É com senso de humor e muita cantoria que Ely Esteves Alves enfrenta a vida com a Doença de Alzheimer. Ely foi oficialmente diagnosticado em 2017, mas, devido a casos da doença na família, a filha, Carmen, e a esposa, Teresa, desconfiavam do diagnóstico há cerca de oito anos. Comunicativo, o idoso de 85 anos é estimulado pelas cuidadoras familiares a participar, com orientação, das mais diversas atividades do dia a dia, como ajudar a lavar a louça ou calçar os sapatos sozinhos.
"Nosso foco é deixá-lo fazer sozinho o que ele consegue", explica Teresa. O incentivo por parte da filha e da esposa começou após reclamações do próprio Ely, que costumava falar que "não prestava mais para nada" ou "não fazia mais nada". "Quando eu percebi que ele começou a ficar muito encolhido, na dele, eu passei a lembrar que a gente tem que deixá-lo viver", relata.
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Após o diagnóstico, a entrada no centro terapêutico Longeviver foi um ponto de virada para Ely. Segundo as familiares, o idoso, desde então, está mais disposto e feliz, graças a socialização com outras pessoas de idade e as atividades realizadas no local. "Ele volta de lá contando histórias, contando como foi o dia dele, que nem criança voltando da escola", diz Teresa. No centro, Ely, além de fazer exercícios para a memória e aulas de fisioterapia, participa de rodas de canto e dança. "A nossa preocupação maior é dar uma qualidade de vida para ele", afirma a esposa de Ely.
Como principais cuidadoras do idoso, mãe e filha também enxergam a importância de valorizar a qualidade de vida delas. No grupo de ajuda Filhas da Mãe — formado por cuidadoras e familiares de pessoas com demência — ambas encontraram um lugar de amparo e troca de experiências. "Nós sempre falamos que a gente precisa se cuidar para poder cuidar do outro. Se você não estiver bem, nada flui", avalia Teresa.
Marina Caparelli, médica psiquiatra, garante que o estímulo, além de importante para a manutenção da saúde dos já diagnosticados, é essencial na prevenção da doença. "É sabido que alimentação saudável, a instituição de atividades físicas, estímulo, capacitação e educação são fatores que permitem que a gente possa prevenir quadros com o potencial declínio da cognição", explica a médica.
Buscando minimizar os fatores que possam contribuir com a piora do quadro, o tratamento precoce é um dos cuidados mais eficazes para os diagnosticados com Alzheimer. "Quando diagnosticado precocemente, o paciente tem a possibilidade de participar ativamente de seu tratamento instituindo em seu cotidiano hábitos saudáveis, medicamentos — que podem potencialmente retardar a progressão da doença — e gerenciar aspectos que vão além do cuidado médico formal, como, por exemplo, ter um planejamento financeiro", detalha. "É preciso lembrar que muitas vezes as pessoas ou familiares só buscam auxílio de um profissional de saúde quando já existe deteriorização dos cognitivo, funcional e social muito grande e isto ocorre por medo, falta de informação ou até preconceito", complementa.
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Para a médica, o tratamento ideal da doença é aquele que inclui saberes diversos com equipes multiprofissionais e acolhimento às famílias e cuidadores. "Os tratamentos medicamentosos atuais visam diminuir a progressão da evolução da Doença de Alzheimer. Infelizmente, até o momento, não existem fármacos com o potencial de cura ou reversão do quadro", lamenta. "É muito importante lembrar do tratamento não medicamentoso, que inclui a estimulação da atenção e memória, alimentação saudável e atividade física, que sabidamente têm um papel fundamental em aspectos diversos, seja melhorando o uso da reserva cognitiva, seja minimizando o isolamento e estigma social", finaliza.
Caminhada da Memória
Com o objetivo de conscientizar a sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce da Doença de Alzheimer, o Sesc DF organiza a primeira edição da Caminhada da Memória. A partir das 8h de domingo (18/9), serão realizadas no evento atividades para toda a família, como recreação para crianças, tenda de musicalização, massagem e meditação, além de orientações sobre a saúde ofertadas para o público.
O encontro procura sensibilizar a sociedade quanto ao tema e atuará juntamente com parceiros de importantes atuações na área do envelhecimento humano. A Universidade de Brasília (UnB), o Coletivo Filhas da Mãe, Rodas da Paz, Instituto Tocar, Bike Anjos, Grupo Caminhadas de Brasília (GCB), Grupo Trilheiras de Brasília, Grupo Caminhadas Históricas/Candangolândia, Grupo Caminhantes do Cerrado (CDC) e Senac-DF também farão parte do projeto.
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