Crime

Ligações com facção e tráfico: empresas fantasmas do DF são alvos de operação

A segunda fase da operação Sistema cumpriu 19 mandados de busca e apreensão na capital e em diversos estados contra uma organização criminosa voltada ao tráfico de drogas e lavagem de dinheiro 

Darcianne Diogo
postado em 25/10/2022 05:00
Empresa de fachada em Planaltina. -  (crédito: Polícia Civil/Divulgação)
Empresa de fachada em Planaltina. - (crédito: Polícia Civil/Divulgação)

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) cumpriu 19 mandados de busca e apreensão nas cidades de Águas Claras, Samambaia, Planaltina e nos estados de Pernambuco, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia contra uma organização criminosa voltada ao financiamento, abastecimento e fornecimento de drogas e lavagem de dinheiro. O trabalho faz parte da segunda fase da operação Sistema, desencadeada em maio e que resultou na prisão de Gilberto Ribeiro Cardoso e Gilmar Lopes, mais conhecidos como os "Irmãos do Pó"; e Stefânio do Vale, o “Rei da Telebrasília".

Os mandados foram cumpridos na tarde dessa segunda-feira (24/10). Nos endereços, policiais da Coordenação de Repressão às Drogas (Cord) apreenderam inúmeros documentos e bens de luxo, como relógios da marca Rolex e quatro veículos. Os investigados também tiveram 14 contas bancárias bloqueadas.

Em continuidade à primeira fase da operação Sistema, os investigadores arquitetaram uma apuração minuciosa para elucidar a utilização de laranjas em um grande esquema de lavagem de dinheiro do crime organizado, em especial do tráfico de drogas. Outros criminosos pertencentes ao mesmo grupo e ligados aos Irmãos do Pó foram identificados pela polícia e apontados como os responsáveis pela lavagem de dinheiro, por meio de depósitos que chegam a cerca de R$ 2 milhões, para empresas fantasmas de Minas Gerais.

Duas dessas empresas foram constituídas no DF e identificadas como fantasmas. As investigações mostraram que ambas receberam milhões de reais do crime organizado e realizaram transações financeiras entre si para tentar fugir da fiscalização. Contatou-se também incompatibilidades nas movimentações financeiras quando comparadas com a suposta atividade empresarial declarada pelas pessoas jurídicas.

Uma das empresas investigadas usava um morador de rua como laranja
Uma das empresas investigadas usava um morador de rua como laranja (foto: Polícia Civil/Divulgação)

As empresas

A primeira empresa investigada é a KZ Multinegócios Comércio de Alimentos Eireli, com sede no DF. Como sócio, aparece um morador de Planaltina, identificado como morador de rua e conhecido por ser usuário de drogas. Além de endereços no Setor bancário Norte (abandonado) e no Setor Residencial Leste de Planaltina, a instituição tem uma filial em Porto Velho (RO), um local abandonado.

A KZ recebeu cerca de R$ 3 milhões de ao menos outras seis empresas, todas elas fantasmas e envolvidas no esquema de lavagem de dinheiro. Segundo as investigações, foi identificado ainda um depósito de R$ 70 mil feito por um traficante de Formosa (GO) envolvido com a facção carioca Comando Vermelho, além de um outro depósito de mais de R$ 395 mil efetuado por um morador de Ponta Porã e investigado por manter ligação com o núcleo financeiro do Primeiro Comando da Capital (PCC).

A outra empresa alvo da segunda fase da operação Sistema é a Yellow Comércio de Minério, registrada no mesmo endereço da KZ, o que indica, segundo a polícia, que ambas foram criadas em conluio por seus titulares.

A Yellow recebeu cerca de R$ 1 milhão das empresas Gama Comércio e Importação Eireli, Beta Comércio e ATP Comércio. Todas elas estão envolvidas em um dos maiores esquemas de lavagem de dinheiro do Brasil, apurado pela Polícia Civil de MG.

"As informações reunidas nesta investigação indicam que as empresas KZ e Yellow foram constituídas no Distrito Federal, como parte de um gigantesco esquema de lavagem de dinheiro, cujo único objetivo foi receber dinheiro do crime organizado, em especial do narcotráfico", destacou o delegado Paulo Francisco Pereira, da Cord.

As investigações seguem para a análise dos documentos apreendidos e apuração de envolvimento de outros investigados.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação