Arqueologia

Fóssil mostra que o 1º cozimento pode ter sido antes do que se pensava

Após analisarem restos de carpas, pesquisadores afirmam que pessoas que viveram há 780 mil anos já cozinhavam peixes para comer

Correio Braziliense
postado em 14/11/2022 16:49 / atualizado em 14/11/2022 16:50
O nascimento da culinária marca um ponto de virada importante na história humana -  (crédito: Artigo 'Evidence for the cooking of fish 780,000 years ago at Gesher Benot Ya’aqov, Israel')
O nascimento da culinária marca um ponto de virada importante na história humana - (crédito: Artigo 'Evidence for the cooking of fish 780,000 years ago at Gesher Benot Ya’aqov, Israel')

Pesquisadores israelenses revelaram que os primeiros ancestrais humanos que viveram 780 mil anos atrás gostavam de comer peixes cozidos, no que eles disseram ser a primeira evidência de fogo sendo usado para cozinhar.

O exato momento da história em que os ancestrais humanos começaram a cozinhar alimentos para comer é uma controvérsia entre os arqueólogos pelo fato de ser difícil provar que fogueiras eram usadas para preparar comida, e não para se aquecer.

Contudo, o nascimento da culinária marca um ponto de virada importante na história humana porque, ao tornar os alimentos mais fáceis de mastigar e digerir, acredita-se que tenha contribuído muito para a eventual expansão pelo mundo.

Anteriormente, a primeira “evidência definitiva” de cozimento era dos Neandertais e do Homo Sapiens primitivo há 170 mil anos, de acordo com um estudo publicado na revista Nature Ecology and Evolution nesta segunda-feira (14/11).

O estudo, que volta mais de 600 mil anos no tempo, é o resultado de 16 anos de trabalho da primeira autora, Irit Zohar, arqueóloga do Museu Steinhardt de História Natural da Universidade de Tel Aviv.

O local perto das margens do rio Jordão já abrigou um lago, onde fósseis de peixes antigos ajudaram a equipe de pesquisadores a investigar exatamente quando os primeiros cozinheiros surgiram.

“Foi como enfrentar um quebra-cabeça, com mais e mais informações até que pudéssemos fazer uma história sobre a evolução humana”, disse Zohar à AFP.

A primeira pista veio em uma área que continha “quase nenhuma espinha de peixe”, mas muitos dentes, disse ela. Isso pode apontar para um possível cozimento, já que os ossos de peixe amolecem e se desintegram em temperaturas acima de 200°C, mas os dentes permanecem inteiros. 

Na mesma área, um colega de Zohar encontrou pederneiras queimadas e outras evidências de que ela já havia sido usada para fazer fogueira. A maioria dos dentes pertencia a apenas duas espécies particularmente grandes de carpas, sugerindo que elas foram selecionadas pela carne “suculenta”, disse o estudo. Algumas das carpas tinham mais de dois metros de comprimento.

A prova “decisiva” veio do estudo do esmalte dos dentes, disse Zohar. Os pesquisadores usaram uma técnica chamada difração de pó de raios-x no Museu de História Natural de Londres para descobrir como o aquecimento altera a estrutura dos cristais que compõem o esmalte.

Comparando os resultados com outros fósseis de peixes, eles descobriram que os dentes da área chave do lago foram submetidos a uma temperatura entre 200-500º C. Esse é o intervalo certo para peixes bem cozidos.

Se nossos antecessores assaram, grelharam, escalfaram ou refogaram seus peixes permanece desconhecido, embora o estudo tenha sugerido que eles podem ter usado algum tipo de forno de terra.

Acredita-se que o fogo tenha sido dominado pelo Homo Erectus há cerca de 1,7 milhão de anos. Mas “porque você pode controlar o fogo para aquecer, isso não significa que você o controla para cozinhar — eles poderiam ter comido o peixe próximo ao fogo”, disse Zohar.

Com informações da AFP*.

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