Meio ambiente

Aumento no número de incêndios em 2022 deixa Brasília em alerta

Neste ano, foram registrados 3.543 chamados para combater chamas em áreas florestais. A maioria dos casos é provocada por ação humana, por vezes, criminosa. Somente em junho, o fogo consumiu 983,82 hectares de cerrado

Júlia Eleutério
postado em 22/07/2022 05:45 / atualizado em 22/07/2022 06:00
Um incêndio de médias proporções atingiu o parque Burle Marx, no Setor Noroeste, na segunda-feira (18/7) -  (crédito: Corpo de Bombeiros do DF)
Um incêndio de médias proporções atingiu o parque Burle Marx, no Setor Noroeste, na segunda-feira (18/7) - (crédito: Corpo de Bombeiros do DF)

Sem chuva há 76 dias, o Distrito Federal registra um aumento no número de ocorrências de incêndios. Nos seis primeiros meses deste ano, o Corpo de Bombeiros do DF (CBMDF) atendeu a 3.543 chamados para combate a chamas na vegetação. No mesmo período de 2021, foram 2.776. Um crescimento de 27%. O período de seca, iniciado com a chegada do inverno em junho, é propício para o alastramento do fogo e requer cuidados da população.

Diretor de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), Pedro Cardoso explica que a maioria dos casos em que o fogo sai de controle acontece devido à queima de lixo, de resto de poda, de terreno e de área para plantio. "Nesta época do ano, todos os incêndios florestais são causados pelo homem. Muitas vezes por imperícia ou imprudência ou porque a pessoa ateou fogo por querer, que são os criminosos", destaca.

Em junho deste ano, os bombeiros foram acionados 621 vezes para combater incêndios no DF. No mesmo mês de 2021, o número foi maior com 1.006 chamados. No entanto, em um comparativo com a área queimada, em 2022, o fogo consumiu 983,82 hectares, enquanto que, no ano anterior, as chamas atingiram 859 hectares.

Pedro ressalta que a população não deve fazer uso do fogo, principalmente de junho a agosto, devido ao risco de causar um grande incêndio e, caso aviste foco de chamas, é preciso chamar o socorro. "A principal atitude é ligar para o 193 imediatamente e acionar o Corpo de Bombeiro, porque, a partir deles, se for dentro de uma unidade de conservação, a gente toma conhecimento também", alerta o diretor do Ibram.

Nesta semana, os bombeiros atenderam a duas ocorrências de queimada em áreas de vegetação. Chamas de médias proporções atingiram o parque Burle Marx, no Noroeste, na segunda-feira (18/7) — sendo controlado no mesmo dia. Ainda na segunda, a corporação combateu um grande incêndio em uma mata próxima à Torre Digital, no Colorado, que havia começado no domingo (17/7).

Prevenção e combate

Pedro Cardoso avalia que a melhor forma de evitar essas ocorrências é a prevenção, por meio de educação ambiental e blitz focada nos incêndios florestais. Em seguida, a contratação de brigada e a manutenção das ferramentas para a instrução dos profissionais. "Neste período, a gente tem que estar com tudo afiado, com os equipamentos em dia, a proteção individual, as ferramentas, as viaturas e as brigadas", enumera Pedro.

O Ibram está com processo seletivo em fase de testes físicos para contratação de seis supervisores de brigada, 24 chefes de brigada e 120 brigadistas combatentes. A contratação dos 150 servidores faz parte do Plano de Prevenção de Combate aos Incêndios Florestais, da Secretaria do Meio Ambiente, para prevenir as chamas em unidades de conservação espalhadas pelo DF. Os profissionais poderão atuar em outras áreas, em parceria com os bombeiros.

Tempo seco

O clima em Brasília está estável, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). "Uma massa de ar predominante no centro do Brasil não favorece a ocorrência de chuvas nos próximos dias", comenta o meteorologista Cleber Souza. O céu fica com poucas nuvens e ocorre a queda da umidade, principalmente, à tarde. A previsão para hoje é de temperatura mínima de 12ºC e máxima de 26ºC, com umidade entre 30% e 80%.

A menor umidade registrada neste ano no DF foi de 23%, em 17 de junho. Até o dia 19, neste mês, o índice mais baixo foi de 26%, observado último fim de semana. "A tendência é cada vez mais essa umidade cair, principalmente em agosto e setembro, que a gente tem aqueles quadros de umidade abaixo de 20%, considerado estado de alerta, podendo chegar ao estado de emergência, que é em torno de 12%", adianta Cleber.

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