Religião

Quarta-feira de Cinzas é marcada por jejum e orações pela paz no mundo

Na Catedral Metropolitana de Brasília, o Arcebispo Dom Paulo César conduziu a missa das 18h, nessa Quarta-feira de Cinzas. Na Paróquia São José, a homilia destacou o apelo papal pelo fim da guerra na Ucrânia

Ana Maria Pol
postado em 03/03/2022 06:00
Paroquia São José recebeu centenas de fieis na Quarta-feira de Cinzas -  (crédito:  Ed Alves/CB)
Paroquia São José recebeu centenas de fieis na Quarta-feira de Cinzas - (crédito: Ed Alves/CB)

O carnaval acabou e é chegada a hora dos católicos vivenciarem a quaresma, que teve início nesta Quarta-feira de Cinzas (2/3). A celebração começa com a contagem dos 40 dias que precedem a Semana Santa e a Páscoa, quando cristãos dedicam-se à reflexão e à conversão espiritual. O tempo de penitência prioriza o resguardo, a oração e a penitência para lembrar o tempo de Jesus no deserto e o sofrimento que suportou na cruz. Fiéis de todo o Distrito Federal celebraram a data. Na Catedral Metropolitana de Brasília, o Arcebispo Dom Paulo César encerrou a solenidade com uma missa, às 18h.

Em diversas paróquias, apelos pela paz na Ucrânia, seguindo a declaração do papa Francisco, feita em 23 de fevereiro, quando o pontífice definiu que a Quarta-feira de Cinzas seria um dia de jejum e oração pelo fim da guerra. À época, o líder católico pediu "a todos os que têm responsabilidades políticas para que façam um sério exame de consciência diante de Deus, que é um Deus de paz e não de guerra", para que "sejamos irmãos e não inimigos", disse o papa. Para o padre Wilker Ferreira Lima, responsável pelo setor de comunicação da Cúria Metropolitana de Brasília, a convocação papal é uma oportunidade de manter o povo unido em oração. "Há uma passagem bíblica que diz que, quando dois ou mais estiverem reunidos, Deus estará no meio deles. Esse é o intuito do papa Francisco, para que elevemos a Deus as nossas orações por esse povo que está sofrendo, principalmente na Ucrânia", completa.

Padre Wilker explica que o período da quaresma tem o intuito de fazer com que o fiel vá além das vontades pessoais dele. "As cinzas são impostas, com o intuito de fazer a pessoa se despojar, diminuir o foco naquilo que deseja, e fazer com que a espiritualidade cresça", detalha. O sacerdote avalia que, neste ano, a celebração foi ainda mais especial, uma vez que mais gente da comunidade pôde acompanhar a missa presencialmente graças à vacinação. "É uma volta à espiritualidade que muitos de nós perdemos em virtude de tanto sofrimento que a pandemia trouxe. O retorno à casa de Deus é importante. É um lugar que queremos viver com a Palavra em nossos corações. É essa acolhida que Cristo nos oferece durante a quaresma", pontua.

Padre Paulinho, da Paróquia São José, rezou a missa de Quarta-feira de Cinzas para cerca de 500 pessoas
Padre Paulinho, da Paróquia São José, rezou a missa de Quarta-feira de Cinzas para cerca de 500 pessoas (foto: Fotos: Ed Alves/CB/D.A Press)

Na Paróquia São José, no Guará, a celebração começou às 10h e contou com a presença de cerca de 500 fiéis. Durante a homilia, o sacerdote, conhecido como padre Paulinho, comentou sobre a quaresma e a importância do período para os católicos nos tempos atuais. "Deus é bom, Ele nunca é ruim. Tudo que está acontecendo nestes tempos, agora, não é a vontade de Deus, mas, sim, o contrário. É a vontade do homem, que é egoísta e malvado", criticou. O religioso reforçou o pedido do papa Francisco. "Esforcemo-nos para jejuar um pouco mais neste tempo, se desprender do que temos para partilhar, e rezar mais. De maneira especial, pelo fim desta guerra", completa.

Para Aline Lucilia Frota Ribeiro, 37 anos, que acompanhou a solenidade na Paróquia São José, a missa da Quarta-feira de Cinzas é um ritual de "amadurecimento cristão". Isso porque, todo ano, é preciso fazer jejum, penitência e oração, com o intuito de aguardar Semana Santa. "Essa preparação serve para nos unir com os irmãos em guerra na Ucrânia. O objetivo de tudo isso é estarmos em comunhão, intercedendo por cada um deles", diz Aline.

Aline destaca que o período é de "amadurecimento cristão" por meio da penitência, preparando-se para a Semana Santa
Aline destaca que o período é de "amadurecimento cristão" por meio da penitência, preparando-se para a Semana Santa (foto: Ed Alves/CB)

Campanha da fraternidade

Nessa quarta-feira, a Igreja lançou a Campanha da Fraternidade, que marca o início do período quaresmal. Com o tema Fraternidade e educação e o lema Fala com sabedoria, ensina com amor, a temática escolhida para o 2022 busca voltar o olhar das pessoas para a importância do ensino integral e da formação do ser humano. A abertura oficial ocorreu com a divulgação de um vídeo às 10h, com pronunciamentos de membros da presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e convidados.

O casal Edelson Araujo Alves, 33, servidor público, e a pedagoga Luma Maria Araújo Chaves, levou a filha, de 1 ano, para participar da solenidade na Paróquia São José. Para Edelson, o tema da campanha da fraternidade é de fundamental importância e deve ser trabalhado tanto entre os pais católicos quanto entre os de outras religiões e não religiosos. "Minha filha tem 1 ano e, apesar de não estar em idade escolar, tentamos impulsionar a formação integral dela. Sabemos que educação não é apenas na creche ou na escola, mas do berço. Tento passar os valores cristãos, todos os ensinamentos necessários para ela ser uma pessoa capaz de respeitar as diferenças e o próximo", ressalta o servidor.

Edelson Araujo e a mulher, Luma Maria, levaram a filha de 1 ano para a celebração que marca o início da quaresma
Edelson Araujo e a mulher, Luma Maria, levaram a filha de 1 ano para a celebração que marca o início da quaresma (foto: Ed Alves/CB)

Uma das formas que o casal encontrou de educar a filha foi no tempo da quaresma, por meio da caridade. "É um período que busco sempre ajudar o próximo. Quando alguém precisa de ajuda, tento estar sempre de coração aberto para prestar auxílio", diz Ederson. Ele destaca que é preciso abrir mão de pequenas coisas que dão prazer e focar naquilo que realmente importa. "A quaresma é tempo de nos reunirmos com a Igreja e a família, para que, assim, possamos nos preparar melhor para a Páscoa que logo se aproxima", finaliza o fiel.

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