Luta trabalhista

Enfermeiros fazem paralisações em protesto por piso salarial

Protestos estão marcados para começarem na quarta-feira (16/6). Enfermeiros reivindicam piso salarial e jornada de trabalho ainda não garantidos por lei

A presidente do SindEnfermeiro-DF, Dayse Amarílio, falou ao Correio Braziliense sobre os apagões e paralisações em postos de vacinação, hospitais e unidades de saúde por melhores condições de trabalho para profissionais da enfermagem, que ocorrem a partir de quarta-feira (16/6) no Brasil.

As mobilizações visam pressionar o governo para a aprovação do Projeto de Lei nº 2564/2020, que determina um piso salarial para enfermeiros, técnicos e assistentes, além de definir uma jornada de 30 horas semanais. Segundo Dayse, desde que a categoria existe, antes mesmo da regulamentação da profissão em 1986, a enfermagem briga por um piso salarial que nunca foi definido.

“Nós não temos um piso salarial garantido por lei. Isso é negociado com patrões por convenções ou acordos coletivos. Há uma grande discrepância no território nacional também em relação às formas de contratação, onde muitas vezes não há segurança garantida”, explica.

Ela também fala sobre a situação da profissão no Brasil: “Hoje, existe uma precarização muito grande em relação ao trabalho da enfermagem, o que coloca em risco não só os trabalhadores, mas toda a população. Em vários estados do Brasil temos enfermeiros que ganham menos que um salário mínimo. Muitos têm que trabalhar em dois, três empregos, em condições inadequadas, para sustentar a família.”

Manifestação do SindEnfermeiros-DF no Dia do Trabalhador (1/5), na Praça dos Três Poderes - Manifestação do SindEnfermeiros-DF no Dia do Trabalhador (1/5), na Praça dos Três Poderes

Dayse afirma que todos os sindicatos de enfermagem do Brasil aprovaram o calendário de mobilizações (confira as ações do DF aqui). O objetivo é, além de pressionar o governo, conscientizar a população: “Queremos dizer aos habitantes que a população não será prejudicada, mas precisamos que estejam do nosso lado nessa hora. Nosso maior objetivo é mostrar que investir na enfermagem é investir na própria sociedade, é investir no SUS para todos”, diz a presidente.

Além disso, ela reforça a necessidade dos protestos: “É importante lembrar que a enfermagem nunca quis e não quer parar. É um absurdo a gente precisar fazer uma mobilização na pandemia por uma luta que nunca parou. Existem projetos tramitando na Câmara há mais de 20 anos. Então achamos um absurdo termos que gastar energia com uma mobilização enquanto já gastamos tanto combatendo a pandemia.”

Desde o início da pandemia, foram 790 enfermeiros mortos em decorrência da covid-19. “Além dos profissionais da linha de frente que perderam suas vidas, somos campeões nas taxas de autoextermínio e de doenças psicossomáticas pós-covid”, afirma Dayse. “Esperamos despertar uma unidade para só pararmos de protestar quando conseguirmos essa aprovação. A gente espera, com essas mobilizações, que a enfermagem comece a ter esperança.”

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