Podcast do Correio

"Comédia é natural para nós", diz Adriano Siri sobre Os Melhores do Mundo

O ator comentou como foi sua chegada à capital federal, na década de 1980, além da possibilidade de o filme Ainda Estou Aqui vencer o Oscar

"É uma conquista para o Brasil. Ainda que não leve o prêmio, só a indicação já é grandiosa", diz Adriano Siri sobre indicação de Ainda Estou Aqui - (crédito: Pedro Santana / CB)

O Podcast do Correio recebeu, na tarde de segunda-feira (27/1), o ator, arquiteto, escritor e poeta Adriano Siri. O bate-papo descontraído foi conduzido pelas jornalistas Samanta Sallum e Ana Maria Campos, que, além de abordar a trajetória do integrante do grupo Os Melhores do Mundo, discutiram a indicação da atriz Fernanda Torres e do filme Ainda Estou Aqui ao Oscar, uma das mais importantes premiações do cinema mundial.

Siri celebrou os 30 anos de Os Melhores do Mundo, que serão comemorados em abril de 2025, e compartilhou detalhes de sua vida desde que chegou a Brasília, ainda criança, no início dos anos 1980. Na capital federal, ele seguiu um caminho totalmente diferente do restante da família, que é da área jurídica. “Cheguei a Brasília e fui morar na 108 Sul. Eu não queria fazer direito, não tinha muito encanto. A arquitetura me pegou. Foi muito incrível quando passei na Universidade de Brasília (UnB). Foi um curso muito enriquecedor, porque Brasília é um laboratório a céu aberto para quem estuda arquitetura”, relembrou.

Como foi seu início em Brasília?

Na arquitetura, já no fim do segundo grau, comecei a estudar saxofone. Fiz muitos amigos músicos, porque o curso é muito diversificado e reúne muitos artistas. Eu tocava sax e cantava com um amigo. Na UnB, a faculdade de Arquitetura é vizinha à de Comunicação. Foi lá que conheci jornalistas, e uma vez alguém da Comunicação me convidou para fazer a locução de um curta. Eu nunca tinha feito isso, mas aceitei. Foi assim que iniciei minha trajetória como locutor, cantor e músico, muito antes de ser ator.

E o nascimento de Os Melhores do Mundo?

Eu me formei em Arquitetura e exerci a profissão. Projetei duas ou três casas, fiz muitas reformas. Em uma reviravolta da vida, já envolvido com música e arte, entrei em uma banda chamada Os Wallace. O grupo teatral A Culpa É da Mãe nos assistiu e nos convidou para um projeto conjunto. De repente, estávamos juntos como elenco, estreando Os Melhores do Mundo no dia 21 de abril de 1995. Foi um momento especial.

É difícil fazer comédia?

Para nós, é natural. Eu sempre digo que, em Os Melhores do Mundo, todos, exceto o Welder Rodrigues, somos atores de teatro que fazem comédia. O Welder, além de ator de teatro e TV, é um comediante. É muito difícil você dar a ele um papel dramático, porque as pessoas vão olhar e vão rir. Todos nós conseguimos e fazemos muito bem um papel dramático, mas essa química e esse resultado dessa união, não tinha como ser outra coisa, sabe? A direção foi para o humor. A gente, hoje, no sentido de experimentar e tentar se fazer um drama, nem pensamos. Para a gente, é muito natural e mais fácil fazer comédia. Apesar disso, a comédia tem elementos que são muito difíceis, como o tempo da comédia, como utilizar o corpo, a crítica. Ou seja, tem muitas coisas que não são fáceis, mas para a gente sim.

Qual sua expectativa para o filme Ainda Estou Aqui?

Eu não vi os outros filmes, então não posso dizer que vai ganhar. Acho que sempre tem uma questão política entre os membros da academia. Acho que o fato de a Fernanda Torres ter ganhado o Globo de Ouro ajudou muito, porque despertou a atenção dos membros da Academia para ela e para o filme. A história entre Fernanda e a mãe dela, Fernanda Montenegro, dá uma delicadeza especial à obra. Além disso, Walter Salles, que volta após 25 anos, também contribui para essa constelação. O filme é mais do que uma crítica; é um posicionamento sobre questões que têm ocorrido no mundo. Não aborda apenas o Brasil, mas várias partes do planeta.

Você acredita que a indicação ao Oscar sensibiliza todo o país?

Acho que não. Infelizmente, muitas pessoas negam os acontecimentos retratados no filme. É lamentável, mas deveria sensibilizar. É uma conquista para o Brasil. Ainda que não leve o prêmio, só a indicação já é grandiosa. Mas ninguém quer perder. É como ganhar medalha de prata: é bonito, mas não é o que a gente quer. A Fernanda acabou de ganhar mais um prêmio, o que, na minha opinião, fortalece o caminho dela para o Oscar. Acredito que podemos conquistar dois prêmios.

Assista o Podcast do Correio na íntegra

Pablo Giovanni
postado em 28/01/2025 06:00 / atualizado em 28/01/2025 06:27
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