Pesquisadores da Austrália conseguiram reduzir em 77% a infecção por dengue na Indonésia ao utilizar uma “arma viva”. O grupo de cientistas inseriu em mosquitos Aedes aegypti, espécie responsável pela transmissão da doença, uma bactéria que ocupa, no inseto, o espaço preenchido pelo vírus. A ação impediu que os animais propagassem a doença na região em que foram soltos. Os dados foram apresentados na última edição da revista especializada New England Journal of Medicine.
Os especialistas utilizaram a bactéria chamada Wolbachia e fizeram a modificação em 5 milhões de ovos de mosquitos, que foram inseridos ao redor da cidade de Yogyakarta. “Os ovos foram postos dentro de baldes de água e posicionados nas regiões mapeadas pelo nosso grupo a cada duas semanas, em um período de nove meses”, detalham.
Ao fim do experimento, os casos graves de dengue haviam caído 77%, e o número de pessoas que necessitavam de atendimento hospitalar, 86%. “Esse resultado é inovador. É melhor do que poderíamos esperar”, declarou à rede de televisão britânica BBC Katie Anders, pesquisadora da Universidade Monash e autora do estudo.
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Acredita-se que a bactéria altera a fertilidade dos mosquitos — como é transmitida às gerações futuras dos insetos, ela ajudará a substituir os animais que infectam os humanos por insetos sem essa capacidade. A aposta dos cientistas é de que a técnica também possa ser usada para combater outras enfermidades que são transmitidas por esses animais, como o zika vírus e a febre amarela.
A pesquisa australiana faz parte de um programa maior, chamado World Mosquito Program (WMP), que conta com a participação de cientistas da Universidade de Gadjah Mada, na Indonésia, e de pesquisadores brasileiros, da Instituição Oswaldo Cruz. Nos testes feitos no Brasil, foram inseridos mosquitos modificados em cidades do Rio de Janeiro. Os testes preliminares apontam redução de 75% dos casos de chicungunha nas áreas que receberam a intervenção, quando comparadas às sem o Aedes modificado.
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