ENTREVISTA | ROSE RAINHA | Superintendente do Sebrae-DF

Empreendedorismo feminino contra violência doméstica

A gestora destaca ao CB.Poder ações que a instituição está tomando para estimular a mulher no ramos dos negócios. "Temos mapeado algumas ações onde elas têm mais dificuldades, e trabalhamos principalmente com a capacitação", destaca

Carlos Silva*
postado em 12/04/2023 06:00
 (crédito:  Ed Alves/CB/DA.Press)
(crédito: Ed Alves/CB/DA.Press)

O empreendedorismo na capital foi tema do CB.Poder — parceria entre Correio e TV Brasília — desta terça-feira. À jornalista Ana Maria Campos, a superintendente do Sebrae-DF, Rose Rainha, falou sobre as ações que a entidade está tomando para estimular essa área da economia local. Entre outros temas, a gestora também comentou sobre a pesquisa que a instituição realizará para mapear os potenciais econômicos de cada região administrativa de Brasília e também falou acerca dos atendimentos prestados para quem quer começar um negócio ou desenvolver o que já tem.

A senhora é a primeira mulher a assumir a superintendência regional do Sebrae na história e tem uma diretoria também com mulheres. O que uma composição feminina traz de novidade?
Hoje, nós somos três diretoras. Além de ter essa novidade da primeira superintendência feminina, temos duas outras diretoras: Adélia, que é administrativa e já estava no Sebrae; e a diretora Diná. Vejo muita responsabilidade, principalmente nesse momento em que a pauta feminina está sendo discutida. Mas somos três profissionais com serviços prestados e acreditamos que vamos entregar o que propomos, que é muito trabalho para nossa cidade.

Muito tem se falado que para tirar mulheres de situações de violência e dar a elas mais independência, o empreendedorismo é uma um caminho importante. O Sebrae tem programas voltados para mulheres e pessoas que querem começar nesse caminho?
Sim, nós temos. Vemos como o empreendedorismo está sendo uma forma libertadora de homens e mulheres para que tenham sua independência e, no caso das mulheres, possam sair de qualquer amarra e algum tipo de agressão ou domínio. Nós temos números que mostram o quanto a mulher tem um desempenho importante na área do empreendedorismo. Acreditamos que essa é uma das vertentes importantes para (frear) qualquer tipo de violência e para o sucesso econômico de nossa cidade.

Como o Sebrae pode ajudar uma pessoa que quer montar um negócio e começar nessa área de empreendedorismo?
Nós temos programas direcionados para o empreendedorismo feminino e temos uma série de atendimentos e produtos para esse empreendedor. Temos orientações para quem está iniciando, pensando em como montar seu negócio e para quem já montou um empreendimento e quer desenvolver sua marca ou organizar sua empresa. Quando falamos do empreendedorismo feminino, temos mapeado algumas ações com as quais mulheres têm mais dificuldades, e trabalhamos principalmente com a capacitação. Nesse último mês debatemos muito a questão da mulher. Em 29 de março fizemos um grande evento com muitas outras entidades que trabalham com mulher, com empreendedorismo feminino e lançamos para 2024 um grande evento. Começamos a desenvolver o trabalho agora, com uma grande pesquisa, para a qual nós iremos às regiões administrativas entender qual é o problema em cada região, como podemos desenvolver melhor o negócio dessa empreendedora, entendendo a vocação daquela área. Vamos ter um evento chamado Movement, do qual nós queremos sair com alguns direcionamentos de políticas públicas para a melhoria do ambiente de negócio para as mulheres.

O foco é pensar na vocação de cada cidade?
Sim, olhando cada região e o que podemos melhorar, entendendo por que o ramo daquela mulher não vai tão bem.

A ideia é trabalhar de forma regional, com programas voltados para cada cidade?
Isso. O Sebrae atuará com programas e, com o governo, para pensar políticas públicas que possam melhorar esse ambiente de negócio de cada região. É um trabalho mais amplo e que queremos fazer tanto com o setor produtivo, com várias outras entidades, quanto o setor público.

Com a situação do país, a saída para a geração de emprego é o setor produtivo, certo? Não dá mais para apostar toda economia no funcionalismo público.
Esse é um ponto de atenção. Nosso planejamento de 2023 foi todo voltado nesse sentido. Nossa cidade foi planejada para 500 mil habitantes. Sabemos que isso foi superado em muito. O que nós temos para nossa cidade é, realmente, empreender. Saiu uma pesquisa do governo federal que a nossa cidade é umas das melhores para empreender entre as 106 cidades com mais de 100 mil habitantes pesquisadas. Vemos que temos um ambiente propício e precisamos preparar esse futuro empreendedor. Para isso, o Sebrae trabalha fortemente com a educação empreendedora. Ano passado, passaram pela educação empreendedora 290 mil alunos. Temos uma ação forte hoje com a Secretaria de Educação do DF, e já avançamos para as escolas particulares. Porque o que a gente precisa é ter esse jovem pensando no empreendedorismo e mostrando que a nossa cidade é mais do que o funcionalismo público.

Como funciona esse programa?
Nós temos atividades que envolvem transversalmente o currículo escolar. Ano passado nós trabalhamos 13 mil professores. Esse docente formado está disseminando o conteúdo empreendedor dentro da sua matéria curricular. Lançamos no ano passado e formamos uma primeira turma. Este ano, temos algumas turmas em andamento nas escolas em parceria com o Sebrae. No turno contrário à aula, fazemos uma escola empreendedora. O Sebrae está entrando com todos esses professores e com o conteúdo, e esse aluno está saindo formado com dois diplomas: o curso normal e o curso técnico em administração. Acreditamos e vemos os resultados. Temos alunos formados que estavam no tráfico, e ele hoje tem empresa. Temos histórias de aluno que ajudou os pais na época da pandemia, porque ele ouvia esse conteúdo de que por meio do empreendedorismo poderia ter sucesso. Ele chamou a família e criaram uma empresa.

Falando da vocação do Distrito Federal, o que a senhora acha que é um caminho para quem quer empreender, apostar?
Nós temos várias áreas, uma delas é realmente a inovação. Nosso PIB aqui no Distrito Federal, nessa área de tecnologia, é altíssimo, o que prova que nosso ambiente é propício para isso. O turismo e a gastronomia também despontam como um dos grandes mercados. E temos aqui o setor de serviços muito fortes. Inclusive, é uma das áreas em que mulheres têm um grande número de empresas e uma atuação muito importante.

Que tipo de serviço?
Serviços de terceirização. Também empresas de limpeza, por exemplo. Temos grandes empresas e pequenas, mas bem estruturadas.

Qual é o caminho para a pessoa que se interessou e quer montar uma empresa? Como ela pode procurar ajuda?
Pelo site você tem um canal Sebrae em que você pode fazer o atendimento. Tem telefone (0800 570 0800) também em que você tenha o atendimento ou o presencial. Nós estamos com um projeto em que nós vamos para todas as cidades com o atendimento. Antes tínhamos um ônibus, agora temos uma carreta, que levaremos em cada cidade. Acredito que em junho estejamos com esse programa, atendendo os empreendedores localmente.

Estagiário sob supervisão de José Carlos Vieira

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