Maus-tratos

Abandono e canibalismo: cães são resgatados e polícia investiga omissão de órgão do GDF

Testemunhas relataram que a situação chegou a um ponto extremo: cadelas teriam devorado uma das companheiras por conta da prolongada privação alimentar. O dono dos animais foi preso em flagrante

Cães foram resgatados em Samambaia -  (crédito: PCDF/Divulgação)
Cães foram resgatados em Samambaia - (crédito: PCDF/Divulgação)

Uma operação da Polícia Civil (PCDF) resgatou três cães vítimas de maus-tratos em Samambaia. Os animais foram encontrados em estado de abandono, com sinais evidentes de fome, sem acesso a água ou alimentação adequada. Testemunhas relataram que a situação chegou a um ponto extremo: cadelas teriam devorado uma das companheiras por conta da prolongada privação alimentar. O dono dos animais foi preso em flagrante.

A investigação colocou sob suspeita a Secretaria Extraordinária de Proteção Animal do Distrito Federal (Sepan-DF), responsável pelo acolhimento de animais em situação de risco. Segundo a PCDF, gestores da pasta teriam se recusado a recolher os cachorros, apesar da gravidade do caso.

A operação ocorreu na tarde dessa terça-feira (1º/6) e foi deflagrada pela 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia Norte) e Delegacia de Repressão aos Crimes Contra os Animais (DRCA). Os policiais tiveram acesso ao vídeo macabro que mostrava três cadelas devorando uma quarta para se alimentar. Outra situação semelhante teria ocorrido anteriormente: os cães atacaram e mataram o cachorro de outro vizinho. Eles só não conseguiram devorá-lo por conta da barreira do portão da residência.

Investigação

O Correio apurou que a decisão judicial que embasou a operação determinava o encaminhamento dos animais ao abrigo público sob responsabilidade da Sepan-DF. No entanto, tanto a Secretaria quanto a presidente do Instituto OMNI — entidade responsável pela administração do abrigo — recusaram-se a receber os cães. Diante da recusa injustificada ao cumprimento de ordem judicial, as responsáveis poderão responder pelo crime de desobediência. Os animais estão abrigados na delegacia e aguardam por um lar temporário.

O que diz a secretaria

Em nota oficial, a Sepan informou que não houve recusa da parte da secretaria quanto ao acolhimento dos animais, "mas sim uma impossibilidade técnica e estrutural". A pasta alegou que ainda não dispõe de espaço adequado para o recebimento de animais vítimas de maus-tratos.

"Ressaltamos que o espaço gerido pela OMNI não é destinado ao recebimento de animais oriundos de operações policiais, mas sim uma unidade temporária voltada exclusivamente ao cuidado pós-operatório de animais de rua, conforme previsto no Termo de Fomento vigente. Além disso, em situações que envolvem determinações judiciais direcionadas à SEPAN/DF, é imprescindível que a Secretaria seja formalmente notificada pela autoridade judicial competente, a fim de possibilitar a análise jurídica do caso e a adoção das providências necessárias, em conformidade com as competências legais e os instrumentos administrativos vigentes."

Ainda em nota, o órgão esclareceu que não foi oficialmente intimada ou notificada acerca de qualquer mandado judicial relacionado ao acolhimento dos animais mencionados, o que inviabiliza qualquer ação administrativa a respeito. "A SEPAN/DF reitera seu compromisso com a proteção e bem-estar animal, e segue trabalhando na estruturação de políticas públicas para a criação de espaços adequados ao acolhimento de animais vítimas de maus-tratos, sempre que possível, com a devida previsão legal e orçamentária", finalizou.

postado em 02/07/2025 05:50 / atualizado em 02/07/2025 14:08
x