Luto

Sepultamento de Emily da Silva tem passeata por justiça contra feminicídio

Antes do enterro de Emily Talita da Silva, 20, no Cemitério de Taguatinga, amigas e familiares pediram justiça com um X riscado nas mãos, sinal de basta à violência de gênero

Pedro Marra
postado em 27/06/2023 12:45
Passeata no enterro de Emily da Silva, vítima de feminicídio -  (crédito: Ed Alves/CB/D.A.Press)
Passeata no enterro de Emily da Silva, vítima de feminicídio - (crédito: Ed Alves/CB/D.A.Press)

Pouco antes do sepultamento de Emily Talita da Silva, 20 anos, no Cemitério de Taguatinga, familiares e amigos fizeram uma passeata, na manhã desta terça-feira (27/6), junto de integrantes do Instituto Mulheres Feminicídio Não. Aos gritos de "justiça!", "parem de nos matar!", "Emily, presente!" e "feminicídio, não!", o grupo segurava cartazes com o telefone 180, canal de denúncias de violência contra mulher, e mostrava um X nas mãos em sinal de basta.

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Assista a seguir um vídeo da manifestação.

O velório começou às 9h na capela 3, com orações e muita comoção dos entes queridos. A caminhada durou cerca de 10 minutos da capela até o local do enterro, onde mais de 60 pessoas se reuniram em luto pela morte de Emily, 17ª vítima de feminicídio neste ano. Ela igualou a quantidade total de 2022. A família conseguiu realizar o velório e sepultamento de Emily graças a vaquinha com doações por pix.

  • Velório de Emily da Silva, 20, no Cemitério de Taguatinga Ed Alves/CB/D.A.Press
  • Parentes de Emily da Silva, 20, em luto no Cemitério de Taguatinga Ed Alves/CB/D.A.Press
  • Passeata antes do enterro de Emily da Silva, 20, vítima de feminicídio, no Cemitério de Taguatinga Ed Alves/CB/D.A.Press
  • Manifestantes do Instituto Mulheres Feminicídio Não Francisca Rodrigues, 57, Lúcia Erineta, 55, e Tânia Lacerda, 56 Ed Alves/ CB/ DAPress

Relembre o caso

Emily foi morta na manhã do último sábado (24/6), pelo ex-companheiro, com uma facada nas costas na Chácara 64, no Sol Nascente. De acordo a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), o crime ocorreu por volta das 6h. A vítima, Emily Talita da Silva, tinha medida protetiva contra o suspeito, Jonas Costa, 29. A jovem deixa uma filha de 1 ano e meio.

Segundo a PMDF, os dois estavam bebendo em uma distribuidora, que fica em frente a uma madeireira. No entanto, ambos se desentenderam, até que o ex-companheiro a golpeou com uma facada nas costas. Emily não resistiu ao ferimento e o óbito foi declarado no local.

Em relato à polícia, uma amiga de Emily afirmou que ela estava comemorando seu aniversário com outra amiga na distribuidora. O ex-namorado, no mesmo lugar, queria levá-la embora com ele. Ao ter negado os insistentes pedidos, deu a facada em Emily e fugiu da cena do crime. A PMDF informa que o suspeito também tem passagens por roubo. 

18ª vítima de feminicídio no DF

Emily não foi a última vítima de feminicídio no DF. Às 5h35 deste domingo (25/6), o DF registrou a 18ª morte de mulher por violência de gênero e ultrapassou o total de 2022. Identificada como Valdice Santana, uma vendedora autônoma de 47 anos foi morta pelo companheiro, Bruno Gomes de Oliveira, 27, por asfixia.

Segundo a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), ela tinha dois anos de relacionamento com o agressor, de 27 anos, com quem morava no bairro São Bartolomeu. O suspeito contou aos policiais que estava bebendo com a namorada desde as 18h de domingo, e que, às 22h, tinha ido dormir com ela. Nesta segunda-feira (26/6), por volta das 5h, de acordo com o relato de Bruno aos policiais, ele acordou e se surpreendeu ao perceber que a companheira estava gelada.

Bruno conta que, então, se dirigiu para o quartel do Corpo de Bombeiros (CBMDF), localizado próximo à residência, para pedir ajuda. Os socorristas foram ao local e constataram que Valdice estava morta, mas não identificaram sinais de violência no corpo da vendedora.

Ao registrar a ocorrência, a delegacia acionou a perícia, que achou indícios de asfixia por estrangulamento, suspeita confirmada pelo médico legista. O corpo da vítima foi removido ao Instituto de Medicina Legal (IML) e o laudo técnico acusou sinais claros de morte violenta por esganadura, além de sangue nas cavidades naturais e laceração do fígado.

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