Religião

Taguaparque volta a reunir em celebração de Pentecostes

Na sua 23ª edição, o maior evento católico da capital, deve contar com um público de mais de 1 milhão de pessoas, entre 3 e 5 de junho, para a benção das velas

Ana Maria Pol
postado em 29/05/2022 06:00 / atualizado em 29/05/2022 10:03
 (crédito: Ana Rayssa/CB/D.A Press)
(crédito: Ana Rayssa/CB/D.A Press)

Louvores, orações e pregações. Foram dois anos de espera até que as medidas restritivas em decorrência da covid-19 fossem reduzidas e os católicos do Distrito Federal pudessem se reunir novamente para os momentos de fé e adoração que acontecem na tradicional Festa de Pentecostes. Na sua 23ª edição, o maior evento católico da capital, deve contar com um público de 1,3 milhão de pessoas, entre 3 e 5 de junho, quando os fiéis se reúnem no Taguaparque, em Taguatinga, para a benção das velas. De acordo com a organização do evento, a expectativa é 30% maior do que a última edição, ocorrida em 2019.

Sob liderança do padre Moacir Anastácio, as celebrações começam hoje, na sede do Centro de Evangelização Renascidos de Pentecostes, no Núcleo Rural Alexandre Gusmão, em Ceilândia, sendo finalizada com o tríduo de Pentecostes e a bênção das velas, no Taguaparque. A expectativa de pessoas que devem comparecer é feita de acordo com a área quadrada do espaço, conforme explica o coordenador geral do evento, Wberthyer Costa de Araújo. "Nos últimos dois anos não tivemos esse evento no Taguaparque, ele aconteceu só pelas redes sociais. E até 2019, ano anterior à pandemia, o evento sempre crescia cerca de 10% por ano. Então, para 2022, esperamos um aumento de 30%", reitera.

Nos últimos dois anos, o coordenador diz que o evento ocorreu de forma reduzida. "Foi diferente porque tínhamos um decreto que proibia a aproximação de pessoas. Então em 2020, vivemos a semana de Pentecostes através das redes sociais, e não houve a benção das velas. Em 2021, ainda estávamos com o decreto, mas organizamos o evento no Centro de Evangelização e cerca de 20 mil pessoas compareceram no local", recorda. Para este ano, a estrutura será a mesma de 2019. "Teremos telas, tendas, sete praças de alimentação, cinco espaços de lojas de artigos religiosos, 14 pontos de vendas de água. E tudo isso já está sendo preparado", reitera.

Ainda segundo Araújo, o evento conta com o apoio do Governo do Distrito Federal na organização. Uma reunião foi feita, há cerca de 15 dias, com órgãos do GDF para alinhar estratégias de segurança e mobilidade, por exemplo. "A limpeza do parque é feita, melhoramento dos estacionamentos, poda de árvores, e cada órgão monta uma estratégia. Contamos, ainda, com a ajuda da Polícia Militar do DF, Polícia Civil,Serviço de Limpeza Urbano, Metrô, Samu, para garantir a organização do evento", garante.

No último domingo, ocorreu o retiro em preparação para a Semana de Pentecostes, com cerca de 1,5 mil voluntários que vão servir na organização do evento. "Temos várias equipes, de alimentação, vendas de artigos religiosos, liturgia, ministros da eucaristia, venda de água. Eles se inscrevem e fazemos um treinamento para mostrar como é o evento e temos um dia de oração e espiritualização", cita.

Momento de devoção

Anualmente, a celebração é encerrada com a benção das velas, momento principal do evento. A cada dia, os fiéis podem levar uma vela, que será abençoada e consagrada à Santíssima Trindade: sexta ao Pai, sábado ao Filho e domingo ao Espírito Santo. As velas, que representam luz e esperança para os momentos difíceis, costumam ser acesas pelos fiéis quando aguardam por algum milagre. Para a dona de casa Leidimar Ferreira, 55 anos, o momento é marcante. Ela conta que a primeira vez que participou da benção das velas foi em 2007 e, de acordo com ela, foi dessa forma que conseguiu a graça tão alcançada.

