Violência contra mulher

Preso autor de feminicídio contra mulher transexual em Ceilândia Norte

Crime ocorreu na madrugada do último sábado (30/7), após uma festa na Praça da Bíblia, na QNP 19, em Ceilândia Norte. O autor foi preso pela Polícia Civil do DF nesta terça-feira (2/8)

Correio Braziliense
postado em 02/08/2022 15:27 / atualizado em 02/08/2022 21:53
Suspeito de cometer feminicídio contra transexual em Ceilândia Norte é visto antes do crime -  (crédito: PCDF/Divulgação)
Suspeito de cometer feminicídio contra transexual em Ceilândia Norte é visto antes do crime - (crédito: PCDF/Divulgação)

O autor de um feminicídio ocorrido em Ceilândia Norte, na madrugada do último sábado (30/7), contra uma mulher transexual, identificada como Isabela Yanka, 20 anos, foi preso, na manhã desta terça-feira (2/8), pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Agentes da 19ª DP (P Norte), detiveram o suspeito, 27, em flagrante por volta das 9h. O autor esfaqueou a vítima após uma festa ocorrida na Praça da Bíblia, na QNP 19.

  • Suspeito de cometer feminicídio contra transexual em Ceilândia Norte é visto antes do crime PCDF/Divulgação
  • Local de feminicídio contra transexual em Ceilândia Norte, no último sábado (30/7) PCDF/Divulgação

O corpo da transexual foi encontrado na EQNP 15/19 com sinais de violência. Em seguida, policiais civis começaram as buscas pelo suspeito na localidade e realizaram os exames periciais. 

A equipe da 19ª DP constatou que a vítima havia ido para uma festa na Praça da Bíblia, junto com algumas amigas. Após beber grande quantidade de álcool, elas teriam se perdido e a vítima não foi vista novamente.

Policiais civis conseguiram imagens de câmeras de segurança das proximidades em mostram a vítima a pé na companhia de um homem indo em direção ao local onde o corpo foi localizado. Confira abaixo o vídeo obtido pela Polícia Civil do DF.

Depois, segundo a PCDF, imagens de outra rua, mostram o momento em que o homem deixa o local enquanto mexe na bolsa da vítima. Após a realização da perícia no local, o Instituto de Identificação conseguiu localizar o suspeito, que foi preso por policiais da 19ª DP. Em depoimento, ele argumentou que foi perseguido pela vítima e a atacou ao se sentir ameaçado.

Mas, as imagens registradas não são compatíveis com a versão apresentada pelo autor, que foi indiciado por feminicídio com impossibilidade de defesa da vítima e recolhido à carceragem do Complexo da Polícia Civil, na Asa Sul. O preso será apresentado na audiência de custódia, que vai analisar o pedido de prisão preventiva da autoridade policial.

Insegurança

Para a colaboradora da Associação do Núcleo de Apoio e Valorização à Vida de Travestis, Transexuais e Transgêneros do Distrito Federal e Entorno (AnavTrans) Ludymilla Santiago, falar sobre o assunto é bem difícil. “Ao mesmo tempo que parece que temos grandes avanços no combate à violência contra o público LGBTQIA+, o que vemos na vida real está bem longe disso”, afirma.

Segundo Ludymilla, quase não existem espaços para discussão da pauta, seja dentro do governo ou das forças de segurança do DF. “É extremamente doloroso. Sei que a segurança pública tem uma cartilha, que trata sobre o tema, mas isso ainda é muito pouco”, pondera a ativista.

A colaboradora da AnavTrans ressalta que o público LGBTQIA+ é cidadão como qualquer um. “Também pagamos impostos e acho que esses valores poderiam ser revertidos em políticas voltadas para o nosso grupo”, frisa. “Mais leis específicas ,que protejam a população lgbt, poderiam ser criadas. Se elas, de fato, fossem regulamentadas, talvez as mortes reduziriam”, complementa Ludymilla.

Para a ativista, dentro do atual governo — tanto local quanto nacional — o grupo de mulheres trans não tem a segurança de voltar para casa. “Além de serem mulheres, que já sofrem um número alto de violência, o fato de ser trans pode aumentar o risco de morte”, conclui.

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