Gama

Idosa acusada de racismo tem diagnóstico de esquizofrenia e está desaparecida

Família busca ajuda no Ministérios Público do Distrito Federal para interná-la compulsoriamente. Os filhos procuram a mãe desde domingo (5/2)

Júlia Eleutério
postado em 06/02/2023 17:28 / atualizado em 06/02/2023 17:29
 (crédito: Video/Reprodução)
(crédito: Video/Reprodução)

A idosa Lucimar Moraes, 66 anos, acusada de racismo por um motorista de aplicativo, tem esquizofrenia e bipolaridade. Segundo a família, a mulher foi diagnosticada há anos com as doenças. Depois do ocorrido no sábado (4/2), ela desapareceu. Os filhos estão preocupados com a mãe e buscam ajuda para interná-la.

A filha da idosa, Fernanda Lages, procurou o Correio para falar sobre o caso. Ela conta que a mãe já passou por várias internações em clínicas e hospitais psiquiátricos. No momento, a idosa encontra-se em crise. No final de dezembro de 2022, Lucimar chegou a ser atendida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levada para a unidade de Pronto-Atendimento do Gama devido a um surto psicótico. Em seguida, ela foi levada para a emergência do Hospital Vicente de Paula e encaminhada para acompanhamento no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) de Santa Maria. “Desde então, os surtos psicóticos estão recorrentes”, comenta a filha.

De acordo com Fernanda, após o ocorrido, a mãe esteve na casa do irmão, no Jardim Boa Vista, próximo ao Novo Gama. “Pedimos ajuda ao Corpo de Bombeiros e também ao Samu. Não conseguimos e ela fugiu”, disse. Preocupados, os filhos procuram por Lucimar. Ela e o irmão cuidam da mãe. Ambos não têm condições financeiras de arcar com uma internação e pedem ajuda do governo para conseguir interná-la compulsoriamente. Fernanda foi, na tarde desta segunda-feira (6/2), até a 14ª Delegacia de Polícia para pedir ajuda para encontrar a mãe.

Sobre o caso de racismo, Fernanda entrou em contato com o motorista através de uma rede social para explicar a situação e pedir desculpas pelo ocorrido, além de se colocar à disposição da vítima. Ela conta que tentou conversar, mas foi bloqueada pelo motorista. A filha alega que o rapaz segue fazendo as publicações, divulgando o endereço da idosa e incitando o ódio. “Estou apavorada, porque as pessoas estão falando na publicação sobre o caso em ‘fazer justiça com as próprias mãos’. É muito grave para a segurança dela”, lamenta Fernanda.

Ainda na tarde desta segunda-feira (6/2), Fernanda procurou o fórum do Gama para solicitar atendimento na defensoria pública diante do caso. Além disso, a filha ressalta que, por conta das crises, a casa onde a idosa vive está em condições precárias, com muitos utensílios e objetos quebrados por ela.

O caso

Após aceitar uma corrida no Gama, o motorista de aplicativo Jhony Charlies Gonçalves do Nascimento sofreu com ofensas de uma cliente por um desentendimento quanto ao caminho que tinha escolhido para deixá-la em casa. A ação foi gravada pelo trabalhador, que foi chamado de “vagabundo”, “mala” e “sujeira”, além de ter captado no vídeo a frase: “nunca vi mais preto”.

Segundo o motorista, ele buscou a idosa em um bar na quadra 42 do Gama por volta das 00h com destino à casa dela. No caminho, ela teria ficado inquieta com o trajeto que ele escolheu e teria insinuado que Jhony queria fazer mal a ela. Devido à sequência de insultos, o motorista pediu para que Lucimar se retirasse do carro e a deixou na padaria Roma, no Setor Sul do Gama.

A mulher, ainda assim, fez questão de pagá-lo e quando voltou com o dinheiro trocado começou com as injúrias racistas, conta o jovem. Lucimar questionou o fato dele estar trabalhando de chinelo, mas foi além ao falar que ele era “sujeira” e que “nunca tinha visto mais preto”, isso apenas no captado em vídeo. De acordo com Jhony, ela ainda falou: “queria um Uber arrumado e que não seja preto”. “Fiquei perdido olhando aquilo”, conta Jhonny. “Situação bizarra”, completa.

O motorista chamou a polícia que, quando chegou, presenciou Lucimar ainda fazendo comentários racistas. Os dois foram encaminhados à 20ª Delegacia de Polícia (Gama), onde a mulher foi detida e o homem fez um boletim de ocorrência. Após o procedimento, Lucimar foi liberada para voltar para casa.

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