Operação

Brasileiros golpistas, presos em Portugal, aguardam extradição para o Brasil

Criminosos foram detidos em Lisboa durante a segunda fase da Operação Difusão Vermelha, que desbaratou uma quadrilha que enganava investidores. Os dois bandidos presos nesta sexta-feira lavavam o dinheiro em um restaurante e em uma banda de samba

Vicente Nunes — Correspondente
postado em 02/06/2023 09:21
 (crédito: Interpol/ reprodução)
(crédito: Interpol/ reprodução)

Lisboa — Os dois brasileiros presos em Portugal nesta sexta-feira (2/6), na segunda fase da Operação Difusão Vermelha, conduzida pela Polícia Civil do distrito Federal (PCDF) com o apoio da Interpol, serão extraditados para o Brasil. Ainda não há prazo para que isso ocorra. Os detidos em março, na primeira fase, continuam à espera de transferência para o Brasil. Entre eles, está o cidadão tcheco David Soukup, apontado como o líder do esquema de golpes financeiros que causou prejuízos de mais de R$ 16 milhões a pelo menos 945 investidores. Os golpistas tinham como inspiração o personagem Jordan Belfort, interpretado por Leonardo DiCaprio, do filme O Lobo de Wall Street.

Segundo o delegado Erick Sallum, da 9ª Delegacia de Polícia, responsável pelas investigações, todo o processo de extradição é conduzido pelo Poder Judiciário e intermediado pelo Departamento de Cooperação Internacional da Polícia Federal. Além da concordância da Justiça de Portugal, é preciso que haja recursos no Orçamento da União para que a transferência ocorra. Há uma fila de criminosos brasileiros, muitos condenados no Brasil e foragidos, esperando pelo mesmo procedimento. O território português se tornou um dos principais locais para bandidos brasileiros que não querem prestar contas à Justiça.

As investigações que resultaram na Operação Difusão Vermelha começaram depois de uma denúncia de um casal de brasilienses que perdeu aproximadamente R$ 630 mil em aplicações falsas. O casal foi abordado por um falso Rafael Fonseca, que prometia ganhos extraordinários em transações de Forex, com moedas estrangeiras, e de day trade, compra e venda de ações no mesmo dia na Bolsa de Valores. Mas os investimentos nunca eram realizados. Os golpistas — todos sediados em Portugal — sempre pediam mais dinheiro às vítimas, alegando que, em vez de ganhos, as aplicações estavam dando prejuízos, portanto, era preciso investir mais para recuperar tudo.

O esquema, que tinha o tcheco David Soukup como líder, só contratava brasileiros, porque era preciso falar com sotaque do Brasil, já que os golpes eram cometidos no país. Apenas uma das centrais de onde partiam as ligações às possíveis vítimas abrigava 150 brasileiros. Todos passavam por treinamento, sob o lema de que o importante era ficarem ricos, não que pessoas seriam ludibriadas e perderiam, muitas vezes, o que não tinham — houve gente que fez vários empréstimos bancários para os falsos investimentos. Os criminosos também criaram vários sites fictícios para dar um tom de seriedade quando fossem impor perdas aos incautos.

Na avaliação do delegado Sallum, o trabalho desenvolvido pela PCDF foi fundamental para desbaratar a organização criminosa e tentar reaver ao menos parte dos recursos perdidos pelos investidores. Contas bancárias foram bloqueadas, assim como criptoativos. “O inédito trabalho desenvolvido nas duas operações internacionais é fruto de verdadeiro heroísmo e absoluta dedicação dos policiais civis envolvidos. Em que pese que tenha sido uma investigação da PCDF, seu resultado reverberou em todo território nacional, impedindo novos ataques ao Brasil. Esse empenho demanda o devido reconhecimento da categoria policial civil”, diz.

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