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Moradores de Vicente Pires comemoram proximidade da regularização

Os habitantes de Vicente Pires estão empolgados por acreditarem que será mais fácil negociar as áreas que faltam ser legalizadas após a transferência da União para o GDF. Segundo eles, o diálogo com o governo local é mais rápido e eficiente

Ana Luisa Araujo
postado em 22/03/2022 06:00
Alda e seu filho Yury Maciel, que trabalha com ela na escola -  (crédito: Carlos Vieira/CB/D.A.Press)
Alda e seu filho Yury Maciel, que trabalha com ela na escola - (crédito: Carlos Vieira/CB/D.A.Press)

Vicente Pires existe há mais de 30 anos, no entanto, a história da cidade sempre foi envolta em dificuldades. No novo capítulo dessa narrativa, os moradores da Região Administrativa 30 parecem ter uma esperança mais concreta a respeito da regularização dos terrenos. Na sexta-feira (25.3), está previsto o ato de assinatura da transferência de propriedade das terras da União para a Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap), acordo que possibilitará a regularização de 22 mil lotes em todo o Distrito Federal, sendo mais de 15 mil na R.A. O evento ocorrerá no Palácio do Planalto.

Alda Maria Alves, 66 anos, é proprietária de um colégio na região. A Escola Montesquieu está na ativa há praticamente 24 anos — começou a funcionar em 1999. Ainda hoje, no entanto, há incertezas sobre a propriedade do terreno. Quando questionada pela reportagem do Correio sobre o medo de perder o lote, ela admite que o sentimento é de insegurança.

"Desde 1990, sou proprietária, aqui era uma área só de chácaras, hoje, é uma cidade. Quando iniciei a construção, a Agefis quis derrubar", relata. À época, a proprietária comprou o lote por 10 milhões de cruzados, o que corresponderia a R$ 10 mil.

Era um evento que todos esperavam, segundo Alda. "A expectativa, agora, é a melhor possível. Agora, só há a preocupação se vamos poder vender a área toda", pondera. A diretora administrativa da escola conta que, quando se mudou, o local era totalmente ruralizado, por isso, não era valorizado.

Maria relata que há uma especulação de que só podem ser vendidos 2.500 m², o restante irá para a licitação, caso esse cenário se concretize. "Em contrapartida, regularizando, as pessoas vão ficar mais seguras com o destino que podem dar a esses terrenos", diz.

O pedaço de terra é de extrema importância para a diretora, uma vez que no mesmo terreno da escola fica sua moradia, que divide com os dois filhos, Yury e Gladstone Maciel, 24 e 30 anos, respectivamente. Além disso, a família trabalha junta na escola. Yury, formando de administração, faz estágio na escola, e seu irmão trabalha na parte de TI.

"De 30 anos para cá, a vida se resume a isso. Meu trabalho e minha casa são aqui, não me vejo fora desse lugar", afirma. "Meu desejo é permanecer com a área toda, nas melhores condições possíveis", completa.

Compra da terra

A regularização é ambiental, urbanística e fundiária. Essa é a explicação de Dirsomar Ferreira, 61, presidente da Associação Comunitária de Vicente Pires (Arvips). "Está tudo certo com as primeiras duas partes. Mas a União não consegue vender a terra e passar para o comprador, porque a demanda é muito alta", informa.

"Essa passagem do controle para a Terracap nos alegra", conta. Segundo ele, com o órgão brasiliense será mais fácil negociar, pois o diálogo é mais rápido e eficiente. Os representantes terão também a oportunidade de negociar e conversar diretamente com o presidente da República e o governador do Distrito Federal para definir preços.

Agora, conta Dirsomar, é possível vislumbrar uma solução final com a Terracap, que é terminar os últimos processos técnicos e passar para os proprietários as definições. "A casa é da pessoa, a terra é da União", esclarece.

Ele considera, no entanto, que não será possível para esses proprietários comprarem a terra em 2022. Segundo o presidente da Arvips, não é concebível fazer indicativo de venda esse ano. "Mas nós nos esforçamos para isso", avisa.

Herança

Com alguns parcelamentos de chácaras, Maria Farias, 64 anos, aproveitou para adquirir seu espaço em 1998. Logo foi acionada a associação de moradores, e começou a trabalhar junto com eles para averiguar como seria feita a regularização de uma cidade tão grande. "Essa luta não é de agora", diz.

Maria, que é aposentada, diz que viu a cidade se estruturar. Atualmente, conforme seu relato, o comércio é grande e as moradias cresceram muito. "Buscamos equipamentos necessários para a regularização, bem como posto de saúde, administração regional, delegacia, entre outros", lembra.

Sua maior preocupação era "o dia de amanhã". "Hoje estamos morando bem, mas o dia de amanhã somente a Deus pertence. Temos família, isso aqui ficará como herança. Não sei como seria se não tivéssemos conseguido essa transferência", afirma. Maria sempre pensou em passar a escritura de sua casa para as filhas, e a certeza de que isso de fato ocorrerá se aproxima.

 

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