A voz é firme, quando necessário, mas também um porto seguro quando o estudante precisa. Para muitos alunos, a figura do professor é tida como um exemplo dos sonhos que podem ser realizados, do suporte quando se sentem sozinhos e de qual é o papel do cidadão na sociedade. E não é para menos. Os docentes se dedicam diariamente à tarefa de educar, com brincadeiras lúdicas e iniciativas que conversam com o mundo dos adolescentes e das crianças. Por isso, em homenagem ao Dia do Professor, comemorado neste sábado, o Correio conversou com diversos profissionais que representam essa figura capaz de mudar o destino dos jovens.
Uma das iniciativas é o Projeto de Leitura, do professor de história e atual vice-diretor Josuel Silva, do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 407 de Samambaia. "O projeto acontece desde 2015. Meus colegas e o diretor me deram muito incentivo e, aos poucos, fomos o incorporando em toda a escola", detalha. Ele explica que o primeiro passo é ensinar os estudantes a gostarem de ler.
Logo que começou, os próprios pais dos estudantes ajudaram a unidade com doações à biblioteca da escola. "A cada edição, o projeto ganha um formato diferente. Este ano, por exemplo, o tema é mulheres extraordinárias que mudaram a minha vida, focado em escritoras negras brasileiras, diásporas ou africanas", pontua. "A escola se modifica para atender ao projeto daquele ano. Hoje, por exemplo, os muros do CEF estão pintados com rostos de escritoras negras", acrescenta.
O primeiro gênero literário trabalhado com os alunos são contos. "Devido ao tamanho e dimensão, os contos é o melhor caminho para fisgar os leitores. Depois trabalhamos com a crônica, a novela e, por fim, o romance. O foco principal é desenvolver ao fim uma visão crítica dos estudantes. Fazemos pontes com temas diários e a vida dos alunos, para que eles se vejam representados e a leitura transforme. Afinal, um livro não termina quando você fecha a capa", avalia.
A docente Ester Flores, 23, é uma ex-aluna de Josuel e, atualmente, professora de história do CEF 407, que participa do projeto. "Tive aula com ele quando estava no 1º ano. Ele trazia vários textos, fazia roda de debates e isso foi muito bom, me abriu o caminho da leitura. Escolhi fazer história por conta dele", confessa. O efeito de incentivo é parecido com o vivido pelo estudante Diogo Santos, 12, que conta com a ajuda da escola para lançar seu primeiro livro Alcançando as estrelas. "O mais divertido é incentivar as pessoas a lerem e escrever", destaca. O adolescente acrescenta que o desejo é de se dedicar e publicar mais livros ao longo da vida. Para a mãe, Alessandra Santos, 28, o menino é motivo de orgulho. "Também sou professora, desde pequeninho ele gostava muito de ler. Sempre pedia de presente livros, até que eu dei O pequeno príncipe, meu preferido. E daí em diante, ele não parou mais de ler e escrever", detalha.
Chocolate
Paulo Gileno Bosco, da Escola Classe 410 de Samambaia, é outro professor que protagoniza ações de incentivo aos alunos. "O Projeto Chocolate Literário é realizado anualmente e esta é a 10º edição. A ação está no programa pedagógico da escola. No início do ano, sempre na Semana Pedagógica, definimos o tema ou o autor que será trabalhado. Fizemos sobre o Monteiro Lobato, Ziraldo, contos de fadas e sobre as riquezas do nosso Brasil", diz.
"Também trabalhamos temas envolvendo matemática, com o intuito de minimizar as dificuldades oriundas do período da pandemia", salienta. Na culminância do projeto, as turmas realizam apresentações cênicas.
Em Santa Maria, no CEF 209, o professor de inglês Genilson Dias aborda temáticas variadas. O Projeto Linguagem começou em 2017, e atende atualmente cerca de 100 alunos no contraturno da escola, de segunda a sexta-feira. Os estudantes podem fazer até quatro cursos dentro da iniciativa: linguagem audiovisual, musical, língua Inglesa e curso de leitura, escrita e oralidade. "Percebemos a evolução dos alunos nas habilidades sociocomunicativas, a perda da timidez, gerenciamento do tempo, responsabilidade e ética", pontua. Genilson cita, também, a melhora da autoestima dos estudantes e a valorização do espaço escolar.
A estudante Júlia Canuto, 11, é uma das que participam do projeto desde o início de 2022. "Quero trabalhar com música, pretendo ser uma cantora e acho um máximo, porque aprendo coisas novas e me divirto (no Projeto). No audiovisual o que mais gosto é de ser locutora da nossa rádio estudantil. Também gosto de trabalhar com filmagem. Me dou bem com as câmeras", confessa. Ana Carolina Venâncio, 13, decidiu que quer ser jornalista devido ao trabalho realizado no projeto. "Gosto dos conteúdos que os professores ensinam, as aulas são bem divertidas e numa linguagem acessível. Tenho tido muito gosto pela área da música e da rádio. Sou uma das diretoras da nossa rádio estudantil", informa.
Natureza
Há mais de 20 anos em atuação com o projeto Cerrado Vivo, Edijane Amaral é outra professora que busca, diariamente, fazer a diferença na vida dos alunos. Uma vez por ano, as turmas da escola visitam o Jardim Botânico e realizam trilhas pelas fitofisionomias do cerrado. Em cada uma das plantas típicas, os grupos realizam apresentações sobre os conteúdos aprendidos e pesquisados em sala. Este ano, depois de muito esforço, Edijane conseguiu verba para levar os alunos para a Chapada dos Veadeiros, e no dia 28 irá com os estudantes para a Chapada Imperial.
"Quando fazemos a trilha, eles ficam mais atentos às matérias de sala de aula e começam a identificar espécimes no dia a dia. Todos ficam super empolgados e isso contribui até mesmo para a defesa do meio ambiente, pois eles ficam mais conscientes a certas demandas e cuidados", conta. A professora detalha que durante todo o ano eles trabalham o conteúdo da sala de aula, mas o que verdadeiramente marca os alunos é a experiência direta com a natureza.
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