia, mas essa pandemia atrapalhou”, lamenta.

Ela conta que, ao longo do último ano, os sintomas têm piorado. “Me atrapalha para ler as caixas de comprimido, para ler no celular. Para eu colocar a linha na agulha, tenho que sair na claridade. Fico preocupada de perder a vista. Às vezes, fico com a visão embaçada, me dá umas fisgadas”, reclama. Com o retorno das operações, ela se sente esperançosa. “Se for liberada, vai ser um alívio, bom demais, dá mais segurança, vou ficar despreocupada”.

Na semana passada, durante a inauguração do hospital de campanha do Gama, no Bezerrão, o governador Ibaneis Rocha (MDB) confirmou que os pacientes com covid-19 nas UTIs dos hospitais públicos seriam transferidos para as unidades de campanha. Os módulos no Autódromo de Brasília e na Escola Parque Anísio Teixeira, em Ceilândia ainda não foram entregues.

Emergência

A vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Bernadete Perez, diz que o “maior risco é morrer sem assistência, sem acesso”. Ela pondera que, no início da pandemia, os estados tiveram de dar uma resposta rápida à crise com a mobilização de leitos, mas que a medida é incompleta e insuficiente para o enfrentamento de uma pandemia. “A gente tem tempo suficiente para conseguir fazer essa organização de serviços de maneira que não tenha, também, um aumento de letalidade entre a população com outras doenças crônicas e agudas que precisam de assistência”, acrescenta.

A enfermeira e professora da Universidade de Brasília (UnB), Fátima Sousa ressalta que a suspensão das cirurgias eletivas em meio à pandemia do novo coronavírus é resultado de erros na gestão da saúde no DF. “Deveríamos ter feito os hospitais de campanha para dar suporte aos hospitais de referência, como o Hran (Hospital Regional da Asa Norte), e deixado os demais funcionando normalmente”, avalia.

A professora diz que a solução de transferir os pacientes com covid-19 para os hospitais de campanha veio tarde, mas é necessária. “Tem que colocar um garrote rapidamente e estancar essa sangria. Tem que organizar, não pode deixar morrer de outras doenças”, declarou.

 

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