CIÊNCIA

Estudo detalha como o estresse na gravidez pode afetar o bebê

Uma pesquisa descobriu que a ansiedade em mulheres grávidas parece afetar o desenvolvimento cerebral dos bebês

Helena Dornelas*
postado em 29/04/2022 18:50 / atualizado em 29/04/2022 18:50
O estudo foi feito pelo Hospital Nacional da Criança e foi publicado na revista científica 'JAMA Network Open' -  (crédito: Pixabay)
O estudo foi feito pelo Hospital Nacional da Criança e foi publicado na revista científica 'JAMA Network Open' - (crédito: Pixabay)

A gestação é um período de extrema importância para a mãe e para o bebê. Uma pesquisa descobriu que altas taxas de ansiedade, depressão e estresse das mulheres durante a gravidez podem alterar as principais características do cérebro fetal, o que posteriormente diminui o desenvolvimento cognitivo da criança aos 18 meses.

As mudanças também aumentaram os comportamentos de interiorização e desequilíbrio emocional das crianças.

O estudo foi feito pelo Hospital Nacional da Criança e foi publicado na revista científica JAMA Network Open. Os pesquisadores estudaram 97 mulheres grávidas e seus bebês, e os resultados sugerem ainda que o sofrimento psicológico persistente após o nascimento do bebê pode influenciar a interação pai-filho e a auto-regulamentação infantil.

O estudo destaca a ligação entre o desenvolvimento cerebral intrauterino alterado e as consequências do desenvolvimento cognitivo a longo prazo para os fetos expostos a altos níveis de estresse durante a gravidez.

No útero os pesquisadores observaram mudanças na profundidade sulcal e no volume hipocampal esquerdo, o que explicaria os problemas de neurodesenvolvimento observados após o nascimento. Isso significaria que quando os bebês se tornam crianças podem apresentar problemas sociais e emocionais persistentes e ter dificuldade em estabelecer relações positivas com outras, inclusive com suas mães. Para confirmar isso é necessários outros estudos com uma maior camada de pesquisa.

“Ao identificar as mulheres grávidas com níveis elevados de sofrimento psicológico, os médicos poderiam reconhecer os bebês que estão em risco de sofrer mais tarde uma deficiência de desenvolvimento neurológico e poderiam se beneficiar de intervenções precoces e direcionadas" explica Catherine Limperopoulos, chefe do Developing Brain Institute at Children's National.

A pesquisa mostrou que independente do status econômico, cerca de uma em cada quatro mulheres grávidas sofre de sintomas relacionados ao estresse, a complicação mais comum da gravidez. 

O estudo mostra que observar o desenvolvimento do cérebro fetal (no útero) apresenta desafios devido aos movimentos fetais e maternos, tecnologia de imagem, problemas de relação sinal e ruído e mudanças no crescimento cerebral.

Todas as participantes do estudo eram grávidas saudáveis e eram empregadas. Para quantificar o estresse pré-natal materno, ansiedade e depressão, os pesquisadores usaram questionários validados de auto-relatos. Os volumes cerebrais fetais e a dobra cortical foram medidos a partir de imagens tridimensionais reconstruídas derivadas de exames de ressonância magnética.

*Estagiária sob supervisão de Ronayre Nunes

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