Entrevista

Caesb vai investir R$ 2,8 bilhões até 2027 e visa aprimorar atendimento

Luís Reis, gestor da companhia, disse ao Correio que interligação de sistemas dará mais segurança hídrica à população

Entrevista com o Presidente da Caesb, Luís Antônio Reis -  (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
Entrevista com o Presidente da Caesb, Luís Antônio Reis - (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
postado em 23/12/2023 06:00 / atualizado em 23/12/2023 09:32

O arquiteto e urbanista Luís Antônio Reis assumiu o comando da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) em agosto de 2023, com o desafio principal de melhorar o atendimento oferecido à população, alvo de críticas durante a gestão anterior.

Em entrevista exclusiva ao Correio Braziliense, o ex-diretor técnico da Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) fez um balanço sobre os investimentos da companhia em 2023 e deu previsão para os próximos anos, ressaltando que a intenção é aplicar, até 2027, R$ 2,8 bilhões em melhorias. Além disso, o presidente da Caesb falou sobre projetos para regiões carentes, políticas de consumo consciente, entre outros assuntos.

  • Presidente da Caesb, Luís Antônio Reis, dá entrevista sobre investimentos da companhia
    Presidente da Caesb, Luís Antônio Reis, dá entrevista sobre investimentos da companhia Minervino Júnior/CB
  • Presidente da Caesb, Luís Antônio Reis, dá entrevista sobre investimentos da companhia
    Presidente da Caesb, Luís Antônio Reis, dá entrevista sobre investimentos da companhia Minervino Júnior/CB/D.A.Press
  • Presidente da Caesb, Luís Antônio Reis, dá entrevista sobre investimentos da companhia
    Presidente da Caesb, Luís Antônio Reis, dá entrevista sobre investimentos da companhia Fotos: Minervino Júnior/CB/D.A Press

Investimentos feitos

O ideal é falar que, desde 2019, no início do atual governo, tínhamos acabado de sair de uma crise hídrica histórica (em 2017), por isso, foram estabelecidas metas muito fortes, para que a gente tivesse condições de responder no caso de uma nova crise. A partir daquele ano, a Caesb investiu, aproximadamente, R$ 1 bilhão em melhorias, expansão de rede e em ferramentas de controle. Temos obras contratadas e concluídas, de 2019 a 2023, que somaram, incluindo o sistema Corumbá IV — que é uma das mais importantes e caras —, R$ 486 milhões. Também concluímos os reservatórios do Plano Piloto, perto do Palácio do Buriti.

Para os próximos anos

No nosso plano de expansão, são R$ 2,8 bilhões de investimento total até o fim de 2027. Dentro desse valor, temos obras de captação, tratamento e disponibilização de água, além da coleta e tratamento de esgoto. Como também a adutora do Lago Norte que sai do Taquari até o balão do Colorado. É uma obra grande, deve ser concluída até novembro de 2024 e vai ajudar muito o sistema de abastecimento Sobradinho/Planaltina. Há uma adutora sendo construída em Brazlândia, que vai levar água para a estação de tratamento e reforçar todo o sistema da região. Essa obra está bem adiantada e deve ser entregue em junho. As obras em andamento somam mais de R$ 210 milhões, enquanto os projetos futuros, que são obras para aumentar a capacidade do sistema e para aumentar a capacidade de operação, somam R$ 400 milhões. Temos um volume de serviço determinado pelo Governo do Distrito Federal, para que a Caesb chegue ao fim de 2025 sem nenhum tipo de angústia e agonia.

Crise hídrica

Óbvio que temos que ter juízo, cuidar, tratar e fazer investimentos, mas crise hídrica, chegando ao ponto de termos racionamento, não vamos ter, porque a gente está bem preparado. Ninguém controla o clima, mas nossa equipe tem a capacidade de entender os riscos e correr atrás para mitigar esses riscos e é o que a empresa está fazendo. A gente precisa ter um pouco mais de água disponível. Hoje, além do crescimento normal, temos 30% a mais de água tratada disponível para a população do DF, do que existia lá atrás, na época da crise hídrica, por conta, principalmente, do sistema Corumbá IV. Só que, além desses 30%, temos que aumentar mais essa capacidade de fornecimento de água tratada. Para isso, a gente precisa melhorar algo que é muito importante aqui na Caesb, que é a possibilidade de interligação e de operação integrada de todos os sistemas. É como se a gente tivesse várias caixas d'água e vamos poder abrir mais uma para poder economizar a outra. Essa integração do sistema vai permitir que a gente tenha ainda mais segurança para a população do DF no fornecimento e estabilidade desse fornecimento de água tratada e a gente vai ter capacidade de fazer isso, em breve.

