ELEIÇÕES

Aliados do presidente Bolsonaro no DF sinalizam com oposição propositiva

Parlamentares da base de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados avaliam posicionamento da bancada do DF no governo petista. Maioria sugere um tom conciliatório, mas algumas pautas serão inegociáveis

Edis Henrique Peres
postado em 01/11/2022 05:48 / atualizado em 01/11/2022 09:28
Gilvan diz que Republicanos avaliará os projetos de acordo com o que for melhor para o povo -  (crédito:  )
Gilvan diz que Republicanos avaliará os projetos de acordo com o que for melhor para o povo - (crédito: )

Com a vitória de Lula (PT) no segundo turno das eleições, os parlamentares eleitos pelo Distrito Federal começam a avaliar o papel da oposição nos próximos quatro anos. A capital do país elegeu, em sua maioria, deputados federais apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL). Devido a isso, o espaço de diálogo se tornou tema central para o sucesso das articulações políticas. O Correio procurou os parlamentares ao longo do dia e as respostas, de bastidores e oficiais, garantiram em sua maioria o tom conciliatório, apesar de algumas ressalvas.

Deputado federal Alberto Fraga (PL) avaliou ser prematuro fazer uma análise do comportamento da bancada do DF ao lidar com Lula. "Temos que ver como o Congresso vai se comportar. Precisamos aguardar alguns acontecimentos, qual será o comportamento dos presidentes dos partidos a nível nacional. Mas pela força que o Congresso tem, o Lula não governa sem o apoio dele. E essa bancada não vai aceitar retrocesso, não vamos admitir invasão de terra, ideologia de gênero nas escolas, essas pautas idealizadas", garantiu Fraga.

Gilvan Máximo, deputado federal pelo Republicanos, afirmou que o partido vai trabalhar pelo que for bom para o Brasil e criticar o que for ruim. "Vamos seguir com responsabilidade, porque esse momento requer muito cuidado com o povo brasileiro", pontuou Gilvan. O parlamentar acrescentou que reconhece a vitória de Lula e parabenizou o presidente Bolsonaro pela disputa, além de avaliar o cenário do governo do DF com o presidente Lula: "Ibaneis demonstrou durante os quatro anos que é de diálogo, e tenho certeza que ele vai dialogar com o presidente (eleito), porque assim vamos ganhar o melhor para o DF, para o Brasil e para o povo".

A mesma opinião foi defendida por Júlio César (Republicanos). "Vou seguir trabalhando e buscando o diálogo para que o país continue crescendo", pontuou. O deputado federal disse que seguirá na linha da independência, "claro que mantendo a coerência". "O que for bom para o país estarei pronto para aprovar no Congresso, assim como o que for ruim, estarei pronto para criticar, bem como me posicionar contra", disse.

  • Fraga diz que oposição não aceitará retrocesso com pautas ideológicas Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
  • Deputado Federal Júlio César garante que vai buscar diálogo para que o país continue crescendo Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press
  • Gilvan diz que Republicanos avaliará os projetos de acordo com o que for melhor para o povo

À disposição

Chefe do Palácio do Buriti, Ibaneis se colocou "à disposição para trabalhar ao lado do presidente eleito". O pronunciamento foi dado pelas redes sociais logo após a apuração dos votos. Ibaneis acrescentou que o presidente da República reside no DF e, "como governador reeleito, farei tudo para que tenhamos — e tenho certeza de que teremos — uma convivência harmônica para que possamos governar para todos".

O governador não foi o único a se posicionar pelas redes. A senadora Damares Alves (Republicanos) também se manifestou, mas não em tom conciliatório. "Os 14 anos do PT no poder, resultaram em fome, miséria e corrupção. Nos quatro anos do governo Bolsonaro, o Brasil avançou 40 anos!", escreveu.

Aproximação 

Professor do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), Frederico Bertholini destacou que, "embora a maior parte dos parlamentares esteja em um campo antagônico ao presidente Lula, não tem como definir que são oposição". "Isso será decidido com o começo do governo e os arranjos da Câmara. Temos que lembrar que essa oposição não é completamente linear e não existe uma ausência total de cooperação entre o governo e esse setor de parlamentares", avaliou.

Frederico também citou sobre o orçamento secreto. "Não sabemos como vai funcionar isso no novo governo, mas essa tem sido uma forma dos políticos conseguirem retornos sem passar necessariamente pelo presidente da República, mas passando pelo presidente da Câmara e pelo relator. Essa é uma possibilidade dos parlamentares do DF conseguirem recursos a despeito do aparente antagonismo entre a maior parte deles e o presidente", observou.

Cientista política, Noemi Araujo pontuou que Lula enfrentará dificuldades em seu terceiro mandato na Presidência. "Em um contexto novo e desafiador sem a maioria dos parlamentares do espectro da esquerda, mas Lula sempre teve traquejo político e habilidade de interlocução mesmo com seus opositores, haja vista a Frente Ampla que conseguiu unir para o segundo turno e sair vitorioso", afirmou. A especialista também analisou a situação do ponto de vista de Ibaneis Rocha, e opinou que deve haver uma aproximação entre presidente e chefe do Buriti. "Visto que o seu partido (MDB) foi peça fundamental na eleição de Lula, por meio, principalmente, da figura da senadora Simone Tebet", disse.

A reportagem também buscou o posicionamento da deputada Bia Kicis (PL) e de Fred Linhares (Republicanos), mas até o fechamento desta edição, não obteve retorno.

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