Acidente

Garoto que fraturou pé em barco viking não consegue pisar no chão

Menino de 12 anos quebra o pé e rompe o tendão em vão de barco viking do Nicolândia. A criança passou por cirurgia e levou 20 pontos. A família afirma que não recebeu assistência médica por parte do parque

Mariana Saraiva
postado em 10/07/2023 06:00
 (crédito:  Ed Alves/CB/DA.Press)
(crédito: Ed Alves/CB/DA.Press)

Um menino de 12 anos ainda se recupera de acidente ocorrido no dia 2 de junho no brinquedo viking do Nicolândia Parque Urbano, localizado no Parque da Cidade. Na ocasião, o Mateus Toscano prendeu o pé entre o barco e a plataforma de acesso à área. De acordo com a mãe, Roberta Toscano, ele teve fratura exposta, rompimento do tendão e precisou passar por uma cirurgia. A sutura teve mais de 20 pontos.

A mãe explica que a atração viking faz um movimento pendular, de sobe e desce. "Ele estava sentado no canto do brinquedo. Quando o barco começou a se movimentar, devido à velocidade, o corpo dele se soltou do assento onde estava e o pé se prendeu em um vão entre a plataforma de acesso ao brinquedo e o barco. Foi quando puxou o pé do buraco e percebeu que havia rasgado o tênis e se machucado", contou.

 

Ao fundo, o barco viking, a atração onde o menino de 12 anos se machucou gravemente em junho
Ao fundo, o barco viking, a atração onde o menino de 12 anos se machucou gravemente em junho (foto: Ed Alves/CB/DA.Press)

O garoto estava com cinto e barra de segurança, inclusive, colocados pelo instrutor do brinquedo, segundo Roberta. "Diante da quantidade de sangue todos começaram a gritar, o brinquedo foi parado, e o brigadista do parque colocou gaze no machucado", relata.  A família chamou um carro de aplicativo e correu para o um hospital particular da Asa Sul.  

O brinquedo voltou a funcionar cerca de 30 minutos depois do ocorrido, de acordo com a mãe do garoto. A família relata que mesmo depois de um mês do acidente, o menino segue sem pisar no chão, nem ir à escola. Ele tem ido ao hospital toda semana para trocar o curativo. "Ainda bem que temos plano de saúde, porque não recebemos assistência por parte do parque. Acredito que se ele não tivesse com tênis de couro forte, teria perdido o pé", diz a mãe.

Para Roberta, o que mais assusta é o fato de o parque não dispor de uma estrutura de atendimento médico para crianças. Por conta disso, a mãe abriu uma ocorrência na 9ª delegacia de polícia do Lago Norte. 

A reportagem tenta um posicionamento do Nicolândia, por meio da assessoria de imprensa, desde sexta-feira. Por telefone, a assessora informou que o parque não se pronunciaria sobre o caso.  

Fiscalização

A Secretaria de Esportes é responsável pela gestão do Parque da Cidade, onde o Nicolândia funciona.  O Correio procurou a pasta para saber se o parque está com todas as licenças em dia e se seria feita uma fiscalização para apurar eventual falha no brinquedo onde a criança se machucou. 

A secretária de Esporte e Lazer afirmou, em nota, que o Nicolândia tem uma licença de funcionamento por prazo indeterminado. Anualmente os órgãos competentes que fiscalizam atividades de risco. O Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil fazem a vistoria. Durante a fiscalização os órgãos pedem os laudos da parte mecânica e elétrica para elaboração de parecer. Semestralmente o parque atualiza os laudos. O procedimento de solicitação de fiscalização é feito pelo Nicolândia quando eles pedem a renovação da licença de funcionamento.

A reportagem também quis saber se a Defesa Civil foi acionada para fiscalizar o local depois da gravidade do acidente com a criança. Por e-mail, o órgão informou que "até o momento não foi acionada para o fato mencionado". Nossa equipe, então, foi atrás do Corpo de Bombeiros para entender se a corporação tem alguma responsabilidade pela fiscalização do parque. Por mensagem, eles informaram que o Nicolândia é fiscalizado pela Diretoria de Vistorias - DIVIS, que tem o Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF) como parte da equipe.

As vistorias podem ser inesperadas por parte do CBMDF (seja por denúncias ou outras situações). Questionados se fiscalizariam o local após o acidente, informaram que fazem a vistoria se acionados "pela ouvidoria do GDF, órgãos de imprensa e autoridades competentes."

De acordo com a corporação, no ato da vistoria "para fins de licença de funcionamento" e demais ações de fiscalização, o CBMDF exige a apresentação de documento de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) de montagem e desmontagem de todas estruturas (brinquedos, tendas, palcos e coberturas), emitida por um engenheiro mecânico. Também é necessário um laudo de distribuição elétrica.

Outros casos 

Em 2018, a Defesa Civil do Distrito Federal notificou os responsáveis pelo parque de diversões Nicolândia após 10 pessoas ficarem presas de cabeça pra baixo no brinquedo Mixer, no Dia das Crianças. Segundo a Subsecretaria de Defesa Civil, na época, uma notificação foi feita porque os responsáveis não seguiram o plano de emergência, que envolve chamar as forças de segurança no momento do acidente.

O pânico durou cerca de cinco minutos, tempo que funcionários do parque levaram para retirar todos os clientes que ficaram suspensos depois de o brinquedo travar. O problema deixou os usuários, presos a uma altura de cerca de 4 metros. 

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  • Um garoto de 12 anos ainda se recupera de um acidente ocorrido no dia 2 de junho na atração viking do Nicolândia Parque Urbano
    Um garoto de 12 anos ainda se recupera de um acidente ocorrido no dia 2 de junho na atração viking do Nicolândia Parque Urbano Foto: Ed Alves
  •  Uma sutura de mais 20 pontos
    Uma sutura de mais 20 pontos Foto: Ed Alves
  • Ao fundo, o barco viking, a atração onde o menino de 12 anos se machucou gravemente em junho
    Ao fundo, o barco viking, a atração onde o menino de 12 anos se machucou gravemente em junho Foto: Ed Alves/CB/DA.Press
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