SANGUE

Hemocentro precisa de doações de todos os tipos sanguíneos; saiba como doar

Sangue O positivo e O negativo estão com níveis críticos no banco, enquanto que o tipo B negativo está abaixo do recomendado

Júlia Eleutério
postado em 02/10/2021 06:00
A estudante Maria Alice é doadora desde os 16 anos e incentiva os familiares e amigos a ajudar o próximo -  (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)
A estudante Maria Alice é doadora desde os 16 anos e incentiva os familiares e amigos a ajudar o próximo - (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)

Doar sangue é uma ato de solidariedade e compaixão que ajuda a salvar milhares de vidas. No DF, cerca de cinco mil transfusões de sangue são realizadas por mês. Somente no 1º semestre deste ano, foram 36.630 procedimentos, enquanto que, no mesmo período no ano passado, foram 34.357. A Fundação Hemocentro de Brasília (FHB) registra uma média, até setembro deste ano, de 164 doações por dia. No entanto, alguns tipos sanguíneos estão com níveis baixos e precisando de abastecimento do estoque.

Pensando em ajudar quem precisa, assim que completou 16 anos e pôde ser doadora, a estudante Maria Alice Silva procurou o Hemocentro. A jovem, agora com 17 anos, conta que continua sendo voluntária e incentiva os familiares e amigos a ajudar o próximo. “Se a gente tem e pode doar, não custa nada vir. Tem muita gente que precisa, às vezes pode ser um familiar meu necessitando de sangue”, ressalta. Moradora da Asa Norte, ela recorda que teve medo de sentir dor durante o procedimento, mas que no fim não teve problemas. “Dói mais fazer o furo no dedo para o teste de glicemia na triagem do que doar. É bem tranquilo”, complementa.

Morador de Águas Lindas (GO), o eletricista Evilásio Veloso, 55 anos, é doador há 35 anos. “A primeira vez que doei sangue foi em 1986. Desde então, não parei. Meu maior incentivo para continuar vindo é saber que estou ajudando o próximo de alguma forma”, conta.

Este é o último ano que a aposentada Sulimar Cavalcanti, 69, poderá ser doadora de sangue. Moradora do Paranoá, ela recorda que começou a frequentar o Hemocentro há oito anos. “Doar é ser útil. Meu sangue pode salvar vidas. Nunca precisei, por isso, dou para ajudar quem precisa”, destaca. Ela recorda que sempre se sentiu bem e confortável durante o procedimento. “Na primeira vez que eu vim, achei muito legal. Eles tratam a gente superbem e ainda dão um lanche depois. Quer dizer, você vem doar sangue e ainda é gratificado”, ressalta Sulimar.

Essa corrente de ajuda ao próximo possibilitou que Kelson de Miranda Santana, 28, alcançasse a cura e pudesse viver. O gestor de marketing e criador de conteúdo necessitou de diversas transfusões de sangue após um transplante de medula, devido a uma leucemia mielóide crônica descoberta aos 12 anos. “Precisei de transfusões no meu pós-transplante. Foram doações tanto de sangue quanto de plaquetas para minha recuperação. Graças a Deus, hoje estou totalmente curado e sem câncer”, recorda o jovem.

Morador de Ceilândia Norte, Kelson conta que foi diagnosticado logo no início da doença, mas teve que fazer o tratamento com quimioterapia e medicamentos até completar 26 anos, quando fez o transplante de medula e recebeu as doações de sangue. “Eu não tive dificuldade em encontrar doadores, porém fiz campanhas para que seguidores, amigos e familiares doassem”, destaca.

Ao descobrir a doença muito novo, o gestor de marketing não teve a oportunidade de se tornar doador de sangue, mas ele ressalta que graças aos doadores pôde viver e contar sua história. “É um ato de heroísmo. É uma sensação de recomeçar e é uma luta. Por causa da solidariedade pude viver de novo”, reflete.

Estoques

De acordo com a FHB, os tipos sanguíneos O positivo e O negativo estão com níveis críticos no estoque, enquanto que o tipo B negativo está abaixo do recomendado. AB negativo, AB positivo, A positivo, A negativo e B positivo estão com quantidade regular ou adequada, mas isso não exclui a necessidade de mantê-los abastecidos com doações. Em nota, a fundação destaca que “opera com um estoque estratégico, que pode abastecer toda a rede pública do DF e hospitais conveniados de dois a sete dias, dependendo do hemocomponente (hemácia, plasma ou plaqueta)”.

Adultos com idade entre 18 e 29 anos são os que mais doam sangue no DF (41%), seguido por pessoas com idade entre 30 e 39 anos (28%), de acordo com dados da FHB. Preocupada em ajudar o próximo, a professora Daiana Camilla, 34, conta que também é doadora de medula óssea e procura ir regularmente ao Hemocentro. “Eu quis doar sangue desde que comecei a entender a importância do ato, ainda na pré-adolescência. Após a primeira doação, aos 18 anos, fui com muita frequência”, conta.

A gerente de hemoterapia do Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (ICDF), Melina Manrique, explica que cada doação pode salvar a vida de até quatro pessoas, e que, atualmente, apenas 1,8% da população brasileira doa sangue. “Precisamos aumentar essa porcentagem. São milhares de pessoas que precisam de sangue diariamente: pacientes que são submetidos a cirurgias de grande porte, transplantados e crianças com doenças hematológicas”, cita. “A doação de sangue não traz risco algum ao doador. Seja um herói, salve vidas”, incentiva Melina.

Vale ressaltar que existe um intervalo de tempo necessário entre as doações. A mulher pode doar até três vezes em um período de 12 meses, com uma janela mínima de 90 dias entre as doações. Já o homem, pode doar até quatro vezes em um período de 12 meses, com intervalo mínimo de 60 dias entre as doações. Além disso, algumas condições são exigidas para que o candidato esteja apto a doar, como questões relacionadas a cirurgias, comportamento sexual, doenças, exames, medicamentos e procedimentos estéticos e odontológicos. Para saber mais se pode ou não ser doador, acesse www.hemocentro.df.gov.br.

Agendamento

Para evitar aglomerações no período da pandemia, os doadores precisam agendar o atendimento por meio do site agenda.df.gov.br, ou pelo telefone 160, opção 2, ou 0800 644 0160. Agendamento de grupos é feito pelos telefones 3327-4413 ou 3327-4447. A fundação destaca que, para doar sangue, é necessário ter entre 16 e 69 anos, pesar mais de 51 kg e estar saudável. Quem passou por cirurgia, exame endoscópico ou adoeceu recentemente deve consultar o site do Hemocentro para saber se está apto a doar sangue.

Em relação a doar após se vacinar, a FHB indica aguardar um período de dois dias após a aplicação da Coronavac (Sinovac/Butantan). Para as vacinas das fabricantes AstraZeneca/Fiocruz, Pfizer/BioNTech e Janssen, o doador fica impedido de doar por sete dias após cada dose.

 

 

 

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Não ingerir bebida alcoólica nas 12 horas anteriores à doação
Não fumar duas horas antes da doação

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