Economia

Índice de desemprego no DF é menor do que o registrado antes da pandemia

Pesquisa mostra que, em junho deste ano, a taxa de trabalhadores buscando colocação no mercado foi de 18,7%, contra 19,8%, em abril de 2019. Mesmo com a melhora no índice, há 308 mil pessoas ativas no DF à procura de emprego

Ana Isabel Mansur
postado em 28/07/2021 06:00
Reabertura de postos de trabalho é efeito da recuperação do setor privado -  (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
Reabertura de postos de trabalho é efeito da recuperação do setor privado - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

Após altas consecutivas, seguidas por relativa estabilidade, o índice de desemprego no Distrito Federal está em queda. O percentual passou de 19,4%, em maio, para 18,7%, no mês seguinte. O número referente a junho é resultado da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), elaborada pela Companhia de Planejamento do DF (Codeplan) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O documento foi divulgado nessa terça-feira (27/7).

O número de desempregados diminuiu em 12 mil em um mês, mas 308 mil brasilienses continuam sem trabalho. Em junho de 2020, o índice de desemprego chegou a 21,6%. O último resultado, de 18,7%, também é inferior ao observado em abril de 2019, período anterior à pandemia da covid-19, quando a taxa ficou em 19,8%.

Diretora de Estudos e Pesquisas Econômicas da Codeplan, Jahns Schlabitz avalia que o crescimento do setor privado impactou na reabertura dos postos de trabalho fechados durante a emergência sanitária. “Houve aumento em praticamente todos os segmentos (privados), com destaque para o nível de ocupação no setor de serviços. Há queda real nos rendimentos, tanto pela reposição com salários menores quanto pela alta da inflação. Existe uma recuperação, mas o poder de compra não tem acompanhado”, pondera a diretora.

Retomada

Lúcia Garcia, economista do Dieese, acredita que o crescimento no número de profissionais autônomos aponta para uma movimentação de renda e emprego em consonância ao contexto atual. “Esse movimento está alinhado à reforma trabalhista e às novas configurações do mercado, expondo a queda, também em nível nacional, do assalariamento, que, agora, se ameniza. Mas o crescimento dos trabalhadores autônomos ainda é muito forte e contínuo. Não estamos em um padrão consolidado”, defende Lúcia.

Apesar da redução do número de pessoas sem trabalho, Lúcia Garcia destaca a diminuição na renda dos ocupados. “Estamos gerando mais empregos, depois de um período muito duro, mas com menor renda, o que significa que estamos lidando com uma nova realidade econômica. Nosso papel é analisar esse universo e os caminhos que a economia do DF vai tomar, para reagir e transformar nosso espaço econômico. Temos boas notícias e uma agenda de trabalho pela frente para entender essas transformações”, descreve.

Periferia

A pesquisa também apresentou os dados da chamada Periferia Metropolitana de Brasília (PMB), formada por 12 municípios goianos adjacentes ao DF, com alto grau de dependência da capital federal. Em junho, houve queda no índice de desemprego na região em relação ao mês anterior: de 23,1% para 22,7%. O número de pessoas sem trabalho na PMB, no mês passado, estava em 146 mil, 2% menor do que em maio.

Na PMB, o setor de comércio e reparação registrou diminuição de 1,8% de postos de trabalho, enquanto a construção teve crescimento de 1,6% e o segmento de serviços aumentou 0,7%. Entre maio e junho, a quantidade de assalariados no setor privado com carteira assinada caiu de 220 mil pessoas para 212 mil. O número de profissionais sem carteira passou de 51 mil para 50 mil. Os servidores públicos também tiveram leve redução — de 44 mil para 45 mil. O maior crescimento foi observado entre os trabalhadores autônomos, que passaram de 99 mil para 105 mil pessoas.

Uéslei Araújo, 43 anos, integra esse grupo. Há três meses, o morador de Planaltina de Goiás, um dos municípios da PMB, tem conseguido apenas trabalhos informais. Em junho, ele estendeu uma faixa pedindo emprego na W3 Sul e Norte por algumas semanas. “Estava fazendo bicos. Tinha entregado vários currículos, e nada. Aí, tive a ideia da faixa”, conta Uéslei, que busca oportunidade na parte de serviços gerais.


Conjuntura

Cenário no DF em junho de 2021
População em idade ativa (14 anos): 2.527.000
População Economicamente Ativa: 1.644.000
Ocupados: 1.336.000
Desempregados: 308.000

Rendimentos médios no DF em maio de 2021
Colaboradores do setor privado: R$ 2.223
Profissionais assalariados: R$ 3.812
Funcionários públicos: R$ 8.568
Trabalhadores autônomos: R$ 1.956

Fonte: PED/junho de 2021


Ajude

Uéslei Araújo busca oportunidades em serviços gerais (61) 9 9561-7072

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