O testemunho de Leidimar perpassa pela história de sua família. Ela conta que o marido tinha problemas com álcool, o filho não se envolvia com boas pessoas, e a filha sonhava em fazer faculdade, mas a família não tinha condições de pagar pelos estudos. Foi convidada pela cunhada, em 2006, para ir às missas de cura e libertação na Paróquia São Pedro. "Foi lá que ouvi falar sobre a semana de Pentecostes e decidi ir. Quando eu cheguei, sonhava em reestruturar minha família. Meu esposo era alcoólatra, meu filho andava com pessoas que não eram de boa índole. Minha casa estava no chão. Foi quando descobri essa devoção e a bênção das velas", diz.

Agarrada à fé, Leidimar passou a ir, anualmente, abençoar suas velas. Ela conta que a cada momento de dificuldade, em que precisou de ajuda, acendeu uma vela e recebeu uma graça. "Meu esposo abandonou a bebida, meu filho hoje é advogado criminalista, minha filha concluiu a faculdade de educação física. Então, só tenho a agradecer. Tudo que estava desmoronando foi transformado pelas mãos da Trindade Santa", diz. Para a dona de casa, é essa fé que torna o evento de Pentecostes tão especial. "Todos estão ali com um só propósito, à procura de Deus. E quando estamos reunidos, nossa espiritualidade aumenta, parece que recebemos um sopro de vida", completa.

Ao Correio, padre Moacir falou sobre a festa e a devoção às velas de Pentecostes. "A Semana de Pentecostes passou de milhares para milhões de pessoas e essas pessoas têm testemunhado em todos os lugares que na hora extrema da dor, acenderam essas velas e receberam a resposta para seus problemas. Contra fatos não há argumentos. O fato é que esses milhões de pessoas poderão testemunhar que a revelação era verdadeira", pondera. De acordo com o sacerdote, a cada ano, os cristãos tomam consciência da necessidade de viver a espiritualidade de Pentecostes. "Com a Igreja renovada, os fiéis são consolados e tantas vezes curados e libertos e se sentem muito perto de Deus", afirma.

Segundo Moacir, a festa de Pentecostes não é importante só para o Distrito Federal, mas para o Brasil e para o mundo. "Precisamos de um novo Pentecostes que nos tire da dormência, da frieza e do impacto negativo que o mundo nos oferece todos os dias. Este mundo depressivo, de novas doenças, novas guerras e novas desilusões. Pentecostes nos anima a não perder a esperança em um novo mundo, onde haja paz, alegria e justiça para todos", completa. Para os fiéis que pretendem participar do momento, o sacerdote deixa o convite: "Depois de dois anos de tristeza, incerteza, de notícias de mortes e, só de mortes, queremos celebrar a vida que se renova a cada dia na presença de Deus, que é fonte de água viva".

Evento histórico

A festa de Pentecostes em Taguatinga Sul começou em 1999, na Paróquia São Pedro. Em 2000, com o aumento do número de fiéis, foi preciso transferir o evento para o antigo Pistão Park Show; em seguida, para o Parque Leão, no Recanto das Emas; e, finalmente, para o Taguaparque. A cirurgiã-dentista Juliana de Queiroz Miziara, 41 anos, acompanhou o evento ao longo dos anos, e conta que participa da celebração, anualmente, há 23 anos. "Pude ver a evolução e o crescimento da devoção. Começou na Paróquia São Pedro, com apenas os servos, após o padre perceber que após a solenidade da Assunção do Senhor, todos deveriam permanecer em oração até a vinda do Espírito Santo em Pentecostes. No ano seguinte veio a revelação das velas de Pentecostes, uma na sexta, consagrada ao Pai; uma no sábado, consagrada ao Filho e uma no Domingo, consagrada ao Espírito Santo", explica.

De acordo com ela, a tradição e devoção foi passada pela mãe, que era serva na Paróquia São Pedro, local de origem da festa. Atualmente, Juliana também serve no evento. "Eu iniciei a devoção com o objetivo de reavivar a minha fé, de renovar minha esperança em Jesus Cristo, buscando a presença de Deus em minha vida. Participando como fiel, aos poucos percebi que era necessário servir. Eu precisava retribuir tudo que havia recebido", pontua. A servidora conta que serviu durante quatro anos no caixa da praça de alimentação e, no último Pentecostes, em 2019, serviu na liturgia. Depois disso, iniciou a caminhada vocacional para ser membro da Comunidade Renascidos em Pentecostes, colocar em prática o carisma e viver essa espiritualidade.