Consumo da população

O consumo é sazonal. Este ano, tivemos um calor excessivo e recordista, nunca teve um calor desse jeito no Brasil inteiro, não só aqui em Brasília. Quando se tem uma onda de calor dessa forma, o consumo aumenta, não existe a possibilidade de mudar isso, faz parte. Houve, sim, um aumento de consumo este ano no DF, mas estamos com vários trabalhos na área ambiental para poder cuidar desse assunto. É sempre preciso ter essa consciência de consumo e economizar água, pois é um bem finito. A gente não fabrica ela, só capta.

Regiões carentes

A Caesb está investindo bastante em projetos (nessas áreas). Estamos buscando fontes de financiamento para fazer essas obras e, hoje, estamos trabalhando com algumas áreas. Em Sobradinho, estamos fazendo obras na área de abastecimento no Setor Habitacional Nova Colina. Trabalhamos no projeto para o saneamento integrado do Santa Luzia e Morro da Cruz. Eles já estão inscritos no Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) e estamos buscando a fonte de financiamento. No Sol Nascente, a implantação de todo o sistema está bastante adiantada, já existem locais com água e esgoto. Cada atividade dessa significa, para nós, duas faces: a mais importante é o abastecimento, trazendo dignidade para essas pessoas; e a outra é a diminuição de perda. Hoje a gente sabe que existe a perda de água nessas regiões, então, todos esses projetos são no sentido de regularizar o fornecimento, diminuindo a perda e levando, para aquela população, segurança de saúde. Fazendo a instalação correta, a família vai ter uma água pura, limpa e, além disso, vai trazer uma redução de perda, que é um objetivo da permanente da Caesb.

Quadro de servidores 

Quanto aos servidores, estamos bem, com todos estabilizados e o quadro é suficiente. A Caesb é uma empresa muito sólida e muito grande. O pessoal é muito preparado, tem cursos e treinamentos frequentes, então, a empresa está muito preparada.

Qualidade da água 

A nossa é a melhor. Se alguém disser o contrário, tem que fazer uma disputa. Se tiver um campeonato, a gente vai com confiança. A melhoria é sempre constante e não tem jeito de parar, pois trabalhamos com tecnologia. O pessoal que dirige as operações é todo capacitado e traz muita segurança de que o trabalho é bem feito. Temos um laboratório que acabou de receber uma certificação internacional do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Isso significa que um teste feito nele, é aceito na Europa, nos Estados Unidos ou em qualquer lugar, o que nos dá uma segurança muito grande de que o trabalho está bacana. Melhorar, sempre, e para isso a empresa treina os empregados que vão a congressos o tempo todo, para ter sempre o alcance nessas tecnologias.

Contaminação

A água encanada fornecida pela Caesb não é contaminada por chorumes (de aterros sanitários). O aterro sanitário de Brasília não é objeto da nossa gestão. Eles têm que atender toda a regulação daquele aterro sanitário e eu entendo que eles atendem. Quem mora nas proximidades do aterro e é atendido por água da Caesb, não tem nenhuma preocupação, porque a nossa água chega limpa e 100% saudável.

Políticas de consumo 

Em 2022, essas campanhas não podiam ser feitas, por ser ano eleitoral. Este ano, tivemos restrições enormes, por conta de contratos. Em 2024, vamos reativar essas campanhas de uso consciente e de como economizar água nas casas das pessoas, de maneira muito forte. Sobre o reúso, para que ele seja feito de forma correta e consciente, é bastante complexo e não é uma coisa que a pessoa possa fazer em casa. A não ser em pequena quantidade, utilizando a água de chuva, por exemplo, para irrigação. Tudo isso é recomendável, hoje, o mundo está cheio de tecnologias voltadas para isso e a Caesb sempre vai apoiar esses avanços. A gente vai ter que fazer muitas campanhas de conscientização. A Caesb é uma empresa pública que está gastando mais dinheiro do que precisava, porque alguém resolve colocar o entulho de obra dentro de um cano ou de um tubo de esgoto. É uma coisa insana, ninguém consegue imaginar que isso possa acontecer, mas acontece.

Atendimento

Tivemos um problema no nosso principal canal de atendimento, o 115. Por isso, assinamos um novo contrato para a área de comunicação com o nosso cliente e estamos, graças a Deus, com um contrato muito mais sólido do que a gente teve neste ano, para que a gente possa fazer esse atendimento. A intenção é entrar com todos os canais, inclusive do WhatsApp, para que a população tenha maior agilidade na hora de contatar a Caesb. Também tivemos problemas nos contratos de manutenção de redes, em função de vários aspectos econômicos. Esses contratos estão sendo totalmente revistos e, no ano que vem, teremos uma nova licitação para contratação das empresas de manutenção que vão atender o Distrito Federal inteiro e isso deve estar concluído até a metade do ano que vem. Com isso, a gente quer que a população tenha um atendimento a qualquer hora e lugar, a mesma coisa que acontece com a área comercial. Hoje, os pagamentos podem ser feitos pelo Pix, só que, antigamente, a pessoa tinha que sair de casa para pagar. Isso tudo é para facilitar a nossa relação com o cliente.

 


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