NOITE DE CELEBRAÇÃO

Dione Moura dedica Prêmio JK à família, à UnB e aos jornalistas

O discurso da pesquisadora foi marcado por gratidão, defesa da educação e reconhecimento do trabalho jornalístico

Dione Moura recebe o prêmio JK, no auditório do TCU -  (crédito: Minervino Júnior/CB Press)
Dione Moura recebe o prêmio JK, no auditório do TCU - (crédito: Minervino Júnior/CB Press)

A diretora da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB), Dione Moura, emocionou o público ao receber o Prêmio JK, na noite desta terça-feira (9/12). Em um discurso marcado por gratidão, defesa da educação e reconhecimento do trabalho jornalístico, a professora ressaltou que a homenagem carrega tanto celebração quanto responsabilidade.

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“Todo prêmio é 50% alegria e 50% responsabilidade. A gente se alegra, claro, mas também entende que há expectativas sobre nós”, afirmou. Jornalista e educadora, Dione destacou que o reconhecimento tem peso simbólico para sua trajetória. “Eu sou jornalista, jornalista-educadora. Essa é a minha tarefa, a minha vocação”, frisou.

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Em um gesto carinhoso, a diretora dedicou o prêmio aos familiares. “Dedico este prêmio à minha família — Oliveira, Moraes, Cavalcante Oliveira. É por vocês que estou aqui”, afirmou, lembrando que a base de sua formação está em casa. “A gente começa a educação na família. Como família educadora, atribuo a eles essa construção que me trouxe até aqui”, disse. Dione mencionou ainda todos os professores que a acompanharam desde a infância: “Sou grata a quem me formou desde os cinco anos até a pós-graduação.”

Reconhecimento

A professora fez questão de saudar colegas e estudantes da Faculdade de Comunicação da UnB presentes no evento. “Quero registrar a homenagem às parceiras e professores da FAC. Tenho orientandas de iniciação científica, de mestrado, de doutorado… É uma alegria vê-las aqui”, disse. Ela também destacou a presença do diretor acadêmico e amigas de longa data. "É uma rede que me sustenta."

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Dione dedicou parte significativa do discurso ao jornalismo, elogiando o Correio Braziliense por manter uma prática que considera essencial: ouvir. Ela lembrou que sempre provocou debates e sugeriu pautas ao jornal — e que encontrou receptividade. “Sou jornalista-educadora, e sempre estou solicitando novas abordagens, novas coberturas. E se tem uma empresa que responde, é o Correio”, disse. A professora mencionou também outras agendas às quais o jornal tem se dedicado: “Questões ambientais do Cerrado, pautas de gênero, defesa das mulheres etc. O Correio tem buscado compreender essa história.”

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Dione aproveitou o momento para reforçar a necessidade de valorização do trabalho jornalístico. “A vida de jornalista não é fácil. Nossa profissão é precarizada. Trabalhamos mais do que deveríamos e recebemos menos do que poderíamos”, afirmou. Ela defendeu a recomposição do valor simbólico e profissional da categoria. “É hora de valorizarmos nosso diploma. Ninguém com diploma promove desinformação. Desinformação não é produzida por jornalistas formados”, disse.

Esta é a primeira edição do Prêmio JK, lançado pelo Correio Braziliense, que reconhece e homenageia personalidades que fizeram parte da história de Brasília. O prêmio leva o nome da maior referência para a cidade, o ex-presidente Juscelino Kubitschek. São 16 categorias: esporte, cultura, sustentabilidade, agro, empreendedorismo, educação, direito e justiça, indústria e tecnologia, inclusão e voluntariado, saúde, gestão pública, turismo e eventos, comércio e serviços, entidade de classe, inovação e economia criativa. Além disso, há a categoria das homenagens especiais: quatro personalidades que se destacaram em várias áreas foram selecionadas para figurarem na história dessa premiação. A seleção dos homenageados deste ano foi feita pela redação do Correio.

Perfil de Dione Moura

Professora titular da Universidade de Brasília (UnB) e diretora da Faculdade de Comunicação, Dione Moura é de família negra de origem nordestina e crescida em uma casa de barro e palha na periferia da capital goiana. Aprendeu desde cedo que a educação seria o único caminho possível para romper os limites impostos pelo racismo estrutural.

Os pais, um piauiense e uma baiana, valorizavam profundamente a cultura e o estudo. De seis irmãos, todos se formaram e conquistaram carreiras consolidadas.

Dione ingressou no jornalismo pela Universidade Federal de Goiás (UFG), mas foi em Brasília que consolidou sua trajetória acadêmica. Na UnB, especializou-se em jornalismo político, sob orientação de Carlos Chagas, e iniciou a carreira como pesquisadora voltada para temas sociais.

No mestrado, produziu a primeira dissertação brasileira sobre cinema feito por cineastas negros, um estudo que mais tarde serviu de base para debates sobre identidade, memória e representatividade no campo da comunicação.

Ao longo da carreira, manteve uma produção acadêmica marcada pela diversidade de temas, como jornalismo científico, ambiental, identidade racial e gênero, mas com uma pergunta central — “Para que serve a comunicação e qual o impacto concreto que ela tem sobre a sociedade?”. Além disso, seu lema sempre foi “Jornalismo muda vidas”.

Em 1995, foi aprovada no concurso para docente da UnB. Desde então, participou da formação de uma geração de jornalistas, coordenou projetos como a revista Campus Repórter e atuou em mais de 200 bancas de graduação e pós-graduação. Durante a pandemia, voltou às origens da profissão, orientando equipes e pesquisadores na cobertura da covid-19.

Em 2003, assumiu a relatoria da proposta que instituiu o sistema de cotas raciais na UnB. Com isso, a universidade se tornou a primeira instituição federal de ensino superior a adotar ações afirmativas para negros e indígena, medida que se transformou em referência para a Lei de Cotas nacional, de 2012.

Assista à transmissão do evento: 

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postado em 09/12/2025 22:15
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