PREVENÇÃO

Saiba como identificar risco de desabamento e sinais de perigo em edificações

De acordo com especialistas, prédios ou casas apresentam "sintomas" de que precisam passar por reparos e até mesmo que estão prestes a ruir

Talita de Souza
postado em 07/01/2022 20:25
 (crédito:  Minervino Júnior/CB)
(crédito: Minervino Júnior/CB)

O desabamento parcial de um prédio na QSE 20, em Taguatinga Sul, na tarde da última quinta-feira (6/1) revelou os riscos que edificações construídas irregularmente — ou sem manutenção — podem oferecer aos moradores. A construção, que não tinha o certificado de conformidade com as regras do DF — o Habite-se —, poderia colocar um ponto final na história de mais de 100 pessoas que moravam no local sem aviso prévio. No entanto, foi uma funcionária da loja vizinha que percebeu os sinais de perigo e alertou o Corpo de Bombeiros, que esvaziou o prédio antes do acidente.

Grandes rachaduras, queda de reboco das paredes e envergaduras nas portas e janelas foram alguns sinais percebidos por Maria Luzineide Baragchun, que alertou sobre a situação. De acordo com o perito em inspeção predial, Dickran Berberian, esses foram os últimos “avisos” do prédio de que a estrutura não iria mais aguentar ficar de pé.

“Desde o nascimento até a morte de uma edificação, quase todas apresentam manifestações patológicas. O rompimento do concreto e o consequente rompimento do aço aumentam o fator risco para praticamente 10, quando está prestes a cair, mas há outros sinais que podem ser observados bem antes”, pontua Dickran.

Veja abaixo as duas fases de risco que podem levar uma edificação ao chão:

Sinais de alerta

Dickran Berberian afirma que os primeiros problemas em uma construção começam por pequenas fissuras, geralmente são mais finas do que “um grafite de lapiseira 0.3”. “Elas evoluem um pouco e já podem significar que é hora de verificar se a estrutura não está sobrecarregada ou se há um vazamento de água”, cita.

Se não tratadas, as fissuras podem se transformar em trincas ou rachaduras, que ainda podem ser remediadas, de acordo com a necessidade. Outro sinal de alerta, apontado pelo coronel Rossano, da Defesa Civil do DF, é o aparecimento de infiltração com manchas marrom avermelhadas. “Portas e janelas emperrando também são sinais de que a estrutura está cedendo”, explica o agente.

Sinais de estágio terminal

O “fim da vida” de uma edificação passa por pelo menos três estágios, de acordo com Dickran Berberian. A partir do primeiro, é recomendado que a pessoa deixe o local imediatamente e acione o Corpo de Bombeiros. “A quebra de vidros de janelas e portas é o primeiro estágio. Geralmente, o vidraceiro deixa um espaço de folga entre o vidro e o local em que é instalado e quando há a quebra dele, é porque eles estão sofrendo pressão da estrutura que está se movendo”, explica o perito.

“Em seguida, quebram-se os gessos e as rachaduras se tornam maiores. É nesse momento que existe um vetor psicológico do morador que já passa a ter pesadelos de que a estrutura irá cair”, conta. Por último, o concreto passa a cair e o desabamento é esperado.

“Rachaduras transversais e transpassantes, aquelas que eu vejo o outro lado da parede, e estalos são sinais bem importantes de que a ruína pode ocorrer”, acrescenta o coronel Rossano.

Os estalos podem, inclusive, mudar a frequência de acordo com a gravidade da situação. Podem vir dos vidros, gessos, das paredes e até mesmo do aço da estrutura e devem ser levados a sério pelos moradores do local.

Ao identificar esses sinais é preciso deixar o local e acionar ajuda. “Pode ligar para o Corpo de Bombeiros ou para a Defesa Civil, estaremos juntos para atender a ocorrência”, afirma Coronel Rossano.

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