Zeca Troncho voltou. O apelido faz referência ao caminhão que leva apresentações itinerantes de forró, típicas da festa de São João, pelas ruas do Distrito Federal. A caravana junina foi criada em 2020 para auxiliar os trabalhadores da cultura, no auge da pandemia, e teve como propósito amenizar a angústia causada pelo momento crítico. A programação, que começou em 29 de julho, vai até o próximo domingo.
Reconhecida como o maior forró itinerante do DF, a caravana é um projeto cultural de valorização dos artistas de forró da região. E, também, um esforço de resgate das memórias culturais ligadas aos festejos juninos, principalmente da música e dos artistas que fazem da sanfona, do triângulo, da zabumba e do pandeiro a fonte dos sons e do divertimento. Mas nem só de forró vive o Zeca, outros gêneros musicais também são celebrados e embalam as festas.
Arkson Rangel, 36 anos, produtor cultural e presidente da Associação dos Defensores das Culturas Regionais (ACDR), foi o responsável pela criação da caravana e conta que a ideia das apresentações itinerantes surgiu como alternativa de suporte aos trabalhadores do setor artístico, durante o período de proibição de shows e festas, vivido na pandemia.
Bruno sanfoneiro, músico da banda Brunella Reis, se apresentou pela primeira vez neste ano e destacou que mesmo com a liberação dos eventos presenciais, a importância do projeto permanece. "Trabalhadores da cultura foram muito afetados durante esses últimos dois anos, então, projetos como este são uma ajuda muito importante", ressaltou o músico.
No terceiro ano de existência, os números orgulham os organizadores. "Geramos emprego para 250 pessoas anualmente. Até o final da programação deste ano serão 213 horas de muita música, totalizando 7.500 km rodados pelas ruas do Distrito Federal", programa Arkson.
Delivery de forró
Moradores, comerciantes, motoristas e pedestres dividem a animação das ruas com o forró raiz levado pela caravana. "Ano passado, um motoboy desceu da moto e começou a dançar no meio da rua, de capacete e tudo", conta Marie, 29 anos, uma das cantoras do projeto. Arkson também tem histórias para contar. "Já aconteceu de motoristas que estão parados esperando o semáforo descerem do carro e começarem a dançar, enquanto o sinal não abre", diz.
A caravana se consolidou como uma nova forma de levar os artistas até o público. "A diferença está em oferecer o acesso à diversão e arte ao vivo sem que as pessoas precisem sair de casa", ressalta Nilson Freire, tocador de triângulo e cantor do projeto.
Nilson é mineiro de Salinas, Marie, tocantinense de Araguaína. Ambos apaixonados por forró e pelo projeto. "Cresci ouvindo Luiz Gonzaga e Jackson do pandeiro. Participar do projeto tocando triângulo, cantando forró é repartir alegria e oferecer acesso à cultura à população", defende o forrozeiro. "Em 2014 eu entrei nas competições de quadrilha e descobri a paixão pelo forró e pela cultura das festas juninas. Dois anos depois, mudei o nome artístico, abandonei o estilo sertanejo e passei a me dedicar ao estilo nordestino", completa Marie.
Zeca Troncho do Futuro
Embora o projeto tivesse data para acabar, a ideia dos organizadores é torná-lo permanente. O presidente da ACDR sonha em fazer uma programação de 100 dias com 100 artistas. "Hoje, contamos apenas com o fomento governamental, mas queremos envolver o empresariado com a parte cultural. É preciso entender que a arte colabora com a sociedade", defende Arkson. Para Marie, o desejo é fazer o caminhão ganhar outras estradas. "Eu imagino a gente fazendo intercâmbio de artistas com a caravana. A vontade é ver mais forrozeiros cantando no Zeca Troncho e ir cantar em projetos similares em outros estados.
O caminhão, além de levar a música, representa a materialização do direito de cidadania e acesso à diversidade de manifestações culturais. "O Zeca Troncho potencializa e democratiza, o acesso à iniciativas culturais e contribui para a construção de valores de cooperação e solidariedade", conclui o produtor.
Confira a programação:
Sexta-feira (02/09)
16h às 17h
Ceilândia Norte
Anastácio de Oliveira e Trio Forró pra Nóis
Entrequadras Leste
17h30 às 18h30
Ceilândia Norte
Trio Sanfona Nova
Entrequadras Oeste
19h às 20h
P Norte
Trio Os Três Mosqueteiros do Forró
Avenida P2
Sábado (03/09)
16h às 17h
Setor O
Trio Arte do Nordeste
Avenida Oeste
17h às 18h30
QNQ
Trio M Som 3
Av. Central Setor Sol Nascente
19h às 20h
QNR
Trio Quixote
Quadras residenciais
*Estagiária sob a supervisão de Márcia Machado
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Programe-se
2/9
16h às 17h
Ceilândia Norte
Anastácio de Oliveira e Trio Forró pra Nóis
Entrequadras Leste
17h30 às 18h30
Ceilândia Norte
Trio Sanfona Nova
Entrequadras Oeste
19h às 20h
P Norte
Trio Os Três Mosqueteiros do Forró
Avenida P2
3/9
16h às 17h
Setor O
Trio Arte do Nordeste
Avenida Oeste
17h às 18h30
QNQ
Trio M Som 3
Av. Central Setor Sol Nascente
19h às 20h
QNR
Trio Quixote
Quadras residenciais