SAÚDE

Chegada das chuvas eleva risco de casos da dengue; confira cuidados necessários

Neste ano, registros da doença estão em queda na comparação com mesmo período de 2020, mas início da fase de chuvas no Distrito Federal pode elevar número de casos, devido ao acúmulo de água em criadouros do Aedes aegypti

Ana Isabel Mansur
postado em 28/09/2021 06:00
 (crédito: LUIS ROBAYO/AFP)
(crédito: LUIS ROBAYO/AFP)

Apesar do alívio que o início do período chuvoso trouxe aos brasilienses, é preciso se atentar a um problema intensificado pela nova fase meteorológica: o aumento dos casos de dengue. Do próximo mês até maio, com mais precipitações previstas, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) espera um crescimento dos registros da doença, que tem caráter sazonal. Nesse intervalo, os cuidados devem ser redobrados, com atenção especial a possíveis depósitos de água em pneus, garrafas e outros recipientes capazes de se tornar focos de proliferação para o mosquito Aedes aegypti.

Neste ano, na comparação com 2020, a pasta verificou queda nos casos da doença. O mais recente boletim epidemiológico da SES-DF, divulgado no sábado, mostrou redução de 72,7% nos registros prováveis de dengue (leia Classificação), em relação a igual período do ano passado. À exceção de Planaltina, que observou crescimento de 28,3% nas notificações, todas as cidades apresentaram queda nos números da dengue. A Região Norte de Saúde — formada por Sobradinho 1, Sobradinho 2 e Fercal — teve a menor redução entre as sete consideradas (leia Regiões administrativas).

Para Bergmann Ribeiro, professor do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília (ICB/UnB), a redução dos registros pode ter ligação com uma possível falta de acompanhamento dos casos. “A dengue é sazonal, e não se sabe explicar muito bem o porquê das variações de um ano para outro. Mas, durante a pandemia, é possível que a explicação esteja na subnotificação. As pessoas não foram aos hospitais, não fizeram exames nem se preocuparam com a doença. Além disso, as unidades de saúde estavam — e estão — focadas no combate à covid-19. Muitas pessoas podem não ter procurado atendimento e, talvez, quem procurou não encontrou”, ponderou.

A Secretaria de Saúde destacou que a rotina de cuidados e de combate ao mosquito se mantém durante todo o ano, com ações que vão desde o tratamento de focos, com inseticidas e larvicidas, ao bloqueio deles, com aplicação desses produtos em territórios específicos e a realização de visitas domiciliares. “O trabalho da Vigilância Ambiental ocorre em conjunto com o da Vigilância Epidemiológica, e vários (outros) órgãos do GDF trabalham nas ações contra a dengue. Estão envolvidas as secretarias das Cidades, de Agricultura, Educação, Comunicação, a Casa Civil, o Serviço de Limpeza Urbana, a DF Legal, o Corpo de Bombeiros, as administrações regionais, entre outras”, informou a pasta, em nota.

O texto reforça a importância de a população receber os agentes de saúde, mas identificá-los antes, para evitar golpes. Eles visitam as residências com crachá funcional e devidamente uniformizados. Em relação à subida de casos na Região Norte de Saúde, Renata Mercez, diretora de Atenção Primária nessa área, explicou que a quantidade de territórios rurais tem relação com as notificações.

“Temos a maior área rural do DF. E fazemos ações em alguns locais em relação ao acúmulo de lixo nas margens das estradas e em terrenos. Nesses locais, há rios, cachoeiras e matas fechadas, e a população guarda água em galões. A atenção precisa ser próxima. Por isso, a vigilância ambiental visita, passa orientações quanto à proteção de caixas d’água com telas. Temos intensificado, de janeiro para cá, as ações de recolhimento de resíduos, as visitações, as orientações por rádio e a limpeza de calhas. Esperamos que todas essas medidas prévias à chuva segurem o (possível) aumento de casos”, comentou a gestora.

Classificação

Casos prováveis são registros de dengue notificados pelas autoridades sanitárias, excluídos aqueles descartados por meio de diagnóstico laboratorial negativo ou com confirmação para outras doenças. A nomenclatura é usada pelo Ministério da Saúde desde 2016, bem como por secretarias municipais e estaduais.

Casos de dengue no Distrito Federal, de 1º de janeiro a 23 de setembro de 2021 — com variação comparada ao mesmo período de 2020
Casos de dengue no Distrito Federal, de 1º de janeiro a 23 de setembro de 2021 — com variação comparada ao mesmo período de 2020 (foto: Editoria de Arte/CB)

Registros*

Notificações — 2020 / 2021

Casos prováveis — 44.759 / 12.240
Casos graves — 70 / 10
Mortes — 43 / 10

*De 1º de janeiro a 23 de setembro

Fonte: SES-DF

Ações preventivas

Cuidados para evitar a proliferação de focos da dengue

  • Mantenha as garrafas com a boca virada para baixo;
  • Remova folhas, galhos e tudo que possa entupir calhas;
  • Encha os pratinhos de vasos de plantas com areia até a borda;
  • Não deixe água acumulada em folhas secas e tampas de garrafas;
  • Mantenha a caixa d’água bem fechada e coloque tela no “ladrão”;
  • Limpe a bandeja do ar-condicionado, para evitar acúmulo de água;
  • Mantenha ralos fechados ou coloque uma tela para impedir a entrada do mosquito;
  • Coloque o lixo em sacos plásticos e mantenha-os fora do alcance de animais e em lixeiras bem fechadas.

 

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