ESTUDO

Cientistas 'revivem vírus zumbi' que passou quase 50 mil anos congelado

O aquecimento global gera o risco de degelo e, consequentemente, o espalhamento de microrganismos com capacidade infecciosa ainda desconhecida

Correio Braziliense
postado em 09/03/2023 11:25 / atualizado em 09/03/2023 11:32
 (crédito: Divulgação/Jean-Michel Claverie/IGS/CNRS-AMU)
(crédito: Divulgação/Jean-Michel Claverie/IGS/CNRS-AMU)

Uma equipe de pesquisadores reativou várias cepas de vírus antigos que foram isolados de permafrost, que é a camada de subsolo congelada e localizada na Sibéria. Por questão de segurança, os cientistas estão estudando os vírus que só são capazes de infectar amebas unicelulares. O microrganismo mais antigo permaneceu 48.500 anos congelado — nessas condições, esses agentes patógenos são conhecidos como vírus "zumbis".

Quando congelados, os vírus ficam inativos. Em 2014 e 2015, os cientistas conseguiram isolar e ativar outros vírus. "Uma vantagem decisiva de nossa abordagem foi escolher Acanthamoeba spp. como hospedeiro, para atuar como uma isca específica para vírus potencialmente infecciosos, eliminando assim qualquer risco para plantações, animais ou humanos", explicaram os autores do estudo publicado na revista Viruses.

Sete dos 13 novos vírus isolados são da família Pandoraviridae. "Oito a 10 horas após a infecção, as células de Acanthamoeba tornam-se arredondadas, perdem a aderência e novas partículas aparecem no citoplasma", observaram os cientistas. Outros três microorganismos pertencem à nova subfamília Cedratvirus. Outras classificações isoladas foram: Mimiviridae, Megavirinae e Asfarviridae.

"Os tipos de vírus revividos em nosso estudo são, de fato, resultados de vieses ainda mais fortes. Primeiro, os únicos vírus que podemos esperar detectar são aqueles que infectam espécies de Acanthamoeba . Em segundo lugar, como contamos com amebas “doentes” para apontar culturas potencialmente replicadoras de vírus, nos limitamos fortemente à detecção de vírus líticos. Em terceiro lugar, favorecemos a identificação de vírus “gigantes”, dado o importante papel atribuído à microscopia de luz na detecção precoce de culturas virais positivas", diz a pesquisa.

Além do ponto de segurança biológica, a ameba foi escolhida para o estudo porque ela é um organismo "onipresente" em ambientes naturais. Por isso, "a detecção de seus vírus pode, portanto, fornecer um teste útil para a presença de qualquer outro vírus vivo em um determinado ambiente".

Em entrevista à CNN, Jean-Michel Claverie, um dos principais autores da pesquisa, disse que o fenômeno de aquecimento global gera o risco de degelo do permafrost e, consequentemente, o espalhamento de microrganismos possivelmente vivos e com capacidade infecciosa desconhecida pela ciência. Portanto, identificar os vírus é o primeiro passo para a compreensão do risco que eles podem representar.

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