Marcha das Mulheres Negras

"Adentramos no Judiciário", celebra ativista social Jane Monteiro

Ativista social Jane Monteiro Neves ressalta a importância da Marcha das Mulheres Negras para a valorização da cultura negra feminina e conta sobre a vitória de, pela primeira vez, conseguir entregar um documento ao presidente do STF

Jane Monteiro Neves (E), Sibele Negromonte e Eduardo Fernandes -  (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
Jane Monteiro Neves (E), Sibele Negromonte e Eduardo Fernandes - (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

A Marcha das Mulheres Negras, que ocorreu na terça-feira (25/11), conseguiu alcançar mais de 1 milhão de mulheres pretas, destacou Jane Monteiro Neves, ativista da Rede Fulanas / Negras da Amazônia Brasileira em entrevista ao Podcast do Correio. Na conversa com os jornalistas Sibele Negromonte e Eduardo Fernandes, Jane ressaltou a importância do evento para a valorização da cultura negra feminina e revelou que a organização da marcha tem mais de 200 comitês no Brasil e uma estrutura global que inclui o Cone Sul, Caribe, África e Estados Unidos. 

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Ela também detalhou a participação das mulheres negras na COP30, onde levaram o debate sobre a conservação da floresta e a segurança dos quilombos, e a inédita entrada no Judiciário, com a entrega de um documento ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, no dia da marcha.

Que conquistas a marcha teve nesta edição?

Nós tivemos um resultado gratificante, que chamamos de grandioso nesta segunda marcha, que foi conseguir adentrar o Judiciário. Tínhamos viés político, mas nunca chegávamos. Já tínhamos adentrado no Executivo, no Legislativo, mas, no Judiciário, jamais. E essa marcha foi tão grandiosa que nós adentramos o Judiciário. Além de ser masculino, predominantemente, ele é branco. E nós conseguimos penetrar nesse espaço.

Além de adentrar o Judiciário, que balanço faz do evento?

Doze das nossas organizações de apoio à marcha estiveram com o presidente do Supremo, Edson Fachin, no dia da marcha. Elas levaram o documento construído a partir das diversas apresentações de mulheres negras deste país. E, mais do que isso, atingimos mais de 1 milhão de mulheres pretas no Brasil, que era nossa meta. Isso significa que essas mulheres ficaram sabendo da marcha e do seu propósito. Nós fazemos essa formação de debater com elas o que é reparação histórica e bem-viver. 

Como funcionam os comitês da marcha?

Nós organizamos assim: comitê nacional, comitês regionais — que compreendem diversos estados, como os da região Norte (a Amazônia brasileira) —, mas também Centro-Oeste, Nordeste, Sul e Sudeste. Dentro dos comitês regionais, temos os comitês estaduais, e cada estado possui o seu. Nos comitês estaduais, há vários comitês municipais e, também, comitês temáticos, como o das psicólogas negras e o da saúde para pessoas negras. Temos vários núcleos temáticos dentro desse grupo. Somos mais de 200 comitês nessa organização no Brasil, sem contar o comitê global. Dentro do comitê global, temos o Cone Sul, com todos os seus países; o Caribe, com cerca de cinco países; a África, com seis; e os Estados Unidos. Angela Davis é uma grande liderança e referência de lá, e ela nos acompanha nessa trajetória da marcha há mais de dois anos, período em que estamos nessa organização. Inclusive, lançamos o comitê operativo, que chamamos de escritório da marcha, aqui, há mais de um ano.

Agora, após a marcha, vocês vão se manter ativas?

Eu acredito que o comitê operativo, possivelmente, não, mas o movimento não pode parar. Embora seja a segunda marcha, ela já deixou muitas vitórias, mas ainda temos muito a percorrer. Dá um prazer de lutar, porque a gente acredita na luta e que ela vai trazer benefícios, e traz. Vai valer a pena.

E sobre a participação da marcha na COP30?

Uma das dificuldades na COP30 foi a falta de compreensão de que quem conserva a floresta e os rios, como a população indígena e os quilombolas, precisa ser ouvido. Questionamos como eles fizeram para conservar a mata até agora e por que a crise climática entra em cena quando eles começam a ser atacados. Os quilombos hoje não dormem tranquilos, sempre com medo de ataques, e esse debate foi levado ao presidente do Supremo, Edson Fachin. Não foi fácil, mas fomos para cima. Esse manifesto, além de ir para todas as mídias, também é entregue às coordenações. Um dos principais pontos dele foi a necessidade de titulação dos quilombos. 

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Aponte a câmera para assistir ao podcast (foto: Divulgação: Correio Braziliense)

*Estagiária sob a supervisão de Malcia Afonso

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    Aponte a câmera para assistir ao podcast Foto: Divulgação: Correio Braziliense
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    cabeca consciencia negra capa Foto: editoria de arte
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postado em 30/11/2025 04:01
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