Quando for dado o apito inicial do Mundial do Catar, neste domingo (20/11), na partida entre os anfitriões e a seleção do Equador, a tradição e a paixão pela Copa do Mundo e pelo futebol se renovarão em várias famílias brasilienses. Avós, pais e filhos vão se reunir em frente à televisão para torcer pela seleção canarinho. Para eles, o momento de ver o time do Brasil em campo representa um sentimento único, que é passado de geração em geração. Vestidos com a camisa verde e amarela, os torcedores esperam a conquista do hexacampeonato neste ano. O jogo de estreia da equipe comandada pelo técnico Tite será na quinta-feira (24/11), às 16h, contra a Sérvia.
Desde a copa de 1974, o servidor público aposentado Afonso Velez, 63 anos, acompanha os jogos da Seleção Brasileira. Na época com 15 anos e morando em Ceilândia, ele recorda da empolgação ao ver as partidas pela televisão em um tempo que nem todos tinham o aparelho em casa. "Íamos para uma sorveteria em que o rapaz colocava um televisor ainda em preto e branco para a gente assistir. Foi então que começou a paixão pela seleção", relembra o agora morador do Núcleo Bandeirante.
A relação de amor pelo futebol é tão grande em Afonso que influenciou seu filho Almir Velez, 40 anos, a acompanhar e torcer nos jogos do Brasil e também do Botafogo. "Fui criando nele também a paixão pela amarelinha. Sempre procurei passar esse amor pelo Brasil e pelo nosso clube de coração. Quando a Seleção joga é o momento de extravasar e torcer", destaca o aposentado, que também é pai de mais dois filhos. "Todos eles acompanham os jogos. Cada um com suas camisas e até bandeirinhas", conta.
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Para Almir, a primeira lembrança da Copa do Mundo não foi tão feliz, devido a derrota da seleção brasileira para a Argentina em 1990. "Tinha oito anos e lembro das pessoas chorando. Não entendia muito bem o porquê daquilo na época", recorda o morador do Guará 2. O empresário tem dois filhos e conta que, assim como foi influenciado pelo pai a torcer pelo time do Brasil, passa essa paixão para os dois filhos Nicolas, 13, e Nathalia, 1 ano e seis meses. "Ele (Nicolas) não gosta muito de futebol, mas se envolve e está sempre ali no meio, fazendo a preparação, pintando o chão e ajudando a estender as bandeirinhas", comenta, destacando que a filha mais nova já adora assistir aos jogos. "Ela fica falando 'gol, gol'", conta o pai orgulhoso.
Com esse ambiente animado para torcer para o Brasil, Afonso e o filho gostam de ver os jogos em casa com a família. "A gente sempre faz um churrasquinho para ver as partidas, não só do Brasil, mas de times que a gente vê que estão com um futebol bonito, principalmente quando vai passando de fase", destaca o aposentado. Afonso acredita, de verdade, que quando o grupo está reunido e com pensamento positivo na torcida, isso é passado para os jogadores que estão em campo.
A empolgação para o início dos jogos tem explicação. O time comandado pelo técnico Tite fez uma ótima campanha nas Eliminatórias e conta com nomes importantes do cenário futebolístico nacional e internacional. Com Neymar, Vinicius Junior, Pedro, Richarlison e Everton Ribeiro, a expectativa dos torcedores é pela conquista da taça após 20 anos do último título. Sendo o único país pentacampeão no mundo, os títulos foram conquistados nas edições de 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002. Essa será a 22ª Copa do Mundo, sendo o Brasil o único país que participou de todas as edições.
Família verde e amarelo
Animados com o início dos jogos, o casal Valmisonia Gomes, 43, e Edson Feliciano, 47, contam que gostam de ver as partidas com os filhos Gabriel, 17, e Heloísa, 12. Moradores de Planaltina, eles se empolgam com o clima do mundial. "É uma alegria muito grande poder passar essa emoção e ensinamentos de amor pela nossa seleção para os meus filhos. Sempre que posso, eles estão comigo assistindo os jogos", comenta a recepcionista, que compra adereços e enfeites para celebrar a época.
Para Edson, é um orgulho ter uma família unida para torcer pelo hexa. "Para que o futebol fique ainda mais animado, gostamos de assistir aos jogos na casa de amigos, regado a cerveja e um bom churrasco como petisco", diverte-se o vigilante. Ele comenta que não é fanático pelo esporte, mas faz questão de acompanhar as partidas e torcer com a camisa verde e amarela. "Me sinto um verdadeiro patriota", acrescenta.
Valmisonia e Edson relembram que começaram a acompanhar a Copa na adolescência. "Nesta época, ainda não tinha televisão em casa, então, era na vizinhança que eu conseguia assistir. E ficava até mais animada", recorda a mãe de Gabriel e Heloísa. A recepcionista diz sentir uma energia contagiante no período do mundial. "Minha expectativa é a vitória para 2022. Que venha o hexa!", exclama.
Quando mais jovem, Edson morava em uma chácara nos arredores de Planaltina e acompanhava alguns jogos em uma televisão instalada na rodoviária da cidade administrativa. "Eu me deslocava cerca de uns 6 km a pé para assistir. Era uma diversão para mim", comenta. Uma das copas que mais marcou o vigilante foi a de 1994. "Até meus pais que não entendem de futebol se entusiasmaram vendo os filhos vibrando nos jogos", relembra Edson.
Filho mais velho do casal, Gabriel acredita na conquista do campeonato. "A Seleção Brasileira tem jogadores muito bons e a fé de que o hexa vem esse ano está grande", se empolga o rapaz. Para o estudante, uma das boas lembranças dessa época de Copa do Mundo é quando vizinhança se juntava para enfeitar a rua com as cores do Brasil. "É marcante também os churrascos na casa de familiares e amigos. É uma grande festa quando a seleção marca um gol", completa Gabriel.
*Estagiário sob a supervisão de Euclides Bitelo
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