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Metade dos doentes com dengue não apresentam sintomas

Assintomáticos, pacientes ignoram estar contaminados com a doença, e isso gera uma subnotificação dos registros de casos

Maria Fausta chegou ao Hospital de Campanha com fortes dores. Não conseguia sequer andar.
Maria Fausta chegou ao Hospital de Campanha com fortes dores. Não conseguia sequer andar. "Não consigo descrever. Dá desespero", disse - (crédito: Fotos: Giulia Luchetta)
postado em 14/02/2024 06:00 / atualizado em 15/02/2024 21:20

No combate à dengue, uma ameaça silenciosa acendeu o alerta. De acordo com especialista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), cerca de 50% dos casos são assintomáticos, ou seja, a doença não se manifesta com sintomas perceptíveis. E o número de casos não para de subir. O boletim mais recente do Ministério da Saúde revela que o DF tem 64,4 mil casos e 13 mortes. O informativo da Secretaria de Saúde da capital será divulgado amanhã.

A infecção assintomática pelo Aedes aegypti representa um desafio para a identificação e controle da propagação da dengue, segundo a médica infectologista Ana Carolina D'Ettorres, do projeto Cuida (@cuidagente.insta). "Esse dado é importante porque mostra que a circulação viral é maior do que a identificada pelos casos sintomáticos da dengue. Quando quase 50% das pessoas não têm sintomas, a circulação viral pode ser até o dobro do que imaginamos", alertou a infectologista.

Os pacientes assintomáticos geram preocupação nos especialistas porque, se forem picados pelo Aedes aegypti, o mosquito se contamina e, dentro de sete dias, torna-se capaz de transmitir a doença para outras pessoas. Ocorre, então, uma transmissão silenciosa que acelera a propagação da doença.

Contaminação em casa

O alto número de pacientes infectados, associado ao fato de parte da população ser assintomática, reforça a importância de se adotar cuidados preventivos contra o mosquito. "O repelente entra como estratégia de barreira física para a dengue", aconselhou a médica Ana Carolina. Usar roupas com mangas compridas também ajuda.

A especialista explica que o Aedes aegypti pode voar em um raio de até 100 metros de distância, e que costuma permanecer próximo aos locais onde deposita seus ovos. "Sempre que ocorre um caso de dengue em uma residência, é importante buscar focos de reprodução no domicílio ou na vizinhança, porque o mosquito tem capacidade de voar por pequenas distâncias", explicou a infectologista.

Atendimento

Enquanto isso, a população continua a formar filas para ser atendida no Hospital de Campanha da FAB, instalado em Ceilândia. Só no período do carnaval, entre o dia 9 e terça-feira (13/2), foram realizados 7.665 procedimentos (Veja quadro com o balanço). 

Sentada em uma cadeira de rodas, Maria Fausta Neri, de 62 anos, se contorcia com as dores causadas pelo vírus da dengue. Acompanhando a mãe, Gustavo Neri contou que o quadro de saúde de Maria Fausta se alterou de forma repentina. "Os sintomas começaram de madrugada. Segunda-feira ela estava bem", disse.

"Estou com uma dor que não consigo nem te descrever", murmurou a paciente. Foi por volta das 2h da madrugada que o sofrimento começou. "Chega a dar desespero sentir dor nas costas, nas articulações, atrás dos olhos, estar com a boca amarga e com vontade de vomitar", descreveu. Além dela, outros dois pacientes passaram pela triagem em cadeiras de roda.

Do outro lado do HCamp, já de saída, a diarista Lucy Santos Ferreira, 62, estava em busca do teste rápido da dengue, preocupada por receber o diagnóstico duas vezes num intervalo de 60 dias. "Vim aqui para fazer o teste, porque há dois meses eu tive uma dengue muito forte e agora estou de novo (infectada)", disse, preocupada.

O Hospital de Campanha da FAB não oferece testes de dengue, sendo voltado, unicamente, para o acompanhamento clínico dos casos e hidratação. Lucy, então, optou por fazer o teste na UPA do centro de Ceilândia.

Não muito longe dali, Aristides Luiz dos Santos, 74, retirava os resultados de seu último hemograma na UPA I de Ceilândia, que mostravam, felizmente, normalização do nível de suas plaquetas. "Sentia tanta fraqueza que não conseguia ficar em pé. Cheguei a parar de andar mesmo, estava me alimentando muito pouco", recordou.

O aposentado sentiu os primeiros sintomas da dengue no dia 4 deste mês, na mesma semana de abertura do HCamp. "Ele tinha feito o teste rápido em farmácia, mas chegou debilitado e já entrou em consulta", lembrou a filha Rosane América dos Santos, 46.

HCamp faz 7.665 procedimentos no carnaval

A Força Aérea Brasileira (FAB) atualizou as informações sobre a atuação do Hospital de Campanha (HCAMP) da Aeronáutica, exclusivamente referente ao período de carnaval (9/2 até às 18h de terça-feira):

Clínica médica: 1.413
Pediatria: 252
Emergência (UCS): 27
Exames laboratoriais: 1.561
Procedimentos de enfermagem: 1.146
Transferência: 34
Triagem: 2.009
Prova de laço: 1.217
Casos confirmados: 6
Total de procedimentos realizados: 7.665

HCamp faz 7.665 procedimentos no carnaval

A Força Aérea Brasileira (FAB) atualizou as informações sobre a atuação do Hospital de Campanha (HCAMP) da Aeronáutica, exclusivamente referente ao período de carnaval (9/2 até às 18h de ontem):

Clínica médica: 1.413
Pediatria: 252
Emergência (UCS): 27
Exames laboratoriais: 1.561
Procedimentos de enfermagem: 1.146
Transferência: 34
Triagem: 2.009
Prova de laço: 1.217
Casos confirmados: 6
Total de procedimentos realizados: 7.665

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