Trânsito

Profissão em perigo: motoboys se arriscam teclando enquanto pilotam

Darcianne Diogo
Eduardo Fernandes*
postado em 14/03/2022 06:00
 Infrações de trânsito cometidas por motociclistas e motoristas nas ruas de Brasília. -  (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
Infrações de trânsito cometidas por motociclistas e motoristas nas ruas de Brasília. - (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

A rapidez e produtividade são marcas registradas dos entregadores de delivery e motoboys espalhados pela capital federal. Mas, alcançar esta meta à qualquer custo gerou prejuízo real para, Francisco Silva, 37. Ele já recebeu diversas penalidades por excesso de velocidade. No ramo há 10 anos, ele conta que o objetivo de ganhar a comissão e cumprir o prazo de entrega com os empregadores é o principal fator que leva à cometer infrações.

“As manobras arriscadas que fazemos são recorrentes. Precisamos trabalhar com eficiência dentro do nosso tempo”, pontua. Francisco conta que, no começo da profissão, teve apenas uma única ocorrência de trânsito, quando uma motorista o fechou e bateu na moto, que acabou danificada.

O especialista em transportes, Artur Morais explica que as três maiores causas de acidentes estão vinculadas: excesso de velocidade, consumo de bebida alcoólica e dirigir usando o celular ao volante. Ele considera primordial a fiscalização ostensiva para que haja uma diminuição nos casos e delitos.

Ele avalia que o comportamento dos condutores que trafegam pelas vias do DF mudará se houver uma maior disseminação de informações sobre as leis de trânsito. “A educação através de campanhas e de ações governamentais, com fiscalização permanente são essenciais”, alerta.

Motoboy há 13 anos, Warley Nery, 39, trabalha em um restaurante no Sudoeste e enfrenta uma árdua rotina como entregador, trabalhando aproximadamente 12 horas por dia. Por causa da necessidade de entregar o pedido em tempo na casa dos clientes, o motoboy confessa que cometeu várias infrações de trânsito e chegou a acumular cerca de 20 multas. “Por diversas vezes, usei o celular, ultrapassei o sinal vermelho e passei no pardal acima da velocidade.”

Warley conta que tem ciência dos riscos causados pelo uso do celular, como os desvios de atenção e as chances de se envolver em acidentes. Apesar de não se orgulhar, a aplicação dessas ações se tornam corriqueiras em decorrência do seu trabalho. Há alguns anos, ele atropelou uma pedestre que atravessava a faixa. “No local, não tinha semáforo. Os pedestres estavam passando, mas eu não tinha visto. Acabei acertando uma menina que passava pela faixa”, diz.

Multado apenas uma vez por dirigir na contramão, o motoboy Dalyson Eduardo, 20, trabalha no plano como entregador de delivery. Ao Correio, confessa que, por diversas vezes, usa o celular no trânsito, para digitar ou conversar em ligação com clientes. “O ideal é não usar o celular durante o percurso pra nada além do GPS. Olhar para todos os lados e não se distrair com celular ao atravessar a pista, mas às vezes usamos para nos comunicar, principalmente em casos de imprevistos”, relata.

*Estagiário sob a supervisão de Layrce de Lima

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