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A África está se partindo em duas? Entenda o "fenômeno" em curso

Com a separação do continente, um novo oceano deve surgir no Planeta Terra. Especialistas pontuam, contudo, que o processo ainda deve demorar bastante

Correio Braziliense
postado em 08/03/2023 20:54 / atualizado em 08/03/2023 20:54
Uma ruptura que apareceu no Quênia em 2018 lembrou aos moradores do local sobre o movimento que ocorre no continente africano -  (crédito: Youtube/Reprodução)
Uma ruptura que apareceu no Quênia em 2018 lembrou aos moradores do local sobre o movimento que ocorre no continente africano - (crédito: Youtube/Reprodução)

A Terra pode passar a ter, no futuro, mais do que seis continentes: a África tem se dividido em dois grandes blocos rochosos. A descoberta de uma extensa ruptura, em 2005 no Vale da Fenda, que se alarga a cada ano, revelou a geógrafos da região que um novo oceano surgirá no local e separará de vez os dois blocos rochosos. Mas o que promove essa alteração de proporção colossal?

De acordo com o doutor em geologia e professor do departamento de geologia da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade de Nairóbi Edwin Dindi, a separação é causada pelos movimentos provocados pelo atrito de placas tectônicas, movimento que marca a região chamada de Vale da Grande Fenda ou Vale do Rifte.

“As placas estão em fluxo de movimento, algumas se movem umas contra as outras ao longo das zonas de falha e ainda há um movimento que faz com que mais falhas se formem”, disse o professor ao jornal africano The New Times em 20 de fevereiro deste ano.

O Vale da Fenda tem extensão de 6,4 mil quilômetros e se alastra desde a Jordânia, no sudoeste da Ásia, até o centro de Moçambique, mais ao sul da África — no continente africano, a fenda começa ao norte da Etiópia. O processo de afastamento é visto com maior detalhamento no que os geógrafos chamam de África Oriental, região formada pelos países Etiópia, Quênia, Uganda e Tanzânia.

  • Os lados dos continentes que são cortados pelo Vale da Fenda foram chamados de Placa da Núbia ( o maior lado, à esquerda) e Placa da Somália (o menor, à esquerda) Wikipedia/Reprodução
  • Ilustração mostra como será novos continentes após a separação da África Twitter/Reprodução

A olho nu já é possível observar o deslocamento de uma pequena parte da África, denominada pelos especialistas como Placa da Somália, da parte que corresponde a uma maior extensão, chamada Placa da Somália. A abertura no ponto visível da terra e a própria separação do continente se dá por meio da ascensão de jorros de magma do interior do planeta, que causam um afinamento da crosta terrestre até resultar no rompimento.

Em 2018, uma grande ruptura surgiu no Quênia e colocou em risco, inclusive, motoristas que passavam pelo local. Apesar de ter origem por fortes chuvas no local, a cratera demonstra, de acordo com geólogos, as fragilidades da região, que fica próxima ao Vale da Fenda — é mais uma demonstração de que a separação do continente é um caminho inevitável.

O mesmo movimento de atrito de placas tectônicas visto de maneira tímida na África foi o responsável por formar os continentes que conhecemos atualmente após a separação da Pangeia, supercontinente que originou a divisão da Terra em seis blocos rochosos. De acordo com o geólogo, é como se as forças naturais presentes na Terra pressionem o local para causar a divisão, e, quando dividida, um novo oceano surgirá.

“Mas isso não vai acontecer imediatamente, é algo que vai acontecer daqui a milhões de anos”, atesta Edwin. O especialista conta que levou cerca de 30 milhões de anos para o primeiro sinal de ruptura surgir no continente e agora é visto em mais de 3 mil quilômetros na África, com média de crescimento de 2,5 a 5 centímetros por ano.

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