PANDEMIA

Depois de recuperados da covid-19, papais celebram o Dia dos Pais em casa

Preocupações quanto à saúde dos entes queridos devido à crise provocada pelo novo coronavírus fez com que famílias mudassem o roteiro de comemorações

Rafaela Martins
Ádamo Araújo - Especial para ao CorrieoEspecial para o Correio
postado em 09/08/2021 06:00 / atualizado em 12/08/2021 15:22
 (crédito: Adamo Dan/CB/D.A Press)
(crédito: Adamo Dan/CB/D.A Press)

Restaurantes e shoppings frequentados em anos passados ficaram, em 2021, fora do roteiro na casa dos empresários digitais Saahdah Caio, de 41 anos, e Isa Trevisolo, 31. Moradores de condomínio na Ponte Alta Norte, próximo ao Gama; o casal preferiu passar o Dia dos Pais em família e em casa. A principal preocupação não tinha como ser diferente: o risco de contaminação pela covid-19.

“Eu tive essa doença e fiquei muito ruim. Cheguei a pensar que morreria”, relembra Saahdah. “A partir do momento que recebi o diagnóstico, eu me desesperei. Eu precisava da minha família e eles precisavam de mim”, disse o empresário, que é pai de sete filhos, sendo o mais velho com 18 anos. “Neste ano, não quisemos arriscar: foi churrasco, Sol, piscina e muito amor, mas tudo em casa”, finaliza.

De acordo com a esposa Isa, Dia dos Pais significa um recomeço a partir de agora. “Ele é meu marido, pai dos meus filhos, meu amigo e minha base”, descreve a gestora de mídias sociais. “Vamos ficar mais um tempo sem nos aglomerarmos em eventos maiores. Não custa nada esperar”, enfatiza, ao ressaltar que ambos tomaram somente a primeira dose da vacina imunizante contra o coronavírus.

Outro que preferiu aproveitar a data com o filho de 11 anos foi o bombeiro civil Adair Santana, 37. Após passar pelo trauma da doença há menos de um mês, o morador do Cruzeiro enfatiza que sempre teve fé que daria tudo certo. “Mas, mesmo assim, eu tive muito medo. Não apenas de não ver mais meu filho, mas de deixar minha mãe e meu irmão, que dependem integralmente de mim, desamparados”, relatou, com a voz embargada, o profissional de segurança.

Apesar de lidar diretamente com o público na profissão, Adair fez o possível para se prevenir do contágio. “Não tenho como dizer onde peguei, mas tomei todos os cuidados e precauções e mesmo assim, fui infectado”, frisou. “Como tomei apenas uma dose, não acredito que seja a hora de ir para restaurantes, bares ou festas maiores nesse momento. A hora é de me cuidar e cuidar da minha família”, finalizou.

Pai de três filhos, o professor de educação física Diley Angelo, 42, ainda se recupera da doença que comprometeu 25% de seus pulmões e o deixou 30 dias internado, sendo 11 na UTI e nove intubado. “Esse parece ser o primeiro Dia dos Pais da minha vida. Não há palavras para descrever como é importante estar vivo e com minha família”, contou.

“Precisamos conviver com outras pessoas, mas optamos por redobrar as medidas de segurança, pois ainda estou em processo de recuperação e a covid-19 trouxe para minha vida ansiedade e pânico”, descreve o personal trainer que chegou a perder 15 quilos e precisou fazer fisioterapia para reaprender a andar.

No entanto, apesar de a taxa de contaminação apresentar elevação, ao longo do domingo, a movimentação no comércio foi grande. Os principais shoppings do Distrito Federal tiveram um intenso fluxo de visitantes, seja para um passeio de fim de semana, seja para comprar o presente para o pai. Como é o caso de Larissa Peres, 28.

A estudante esteve em um centro comercial próximo ao Guará pouco antes do horário do almoço. “A semana foi corrida e não tive tempo, mas vou levar algo com muito amor e carinho para não passar em branco”, contou a jovem, enquanto percorria a sessão de camisas em uma das lojas de departamento do local.

Faturamento

Apesar de muitas famílias terem optado por permanecer em casa, comerciantes comemoraram o movimento do Dia dos Pais. Bares, restaurantes e similares, por exemplo, cravaram 40% de aumento ao longo do domingo. “Aliado à data especial, está a retomada do setor. Desde julho, ocorreu incremento nas vendas e a tendência é seguir subindo. Os empresários se prepararam tanto para o atendimento presencial quanto para as entregas via delivery”, explicou o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-DF), Beto Pinheiro.

Para a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), a primeira data comemorativa do segundo semestre veio com boas expectativas. Pesquisa revelou que 60,67% das pessoas entrevistadas compraram um presente. No ano passado, auge da pandemia, esse índice chegou a 55,91%. O valor médio de compra para os consumidores também teve um acréscimo. Passou de R$ 116,12 para R$ 128,58, variação de +10,7%.

“Ocorreu esse aumento na intenção de compras por parte dos consumidores, em relação ao ano passado. Isso nos permite focar em ações específicas, como planejar promoções e garantir produtos em estoque”, avaliou o presidente da Fecomércio-DF, José Aparecido Freire.

Em nível nacional, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estimou o volume de vendas de R$ 6,03 bilhões para o Dia dos Pais deste ano. O número é o maior faturamento desde 2018, com alta de 13,9% em comparação com a mesma data do ano passado.

Quarta data comemorativa mais importante para o comércio brasileiro, segundo o economista sênior da CNC, Fabio Bentes, o Dia dos Pais de 2020 foi o pior em 13 anos. “Os pais deram mais sorte que as mães neste momento, pegando a economia um pouco mais favorável, embora a questão do preço e do crédito mais caro sejam uma certa âncora para um crescimento um pouco menor do que poderia ser se a inflação não estivesse alta. A recuperação seria bem mais rápida”, disse Bentes.


40%
de aumento no movimento de bares e restaurantes durante o domingo

R$128
valor médio dos presentes no Dia dos Pais

 

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

1.481.659 vacinados

O Distrito Federal vacinou 1.413 pessoas com a primeira dose (D1) contra a covid-19, e 654, com a segunda (D2), ontem. No total, há 1.481.659 imunizados com, ao menos, uma aplicação — o que corresponde a 50,29% da população brasiliense —; 589.143 recebeu o reforço; e 53.421, a dose única, da Janssen. Segundo Codeplan há 3.052.546 pessoas na capital do país.

A imunização contra a covid-19 de pessoas com 25 anos ou mais terá início amanhã. A informação foi divulgada pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) semana passada. Ao todo, no fim de semana, o DF recebeu 214.770 doses de vacinas contra covid-19.

O DF ultrapassou 455 mil casos confirmados de covid-19, sendo que 438.660 pacientes estão recuperados (96,4%). Ontem, a capital registrou 321 infecção. A pasta registrou sete mortes pela doença, totalizando 9.723. A taxa de transmissão da covid-19 ficou em 1,05 — 100 pessoas passam o vírus para outras 105.

A rede pública de saúde dispõe de 197 leitos para cuidados intensivos da covid-19. Desses, 97 estão ocupados; 74, vagos; e 26, bloqueados. A taxa de ocupação é de 56.73%. Na rede privada, as taxas estão mais altas. Para atender aos adultos, restam 50 vagas, com isso, o índice de ocupação dos leitos está em 75.38%. A rede privada mobilizou 265 leitos exclusivos para pacientes infectados pelo novo coronavírus. Desses, 147 estão em atendimento; e 68, bloqueados.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação