
O leito do córrego Santa Bárbara será desviado, após os graves danos ambientais provocados pelo desabamento do Aterro Sanitário Ouro Verde, em Padre Bernardo (GO), em 19 de junho. Além disso, serão retirados 42 mil metros cúbicos de lixo e haverá o esvaziamento das três lagoas de chorume do aterro.
As medidas foram anunciadas pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) de Goiás, após o relatório do corpo técnico da pasta concluir que "se chegou ao limite das ações possíveis no âmbito técnico-operacional por parte dos servidores das instituições diretamente envolvidas".
O documento esclarece que "as equipes técnicas trabalharam com celeridade, empenho e dentro de suas competências legais desde o início do evento, mas a ausência de resposta efetiva da empresa (Ouro Verde) compromete a continuidade e a efetividade das ações de resposta emergencial", diz o relatório.
O engenheiro agrônomo Charles Dayler destacou que o desvio do córrego não é a melhor alternativa, porém, é uma opção emergencial "possível de ser tomada nesse caso", uma vez que "tudo depende de medidas de engenharia que levam tempo para a elaboração do projeto". Dayler reforçou que o ideal é que "não seja feita uma intervenção perene e, sim, pelo tempo que durar o trabalho de recuperação da área".
Sobre a retirada dos 42 mil metros cúbicos, o agrônomo explicou que é tecnicamente viável retirá-los do córrego, apesar do local ser de difícil acesso, com o uso de maquinário específico. "O ideal é que esse material seja removido antes do período das chuvas, uma vez que pode ocorrer um maior escoamento de chorume", reforçou.
Para Dayler, as medidas propostas pela Semad são adequadas para uma resposta emergencial, mas não contêm o dano causado pelo desastre, pois o material está em constante contato com o meio ambiente, o que causa impacto. O especialista advertiu que mesmo que haja a remoção do material, a degradação ambiental continua acontecendo.
Notas
Em nota, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) informou que uma força tarefa, composta por 15 servidores do instituto, está mobilizada para ações diretas de resposta ao incidente do lixão dentro da APA da Nascente do Rio Descoberto. O órgão informou que "entre as ações, foi feito um desvio do curso hídrico que está sendo poluído, além de acessos por meio de cabos de segurança e a instalação de duas motobombas para a drenagem da água acumulada pelo lixo".
A empres Ouro Verde informou, também em nota, que tem acolhido integralmente as análises realizadas pelos órgãos competentes. "A empresa está trabalhando em estreita colaboração com as autoridades ambientais, engenheiros especialistas e instituições reguladoras para definir e executar a melhor solução definitiva, com agilidade e responsabilidade. Não estamos nos isentando de nenhuma ação: pelo contrário, ampliamos nossa equipe técnica, aumentamos os investimentos emergenciais e mantemos todos os canais abertos para comunicação transparente com a sociedade", garantiu.
Ainda de acordo com a nota, "neste momento, estão sendo adotadas as seguintes providências imediatas: remoção controlada dos resíduos deslocados; monitoramento em tempo real do lençol freático e do córrego Santa Bárbara; elaboração, em conjunto com órgãos reguladores, de um plano de recuperação ambiental robusto".
A empresa reafirmou publicamente que assumirá integralmente os custos das ações emergenciais e das medidas necessárias à recuperação ambiental, bem como qualquer assistência às comunidades diretamente afetadas. "Sobre a possibilidade de sanções, estamos cientes de que toda atividade regulada está sujeita à fiscalização e ao devido processo. Não nos opomos a nenhum tipo de apuração: pelo contrário, colaboramos ativamente com todos os órgãos responsáveis e mantemos total abertura para auditorias técnicas, propondo um modelo de atuação baseado em transparência, responsabilidade e correção de rumos", finalizou.
*Estagiária sob a supervisão de Eduardo Pinho
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