"Pentecostes é o avivamento da fé católica. É o momento em que nos reunimos em oração na espera da vinda do Espírito Santo. Assim como os discípulos se reuniram após a ascensão de Jesus Cristo, ficaram em oração, estavam assustados, com medo. Mas não perderam a esperança nas palavras de Jesus Cristo", pondera Juliana. Para este ano, a servidora acredita que as pessoas estão sedentas pela graça de Deus. "Verdadeiramente acredito que vamos nos surpreender com a quantidade de pessoas. Apesar de muitos acharem que por estarmos saindo de uma pandemia podemos ter um baixo quantitativo, eu penso o contrário. Todos nós, que estamos aqui hoje, somos milagre. Será o maior Pentecostes de todos os tempos", completa.

» Saiba mais: o que é Pentecostes?

"Pentecostes é uma antiga festa judaica que se celebrava todos os anos para agradecer pela colheita. Acontece 50 dias depois da Ressurreição e oito dias depois da Ascensão do Senhor. As últimas palavras de Jesus Cristo para os Apóstolos é um pedido: "Não vos afasteis de Jerusalém, esperais o cumprimento da promessa, recebereis o Espírito Santo e sereis as minhas testemunhas". É exatamente neste dia que nasceu a Igreja. É de grande importância para todos os cristãos e, principalmente, para os católicos, porque neste dia celebramos o nascimento da Igreja. É um renovar da fé e da esperança, é receber um novo vigor e, principalmente, uma nova efusão no Espírito Santo".

Cronograma

29 de maio (domingo): Abertura da semana de Pentecostes
14h - Rosário
15h - Abertura do evento: história da semana de Pentecostes
16h - Missa de libertação

30 de maio (segunda) a 2 de junho (quinta)
6h30 - Missa
8h às 12 - Adoração
12h às 13h30 - Terço dos Renascidos
13h30 às 15h - Pregação com oração
15h - Missa da Misericórdia
17h - Missa de Nossa Senhora da Primavera
18h- Animação com banda
19h - Missa de Cura e Libertação


3 de junho (sexta): Benção das Velas (Pai) no Taguaparque
8h - Cenáculo
10h30 - Louvor da Comunidade
11h - Animação
12h - Terço da Batalha com oração de Libertação
13h - Pregação
14h - Terço dos Renascidos com oração de cura e libertação
15h - Adoração no palco e missa para servos no Anfiteatro
16h30 - Louvor
17h45 -Animação
18h - Terço de Nossa Senhora da Primavera (pela internet) e preparação para a Santa Missa
19h - Missa de Libertação

4 de junho (sábado): Benção das Velas (Filho) no Taguaparque
8h - Cenáculo
10h30 - Louvor da Comunidade
11h - Animação
12h - Terço da Batalha com oração de Libertação
13h - Pregação
14h - Terço dos Renascidos com oração de cura e libertação
15h - Adoração no palco e missa para servos no Anfiteatro
16h30 - Louvor
17h45 -Animação
18h - Terço de Nossa Senhora da Primavera (pela internet) e preparação para a Santa Missa
19h - Missa de Cura


5 de junho (domingo): Benção das Velas (Espírito Santo) no Taguaparque
8h - Cenáculo
10h - Louvor da Comunidade
11h - Animação
11h30 - Terço da Batalha com oração de Libertação
12h30 - Pregação
13h30 - Terço dos Renascidos com oração de cura e libertação
14h30 - Momento Comunidade - Vocacional
15h30 - Preparação para a Santa Missa
16h - Missa de Libertação

 


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  • 09/06/2019. Credito: Ana Rayssa/CB/D.A. Press. Brasil. Brasilia - DF. ultimo dia da festa de Pentecostes no Taguaparque. Fieis levaram cadeiras para assistir a missa.
    09/06/2019. Credito: Ana Rayssa/CB/D.A. Press. Brasil. Brasilia - DF. ultimo dia da festa de Pentecostes no Taguaparque. Fieis levaram cadeiras para assistir a missa. Foto: Ana Rayssa/CB/D.A Press
  • Juliana Miziara e Leidimar Ferreira: graças concedidas e esperança renovada
    Juliana Miziara e Leidimar Ferreira: graças concedidas e esperança renovada Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
  • O padre Moacir Anastácio é fundador da comunidade
    O padre Moacir Anastácio é fundador da comunidade Foto: Carlos Moura/CB/D.A. Press
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