VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES

Revolta marca despedida de quinta vítima de feminicídio neste ano no DF

Governadora em exercício, Celina Leão anuncia força tarefa para prevenir o feminicídio no DF. Nesta segunda-feira (06/02), Izabel Rodrigues, 36, foi sepultada.

Carlos Silva*
Mila Ferreira
postado em 07/02/2023 06:00
 (crédito: Arquivo pessoal)
(crédito: Arquivo pessoal)

No dia em que uma família enlutada sepultou a quinta vítima de feminicídio registrada somente em 2023 no Distrito Federal, a governadora em exercício, Celina Leão, anunciou que o GDF unirá esforços para a prevenção deste crime que tem atingido cada vez mais mulheres no DF. Em apenas 37 dias, foram registrados na capital federal mais casos do que os três primeiros meses de 2022.

Vestindo uma camiseta com os dizeres "Na violência contra a mulher, nós metemos sim a colher", durante a participação na cerimônia de assinatura do decreto de nomeação de novos servidores da Secretaria de Saúde do DF, na manhã desta segunda-feira (06/02), Celina Leão declarou: "Nós vamos criar uma força-tarefa com a Secretaria da Mulher e outras secretarias, inclusive a Saúde, para receber as mulheres e fazer um trabalho de prevenção. Envolve Ministério Público (MPDFT), Defensoria, o GDF, a Saúde, todas as áreas que têm interface com o crime de feminicídio. Às vezes, é um crime que acontece dentro de casa, muitas das mulheres já denunciaram os companheiros anteriormente, outras não. Estamos fazendo um grupo e vamos anunciar algumas medidas, inclusive uma campanha para que possamos ter essa consciência".

A chefe do Executivo interina aproveitou para fazer um apelo aos novos servidores da Saúde para incentivarem as pacientes vítimas de violência a denunciarem os companheiros antes que o pior aconteça. "Desde o começo do ano, estamos com um feminicídio atrás do outro aqui no DF. Vocês, na área da saúde, recebem muitas vítimas de violência doméstica. Incentivem para que elas façam boletim de ocorrência. Essa questão não é só da Secretaria da Mulher, é da sociedade. Muitas vezes, a mulher é agredida várias vezes, e passa pelas mãos de vocês. Incentivem a fazer o boletim de ocorrência. Vocês podem estar salvando vidas", pontuou.

 

 06/02/2023. Crédito: Mariana Lins/Esp.CB/D.A Press.Enterro Taguatinga vitima de feminicidio -Izabel Guimarães
06/02/2023. Crédito: Mariana Lins/Esp.CB/D.A Press.Enterro Taguatinga vitima de feminicidio -Izabel Guimarães (foto: Mariana Lins )

Despedida

Izabel Guimarães, 36 anos, foi sepultada, às 15h, no cemitério Campo da Esperança de Taguatinga. No local, familiares e pessoas próximas se reuniram para prestar a última homenagem para a vendedora, morta de forma brutal pelo ex-companheiro, Paulo Roberto Moreira, 38 anos, nesse fim de semana, em Ceilândia. Um pedido era uníssono entre aqueles que estavam presentes: justiça. Olívia Guimarães, 49, irmã da vítima, conta que Izabel foi avisada diversas vezes do comportamento do criminoso, mas prosseguiu com o relacionamento. "Ela foi avisada de que ele não valia nada. Já bateu na ex-mulher dele", pontuou. A outra irmã, Jaqueline Guimarães, 49, não conseguiu conter a emoção, enquanto relembrava ainda atônita o que ocorreu. "Eu morri junto com ela. A única força que me mantém em pé é a busca por justiça e saber que minha irmã não vai ser mais um número em meio a tantos outros. Ele a matou na frente da filha de 10 anos, enquanto ela gritava para que ele não fizesse isso. Nunca imaginei que ele fosse tão monstruoso assim", contou.

O vigilante alegou, em depoimento, ontem, que efetuou acidentalmente o disparo que matou a mulher. Segundo a delegada responsável pela Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam II), Adriana Romana, o suspeito declarou que foi ao encontro da vítima para que ela o desbloqueasse do aplicativo do banco, de forma que ele pudesse acessar novamente a conta que estava no nome da vítima, mas usavam juntos. Segundo Paulo, ao pegar a arma de fogo que guardava em cima do guarda-roupas, ela acabou disparando acidentalmente.

O tiro atingiu Izabel na cabeça. O crime ocorreu na tarde de sábado, dentro da casa da vítima.

Fernanda Letícia da Silva, Mirian Nunes, Jeane Sena da Cunha Santos e Giovana Camilly foram vítimas de feminicídio
Fernanda Letícia da Silva, Mirian Nunes, Jeane Sena da Cunha Santos e Giovana Camilly foram vítimas de feminicídio (foto: Redes sociais e material cedido ao Correio)

Cárcere privado

No mesmo fim de semana da morte de Izabel Guimarães, outra mulher foi agredida e mantida em cárcere em casa, mas conseguiu fugir do agressor. O caso ocorreu no Arapoanga, no domingo. O homem de 46 anos foi preso em flagrante. Segundo a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), os agentes prenderam o suspeito após testemunhas presenciarem um episódio de violência na feira. Em seguida, contaram que ele levou a vítima para casa, onde ela ficou presa. Após a mulher conseguir fugir, o suspeito ameaçou tirar a própria vida com um facão. No local, os policiais negociaram com ele e foi necessário o adentramento tático na residência para evitar que ele atentasse contra a vida. O suspeito foi conduzido para a 16ª DP (Planaltina). Sem ferimentos, ele foi autuado por violência contra a mulher, resistência, desobediência, desacato e ameaça. 

*Estagiário sob a supervisão de Patrick Selvatti

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Incendiários apreendidos

O quinto integrante do grupo suspeito de incendiar um carro com uma vítima dentro foi apreendido ontem. Ele tem 17 anos. Dos quatro presos anteriormente, dois são maiores de idade e dois são menores infratores. Segundo a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), os envolvidos são responsáveis por carbonizar o corpo de Ronaldo César dentro do porta-malas do veículo, em 29 de janeiro, nas margens da rodovia DF-205, na Fercal, próximo à Pedreira Contagem. 

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