ENTREVISTA

"Este será o carnaval da paz", garante o secretário de Cultura do DF

Ao CB.Poder — parceria do Correio com a TV Brasília — o secretário de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, Bartolomeu Rodrigues, destacou que todo o efetivo das forças de segurança estará mobilizado para os dias de folia

Pedro Marra
Carlos Silva*
postado em 15/02/2023 06:00
 (crédito:  Mariana Lins )
(crédito: Mariana Lins )

O secretário de Cultura e Economia Criativa do DF, Bartolomeu Rodrigues, afirmou que o carnaval de Brasília sempre ocorreu em paz. Ao CB.Poder — parceria do Correio com a TV Brasília — desta terça-feira (14/2), o chefe da pasta comentou sobre a volta das festas na capital, após dois anos de pandemia.

À jornalista Ana Maria Campos, o gestor também garantiu que todo o efetivo das forças de segurança pública do DF vai ser empregado para garantir que tudo ocorra bem nos bloquinhos.

Estamos quase no carnaval, já tivemos um fim de semana de blocos na rua com a folia animada depois de dois anos de pandemia. Como estão os preparativos?

Tecnicamente, já estamos no carnaval, mas a primeira coisa a ser registrada, e eu fico muito feliz com isso, é que as festas que estão acontecendo têm transcorrido em paz. É justamente o espírito desse carnaval que nós estamos imprimindo, ou seja, da paz, do reencontro e da retomada depois desse período de pandemia. O beijo, o abraço e a alegria voltaram. Estou muito contente que nós não estamos tendo nenhuma ocorrência séria, são aquelas questões que acontecem perifericamente, mas isso é muito comum em qualquer lugar do mundo que tem aglomeração de pessoas. Aqui no Distrito Federal está indo muito bem. Isso nos deixa bastante entusiasmados, já que vamos entrar agora no período realmente carnavalesco. Então, que continue assim.

A expectativa do governo é de reunir cerca de 1,5 milhão de pessoas depois de um episódio triste que houve em Brasília (em 8 de janeiro). A segurança pública tem uma responsabilidade ainda maior nesse carnaval, certo?

Queremos virar essa página, porque aquilo não representa a população de Brasília. Com todo respeito a questões ideológicas e ao que as pessoas pensam, mas aquilo não é o Distrito Federal. O brasiliense ama os seus símbolos e seu patrimônio. Temos que olhar para frente. Esse é, justamente, o carnaval da paz para dar esse sentido: queremos paz e alegria. É claro, com total segurança. Dessa vez, inclusive, houve esforço muito grande de todo o Governo do Distrito Federal. A governadora (em exercício) Celina (Leão) fez questão de estar presente nas reuniões para as tratativas, dando ênfase a essa questão da segurança. Então, todo o efetivo da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), Polícia Civil (PCDF), Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF), DF Legal, Corpo de Bombeiros (CBMDF), além de outros órgãos, estão mobilizados e empenhados em dar garantias ao cidadão para que ele possa se divertir com segurança.

Os blocos de carnaval de Brasília também foram procurados para que dessem esse enfoque?

Na verdade, nós estamos nessas tratativas com blocos desde o ano passado. Até porque, estávamos empenhados para que eles recebessem os recursos com antecedência para ter tempo de se organizar. Essa conversa vem sendo mantida, inclusive, com outros setores que não estarão presentes agora, mas que vão estar no aniversário de Brasília. Não é que dividimos o carnaval. O fato — e isso eu digo com muita tranquilidade, porque vai ser uma experiência interessante aqui no Distrito Federal — é que nós vamos ter o renascimento das escolas de samba e estamos preparando esse cenário para acontecer em (21 de) abril.

 

 12/02/2023 Crédito: Carlos Vieira/CB. Carnaval 2023. Bloco SESC no Samba. Na Foto  Emilio Silva, psicologo e Renata Silva psicologa.
12/02/2023 Crédito: Carlos Vieira/CB. Carnaval 2023. Bloco SESC no Samba. Na Foto Emilio Silva, psicologo e Renata Silva psicologa. (foto: Carlos Vieira/CB)

O senhor acredita que Brasília se tornou uma cidade em que o carnaval é um ponto de visitação, como são cidades do interior de Minas e várias do Nordeste?

