Os pesque-pague são um opção de lazer interessante para quem deseja fugir da movimentação das cidades e aproveitar a natureza. Além da pescaria, esses espaços também são ponto de encontro entre amigos e familiares, em restaurantes e estalagens. A atividade atrai iniciantes e reúne quem é experiente na pesca. Estabelecimentos pesqueiros podem ser encontrados por todo o DF, concentrados em áreas rurais, como a Ponte Alta do Gama, mas também estão presentes em outras regiões administrativas.
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No Pesque Pague Taguatinga, Leonardo Teruo, 27 anos, faz pesca esportiva, à qual se dedica desde a infância. A experiência fez com que ele desenvolvesse um cuidado com a natureza, em oposição aos modos nocivos de pescaria. "Existe uma diferença entre a modalidade esportiva e a predatória. A minha sempre foi, e vai prevalecer — o esporte", argumenta. As práticas diferem pela forma que o animal é tratado após a captura. "Se eu pegar 50 peixes, vou soltar todos", defende.
Apesar de reconhecer que alguns pescadores consomem o pescado por necessidade, Leonardo entende que há exageros que podem causar malefícios ao meio ambiente. Por isso, o morador de Taguatinga chama atenção para a preservação das áreas naturais do DF e do Entorno. Segundo ele, "o lago Serra da Mesa é abundante em tucunaré-azul, mas infelizmente, muita gente não respeita a natureza local, porque é muito povoado, tem condomínio e muita casa".
Para que os esportistas mantenham a saúde das espécies, Arthur Rodrigues, 21, desaprova o uso de fisga, uma lâmina acoplada à extensão do anzol, com a função de fincar a peça na boca do peixe. "Não pegar ele no colo, mas sim segurar por baixo, o que deixa ele mais tranquilo. Se pegar na cauda, ele já fica nervoso e começa a se debater. São cuidados que a gente tem que ter", explica. As placas espalhadas pelo pesque-pague em Taguatinga também proíbem o uso de iscas artificiais, linhas multifilamento e qualquer alicate usado para pesar os peixes.
Tranquilidade e laser
Após conhecer a modalidade por meio de amigos, Rodrigo Pereira da Silva, 34, conta que encontrou o seu lugar. "Antes, eu pescava por diversão em rios e lagos. Há aproximadamente cinco meses, comecei a levar a pesca como esporte, venho aqui pelo menos uma ou duas vezes na semana", comenta. A opção dele por esses lugares se deve à diversão. "Aqui não tenho a obrigação de comer ou levar o peixe para casa. Outra coisa que faço é não maltratar o animal. Após ser pescado, retiro o peixe do anzol e devolvo para a água", completa.
A tranquilidade que esses pesqueiros oferecem é tão grande que o casal de empresários Fabianno Orsiguerra, 43, e Vanyere Lopes, 39, visitam o local com frequência há um ano. "Costumo vir aqui com minha esposa e meu sogro, pelo menos uma vez por semana", enfatiza, acrescentando que é uma maneira de esquecer os problemas da cidade e de se conectar com a natureza.
Confraternização
Arlene de Souza, 34, é atendente no Pesque e Pague Recanto Familiar Clube, no Gama, e estima que os meses de agosto, setembro e outubro são os mais movimentados. "A tranquilidade dos locais e a forma como são voltados para a família têm feito com que as pessoas optem pelos pesque-pague em relação a outros tipos de pescaria", salienta a atendente.
O fluxo de pessoas nesses locais aumenta nos fins de semana e nos feriados, de acordo com Nayra Fernandes, 24, recepcionista do Pesque-Pague e Restaurante Rural Tilápias Brasília, também no Gama. "Aqui é possível ver todas as gerações, dos mais jovens aos mais velhos", avalia. Em relação aos custos, variam conforme o peso e o peixe fisgado, além da escolha do cliente. Segundo Nayra, a maioria deles pesca por diversão e devolve o peixe para a água depois de capturado.
Esses locais são também procurados para comemorações, como aniversários e confraternizações de empresas. Além da ligação com a natureza, muitos têm música ao vivo em alguns dias. De acordo com Alexandre Tavares, 49, proprietário do Pesqueiro Ipê, "nesse momento do ano, é muito comum esse tipo de atividade, porque as pessoas se reúnem com os amigos de trabalho e vão curtir o dia".
Licença ambiental
O impacto ambiental das atividades de pesque-pague é considerado baixo. Por isso, não é necessário emissão de licença ambiental. No entanto, os estabelecimentos necessitam da Declaração de Conformidade de Atividade Agropecuária (DCAA), emitida pela Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri). A fiscalização desses espaços é feita mediante denúncia ao Seagri. De acordo com o órgão, o DCAA não isenta o produtor da responsabilidade de cumprir as determinações sanitárias de entidades protetoras do meio ambiente, como o Brasília Ambiental.
Dicas para começar a pescar
Primeiros passos:
— Procure grupos para conhecer pontos de pesca;
— Providencie a documentação necessária;
— Respeite a legislação.
Equipamentos necessários:
— Vara, molinete, linha, carretilha, iscas e roupa com proteção solar
Locais:
— Pesque-pague
— Lago Paranoá
— Lago Corumbá
— Lago Serra da Mesa
Fonte: Marcos Honorio, presidente da Associação de Pesca Esportiva, Subaquática e Conscientização Ambiental (APSSHARK-DF)
* Reportagem de João Carlos Silva e Luis Fellype Rodrigues, estagiários sob supervisão de Malcia Afonso
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