Pandemia

GDF vai intensificar fiscalização para evitar alta de infecções no carnaval

O governador Ibaneis Rocha (MDB) afirmou que o Distrito Federal terá uma força-tarefa para combater aglomerações e festas para evitar aumento de casos de covid-19. Após as celebrações de fim de ano, em janeiro, houve 104 mil infecções registradas

Rafaela Martins
Arthur de Souza
postado em 22/02/2022 05:54 / atualizado em 22/02/2022 05:55
Vacinação e evitar aglomerações é a melhor forma de se proteger contra a covid-19, segundo especialistas -  (crédito: Claudio Cruz/AFP)
Vacinação e evitar aglomerações é a melhor forma de se proteger contra a covid-19, segundo especialistas - (crédito: Claudio Cruz/AFP)

O Distrito Federal terá uma força-tarefa para fiscalizar eventos e festas durante o período do carnaval. A determinação foi divulgada pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), em agenda no Riacho Fundo, nessa segunda-feira (21/2). O chefe do Executivo local afirmou que a medida tem como objetivo evitar o aumento de casos do novo coronavírus. "Nós temos que trabalhar o máximo possível para que não tenhamos um número maior de contaminação, pois a rede pública de saúde já não aguenta mais tanta pressão. Precisamos cuidar da saúde das pessoas", ressaltou.

"Temos tentado manter a fiscalização e vamos incrementar nesses dias de carnaval, para que possamos ter tranquilidade e que não tenhamos uma elevação nos números da covid-19", disse o governador. Desde o dia 7 de janeiro, Ibaneis havia suspendido a realização de festas e eventos de carnaval, públicos ou privados, no Distrito Federal. Apesar da queda nos números da taxa de transmissão na última semana, o chefe do Palácio do Buriti avalia que é muito cedo para tratar da flexibilização das restrições, devido aos altos números de internações. Em dezembro de 2020, houve o registro de 3.846 infecções registradas. Em janeiro deste ano, as ocorrências de covid-19 no DF saltaram para 104.879.

Informações da Secretaria de Saúde confirmam a preocupação do chefe do Executivo. O número de mortes no Distrito Federal em decorrência da covid-19 voltou a crescer. De acordo com o Boletim Epidemiológico da Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), 18 óbitos foram notificados na segunda-feira. A última vez que a pasta contabilizou tantas vítimas foi em 26 de outubro de 2021. Ao todo, 11.361 mil pessoas perderam a vida por conta da doença desde o início da pandemia na capital do país. O DF registrou, nas últimas 72 horas, 4.469 novos casos positivos da covid-19. Dessa forma, Brasília acumula 675.874 infecções pelo novo coronavírus.

Segurança pública

Em nota ao Correio, a Secretaria de Estado de Proteção da Ordem Urbanística do DF (DF-Legal) informou que, em relação à fiscalização dos eventos e das festas carnavalescas, a coordenação da força-tarefa está a cargo da Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF). "Esta deverá promover a elaboração de um protocolo de operações integradas (POI), disciplinando a atuação dos órgão de fiscalização integrantes da força-tarefa, específico para o período do Carnaval", explicou a pasta.

Caso esteja exercendo atividade vedada pelo decreto ou descumprindo os protocolos sanitários, o estabelecimento poderá ser interditado e terá de pagar multa de R$ 4 mil.

A SSP informou que a elaboração do plano de atuação em conjunto com as forças de segurança e outros órgãos envolvidos para o cumprimento da legislação vigente durante o período de carnaval está em andamento. Segundo a pasta, quando o plano estiver concluído, será amplamente divulgado.

Circulação viral

A taxa de transmissão do novo coronavírus segue em queda, após ter ficado 33 dias acima de 1. O índice baixou para 0,87, nessa segunda feira. O número demonstra que um grupo de 100 pessoas pode infectar outras 87. Quando a taxa está acima de 1, isso confirma que a pandemia está fora de controle. A média móvel de infecções está em 2.770, o que representa uma queda de 58% em relação a 14 dias atrás. Já a mediana de óbitos está em 13 — aumento de 16% na comparação com o cálculo registrada há duas semanas.

Pós-doutor pela Universidade de Brasília (UnB) em ciência do comportamento, Breno Adaid avalia que alguns elementos definem a taxa de contágio de um vírus e, um deles é a interação entre pessoas, quanto maior, mais o vírus circula. "O único mecanismo de controle, além da vacina, é restringir a movimentação, diminuindo as oportunidades de contágio de pessoas entrando em contato com outras", argumenta.

Após as festas de Natal e réveillon, o DF registrou uma explosão de casos. "Descontando as segundas-feiras, quando os números do boletim epidemiológico vinham com o acumulado do final de semana, durante o fim de ano, ficamos com uma média diária superior a 5 mil casos. Ainda que a taxa de mortalidade tenha caído bastante em função da vacinação e que a ômicron seja uma variante mais branda, quando estamos falando de números populacionais grandes, o impacto em mortes é muito grave", alerta Breno.

O especialista destaca que, no período de carnaval, ocorre uma movimentação em massa da população, possibilitando maior contato entre as pessoas. "Em termos de contágio, esse é o pior cenário possível, ainda mais nas festas em locais fechados. Com esse tipo de aglomeração, muito provavelmente, teríamos uma escalada massificada de novos casos decorrentes desses encontros", adianta. "A fórmula é simples: quanto mais movimentação e aglomeração, mais casos e, por consequência, mais mortes", pondera o professor.

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"O pior que a gente pode fazer"

"Festas clandestinas no carnaval significam, simplesmente, promover de maneira ativa aglomerações, em uma crença ou em uma contexto de extrema flexibilidade, do ponto de vista subjetivo, em relação às medidas de barreiras clássicas para evitar uma transmissão da covid-19.

Então, seriam as formas mais expressas de você construir eventos de super espalhamento do vírus, onde nós teríamos uma quantidade enorme de pessoas, por um tempo prolongado e, provavelmente, em locais com pouca ou nenhuma ventilação, e um número de indivíduos que estão ali se expondo voluntariamente sem grande vontade de lidar com medidas de proteção em relaçãoà covid e isso, sem dúvida alguma, representa um enorme risco.

Também, é preciso insistir que a vacinação protege contra casos graves, internações sem consequências e óbitos. Mas o que realmente proteja contra infecção, que é o que se promove nesse tipo de eventos, é uso de máscaras adequadas, o distanciamento, não ficar em aglomerações e a higienização das mãos e superfícies com álcool 70% ou com água de sabão, se for o caso.

Tudo isso fica praticamente impossível de ser feito em uma festa clandestina de carnaval, em que a gente entende que a intenção é, simplesmente, se juntar em uma celebração que é até legítima, do ponto de vista das nossas tradições, porém, no momento de pandemia, é o pior que a gente pode fazer em medida de controle."

José David Urbaez, infectologista do Exame Imagem e Laboratório/Dasa

 

Regras vigentes

>>Festas e eventos de carnaval, públicos ou privados, estão suspensos;

>>Bares e restaurantes podem funcionar normalmente, inclusive com música ao vivo, desde que sem cobrança de ingresso ou de qualquer quantia do público, ainda que revertida em consumação mínima e desde que não tenham espaço para dança;

>> Não há limitação no horário de funcionamento;

>>Festas em casa, sem cobrança de ingresso, não estão inseridas dentre as proibições do decreto.

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