Essa é uma discussão interessantíssima, que precisamos aprofundar. Porque, na verdade, esses 1,5 milhão de pessoas que estamos prevendo é praticamente daqui mesmo e do Entorno. Nós estamos entre os cinco maiores de ruas do Brasil. Podemos melhorar esse número. É um debate que mal começou, vive sendo interrompido e precisa ser aprofundado. Se você perguntar a minha opinião, eu não gosto desse modelo, está tudo errado. Os gargalos que nós temos hoje, quando chega na véspera do carnaval existe polêmica, pessoas criticam, procuram a imprensa, colocam como se houvesse uma desorganização. Na verdade, acho que falta nos juntarmos para pensar em definir um modelo. Com a experiência que estou tendo, nesse período em que estou como secretário de Cultura, diria, com muita sinceridade, que esse modelo não está certo. Essa experiência que nós vamos fazer com a escola de samba é uma tentativa interessante. Está sendo reconhecida fora de Brasília. Nós já ganhamos prêmio nacional, e pouca gente está sabendo aqui em Brasília, com esse modelo que nós estamos imprimindo e queremos para as escolas de samba. Elas vão desfilar num sambódromo muito bonito que nós vamos fazer. Bloco de rua é uma coisa de extravasamento. Desfile de escola de samba é luxo e glamour. É um palco para aquele artista anônimo, que muitas vezes mora na periferia, possa mostrar sua arte. São dois momentos. Dividimos, porque para fazermos uma coisa que chama atenção, não pode ser agora, disputando com o Rio de Janeiro e São Paulo, que já tem as suas escolas de samba. Vamos fazer a nossa num momento especial, em que o Brasil possa olhar pra nós. Se esse modelo der certo, tenho certeza absoluta que ele vai continuar. E eu tenho certeza que vai dar certo.

Mas dá tempo?

Está tudo bem encaminhado, já está nas ruas o edital para contratar quem vai montar a estrutura. As escolas de samba se prepararam, durante o ano passado inteiro, na experiência pioneira que nós também fizemos na chamada Escola do Carnaval. Ela funcionou em várias regiões administrativas do DF e também no Eixo Cultural Ibero-americano. Tivemos de tudo, com capacitação para passistas com professores do Rio de Janeiro e São Paulo para dar esses cursos. Teve dia, inclusive, que produziram bonecos enormes, que vão voltar no carnaval no aniversário de Brasília. Um dia eu cheguei lá, e eles estavam trabalhando como compor um enredo e estavam usando como tema "Brasília capital ibero-americana de cultura".

Essas iniciativas da área de cultura em Brasília também estão ligadas ao desenvolvimento do turismo e da economia local?

Como se traz gente de fora? Quais são os blocos de Recife, por exemplo? Recife praticamente não tem bloco, mas tem aquele carnaval monstruoso. Lá, o estado faz o seguinte: montam as plataformas, trazem atrações de peso e as pessoas vão. É um modelo. Tivemos uma reunião de secretários de Cultura do Brasil inteiro semana retrasada. Eu estava conversando com muitos deles sobre isso. A rigor, tenho quase certeza que Brasília é a unidade da Federação que está aplicando mais dinheiro público em carnaval de rua. Se nós contarmos a publicidade que está sendo feita chega a R$ 12 milhões, mas nos blocos mesmo estamos chegando próximo de R$ 8 milhões. Do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) é próximo de R$ 5 milhões e o resto são de emendas parlamentares, que é dinheiro público que é rodado e executado pela Secretaria de Cultura. Há um comprometimento com o recurso público. Colocamos diretamente no bloco. Conversando com os secretários de Culturas e vi que nenhum estado faz isso. Faz, mas de uma forma diferente. Belo Horizonte (MG), por exemplo, está esperando 5 milhões de pessoas no carnaval e tem, aproximadamente, 500 blocos. É muita coisa. É muita coisa. Aqui vai cerca de 100. Os blocos lá vêm se preparando ao longo dos anos, fazendo caixa para isso. Eles não esperam o estado. Vi uma reportagem, e um representante de bloco importante de Belo Horizonte disse que gasta R$ 180 mil para realizá-lo, considerando, toda infraestrutura. O bloco dele, arrasta 400 mil pessoas. Tudo que ele tem que contratar é gasto. Nós, aqui, financiamos um bloco de 50, 60 mil pessoas, R$ 250 mil. O Distrito Federal não está fazendo feio, está aportando bem o carnaval, mas precisamos repensar o modelo para olhar para o contribuinte que está financiando aquilo tem retorno garantido.

*Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira

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