Medicamento

Pacientes com lúpus sofrem por falta de hidroxicloroquina na farmácia de Alto Custo

Medicamento de uso contínuo por esses pacientes está em falta há três meses. Secretaria de Saúde informou que aguarda entrega pelo fornecedor

Thays Martins
postado em 07/07/2021 15:21
 (crédito: Ministério da Saúde/Divulgação)
(crédito: Ministério da Saúde/Divulgação)

Brasilienses que vivem com lúpus estão há três meses sem conseguir retirar a hidroxicloroquina, medicamento necessário para o tratamento da doença, na farmácia de Alto Custo, por falta de estoque. Este é o caso da moradora do Núcleo Bandeirante Vanessa Ayres. Ela conta que, além de não ter o medicamento, nunca é dada uma estimativa de quando o fármaco vai chegar. "É muito complicado. Graças a Deus dou os meus pulos e consigo comprar, e quem tem lúpus e não pode comprar?", questiona Vanessa.

O site da Secretaria de Saúde indica que as três unidades da farmácia de Alto Custo (Asa Sul, Ceilândia e Gama) estão sem o medicamento. A Secretaria de Saúde do DF informou que o pedido de empenho para aquisição do medicamento foi recém publicado e que a pasta aguarda a entrega do remédio pelo fornecedor.

Para piorar a situação, desde julho de 2020 o medicamento só é vendido nas farmácias com retenção da receita. A medida foi tomada para evitar a automedicação, depois que o remédio sumiu das farmácias. O grande aumento das vendas do fármaco ocorreu devido à falsa esperança de que ele poderia prevenir ou tratar a covid-19. A ciência já provou que ele não tem essa utilidade. "Depois da covid, quem tem lúpus está sofrendo muito, pois, primeiro, aconteceu de faltar remédio, pois todo mundo comprou e agora só com receita e não dá para toda hora pegar receita no medico", lamenta Vanessa.

A hidroxicloroquina e a cloroquina são remédios amplamente utilizados no tratamento das doenças reumáticas, como o lúpus. "Lúpus é uma doença que mata se não for cuidada a tempo. Daí, imagina: existem pacientes que ficam num estágio tão grave que ficam de quatro a seis meses internados. E uma internação é muito cara e perigosa. Tomando esse remédio certinho, as chances de internar são zero", explica Vanessa.

O uso da cloroquina para tratamento da covid-19 é um dos temas da CPI da Covid que investiga se houve omissão do governo federal no enfrentamento à doença. O Exército chegou a gastar pelo menos R$ 1,1 milhão na fabricação de três milhões de doses do medicamento.

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