MEIO AMBIENTE

Clima e uso intensivo da terra dizimam insetos, afirmam pesquisadores dos EUA

O artigo é o primeiro a identificar que uma interação entre o aumento das temperaturas e as alterações no uso da terra está causando perdas generalizadas em várias espécies

Paloma Oliveto
postado em 24/04/2022 06:00
 (crédito: FaustoCarneiro/Divulgação)
(crédito: FaustoCarneiro/Divulgação)

As mudanças climáticas e a agricultura já foram responsáveis por uma redução de 49% no número de insetos nas partes mais impactadas do mundo, segundo um estudo da Universidade da Califórnia, em Los Angeles (Ucla). O artigo, publicado na revista Nature, é o primeiro a identificar que uma interação entre o aumento das temperaturas e as alterações no uso da terra está causando perdas generalizadas em várias espécies, em todo o planeta.

"Muitos insetos parecem ser altamente vulneráveis às pressões humanas, o que é preocupante, à medida que as mudanças climáticas pioram e as áreas agrícolas continuam a se expandir. Nossas descobertas destacam a urgência de ações para preservar os habitats naturais, retardar a expansão da agricultura de alta intensidade e reduzir as emissões para mitigar as mudanças climáticas", diz o autor principal, Charlie Outhwaite.

"A perda de populações de insetos pode ser prejudicial não apenas ao ambiente natural, onde eles geralmente desempenham papéis importantes nos ecossistemas locais, mas também pode prejudicar a saúde humana e a segurança alimentar, principalmente com a perda de polinizadores."

Biodiversidade

Os pesquisadores analisaram um grande conjunto de dados sobre a abundância de insetos e a riqueza de espécies em todo o mundo, com 750 mil registros referentes a 20 mil espécies. A equipe comparou a biodiversidade desses invertebrados em diferentes áreas, dependendo da intensidade da agricultura, bem como do aquecimento histórico do clima no local.

O estudo constatou que, em áreas com agricultura de alta intensidade e aquecimento climático substancial, o número de insetos foi 49% menor do que na maioria dos habitats naturais sem mudanças no clima registradas. A redução no número de espécies diferentes foi de 29%. As áreas tropicais, como a Amazônia, viram os maiores declínios na biodiversidade ligados ao uso da terra e ao aumento de temperatura.

"Trata-se de um estudo importante porque os insetos têm uma gama muito ampla de papéis nos ecossistemas. Além da polinização e do controle de pragas, eles são essenciais para a decomposição de resíduos e nutrientes", destaca Tom Oliver, professor de ecologia da Universidade de Reading, na Inglaterra, ao comentar o artigo.

"Com insetos constituindo uma grande proporção da biomassa, eles também têm papéis-chave para apoiar outras espécies da pirâmide da vida, como, por exemplo, fornecendo alimento para pássaros, morcegos e pequenos mamíferos", acrescenta. 

 


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