Pandemia

"Vai ser posto em prática de acordo com as necessidades", diz Pafiadache, sobre UTIs

Alta ocupação da rede pública fez com que Executivo local determinasse a mobilização de vagas em unidades de tratamento intensivo para pacientes com covid-19. Taxa de transmissão do vírus está em 2,09. Domingo (16/1), começa a vacinação de crianças

Samara Schwingel
Pablo Giovanni*
postado em 15/01/2022 06:00
 (crédito: Joel Rodrigues/ Agência Brasília)
(crédito: Joel Rodrigues/ Agência Brasília)

O Distrito Federal voltou a registrar alta ocupação de unidades de terapia intensiva (UTIs). Nessa sexta-feira (14/1), por volta das 16h30, a rede pública operava com 85,29% da lotação e cinco leitos vagos, dos 65. Diante dessa situação, o Executivo local determinou que a Secretaria de Saúde trabalhasse para abrir e mobilizar UTIs a fim de evitar uma superlotação (veja quadro). Dez leitos foram abertos e mais 10 serão mobilizados em 19 de janeiro. A capacidade máxima da rede pública é de 217 vagas, mas a Saúde prevê que a demanda não passe de 100.

Segundo o secretário de Saúde, Manoel Pafiadache, o plano é elaborado desde 16 de dezembro de 2021. "Vai ser posto em prática de acordo com as necessidades", disse, em coletiva realizada na sexta-feira na sede da pasta. Para a rede particular, o plano prevê a abertura de até 133 leitos de UTI de contratos já existentes. O documento fala sobre a mobilização de leitos de unidade semi-intensiva (UCI) e de enfermaria, também, para o tratamento de pacientes infectados com o novo coronavírus. O governador em exercício, Paco Britto (Avante), afirmou que a estratégia foi desenvolvida em conjunto com o governador Ibaneis Rocha (MDB), que segue de férias em Miami.

pri-1501-LEITOS_UTI.jpg
pri-1501-LEITOS_UTI.jpg (foto: Lucas Pacifico)

Secretário-adjunto da Saúde, Fernando Erick Damasceno explicou que o plano visa prevenir a desassistência e a superlotação das unidades de saúde. "Essas fases de conversão de leitos para UTI-Covid são acompanhadas de outras ações. As etapas só entrarão em ação caso haja demanda por parte da população. Na pior fase da pandemia, chegamos a precisar de 500 leitos, mas, segundo nossa previsão, durante este período atual, não devemos precisar de mais de 100", avaliou.

De acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde, a capital federal registrou 2.898 novos casos e uma morte entre quinta (13/1) e sexta-feira. O total é de 541.252 infecções e 11.126 óbitos em decorrência de covid-19. Com as atualizações, a média móvel de ocorrências chegou a 3.267,20, o que representa um aumento de 1.650,91% quando comparado com o registro de 14 dias atrás. A mediana de vítimas é de 1,40, uma queda de 46,15% em comparação há duas semanas. A taxa de transmissão está em 2,09, o que indica que um grupo de 100 pessoas transmite a doença para mais 209. Apesar da queda em relação ao dia anterior, o valor está acima do considerado seguro pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 1.

Para a infectologista Joana D'arc Gonçalves, a medida de mobilização de leitos é importante, mas não é preventiva. "Quando não conseguimos achatar a curva, precisamos correr atrás do prejuízo. Esse prejuízo é o aumento de serviços de alta complexidade, em que muitas pessoas vão fazer o uso desses leitos. Esse custo é muito alto, então o ideal é adotar medidas restritivas, as quais pessoas possam cumprir, e ações assim não sejam necessárias", destaca.

Mortes

De acordo com um levantamento da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), o DF contabiliza quatro mortes de crianças até 11 anos por covid-19, desde o início da pandemia. Os dados mostram que as vítimas tinham 5, 7, 8 e 11 anos, com um registro de um óbito para cada idade. Os números aumentam quando são analisados os dados de crianças que morreram em razão de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), em que há 10 óbitos de crianças entre 5 e 11 anos.

O ano passado foi o que registrou o maior número de mortes de crianças por covid-19 — três durante todo o período. Em 2020, houve um registro. Na primeira semana de janeiro de 2022, não foram contabilizados óbitos pelo novo coronavírus de crianças entre 5 e 11 anos, embora os Cartórios de Registro Civil tenham o prazo legal de até 10 dias para enviar os dados ao Portal da Transparência do Registro Civil.

Imunização

Domingo (16/1), começa a vacinação contra a covid-19 para as crianças de 11 anos e das com comorbidades. Serão 11 pontos fixos exclusivos para esse público, com funcionamento das 8h às 17h. Cada ponto terá uma equipe composta por 11 servidores para atenderem, aplicarem as doses e observarem os pacientes por, pelo menos, 20 minutos após o recebimento do imunizante — o protocolo é uma determinação do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a campanha de imunização de crianças.

No momento da vacinação, a criança acompanhada da mãe, do pai ou de um responsável deverá apresentar documento de identidade, certidão de nascimento ou caderneta de vacinação. Haverá, em cada região de saúde, um médico para atuar em casos de Evento Adverso Pós-Vacinação (EAPV) Grave, e as unidades do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência estarão informadas dos pontos de imunização que estarão abertos. Governador em exercício, Paco Britto adiantou que, na próxima quarta-feira (19/1), haverá uma coletiva de imprensa para apresentar o plano de vacinação para o retorno às aulas presenciais na rede pública, marcada para 14 de fevereiro.

Ederis Nunes, 39 anos, mora no PSul e quer ser a primeira da fila, junto ao filho Kalebe Nunes,11. "Estava muito ansiosa para levar ele para vacinar. Não via a hora dessas doses chegarem", comemora. A recepcionista conta que vai acordar o menino cedo, para não correr o risco de ficar sem vacina. "Aqui em casa, somos quatro, e todos pegamos covid-19, mas ficamos assintomáticos. Mesmo assim, não abro mão da vacina", garante.

*Estagiário sob a supervisão de Guilherme Marinho

 

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Três perguntas para

Felipe Teixeira, infectologista pediatra da Maternidade de Brasília

As vacinas atuais disponíveis são seguras?

A vacina que está sendo liberada para ser aplicada em crianças é a da Pfizer. Ela passou por várias fases de testes. Em animais, grupos pequenos de pessoas e em grupos seletos. Já foi testada em crianças e foi liberada para ser aplicada na população geral. E milhares de crianças já tomaram em diversos países. Não há registro de óbitos infantis por causa da vacina, por exemplo.

Uma criança não vacinada traz riscos de infecção por covid-19 para outras pessoas?

Sim. Apesar de a vacina não interromper a transmissão em 100% dos casos, pois a gente sabe que é muito mais eficaz na redução das internações, ela diminui um pouco a transmissão. Então, as crianças que não se imunizarem têm uma chance maior de serem infectadas, terem uma carga viral mais alta e por um período mais prolongado de transmissão e, assim, se tornam potenciais transmissores até para pessoas do grupo de risco.

Crianças doentes podem se vacinar contra a covid-19?

Se a criança apresenta algum quadro agudo de doença com febre, espirros, diarreia a recomendação é que esteja melhor para vacinar. Isso é o ideal. Um quadro leve como casos de coriza não têm contraindicações, podem se vacinar.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação