SAÚDE

Todos os contraceptivos hormonais aumentam risco de câncer de mama, aponta estudo

Esse risco é considerada "pequeno" para os pesquisadores, que afirmam que a probabilidade diminui após a interrupção do tratamento. Eles alertam para a "não demonização" dos métodos, que são importantes para a saúde feminina

Talita de Souza
postado em 21/03/2023 23:29 / atualizado em 22/03/2023 00:01
A boa notícia é que o risco de desenvolver a doença diminui após a interrupção do uso dos métodos contraceptivos hormonais: de 33% de risco ao usar a pílula no último ano, a chance de desenvolver a doença após cinco anos de interrupção do tratamento cai para 15% -  (crédito: Reproductive Health Supplies Coalition/Unsplash)
A boa notícia é que o risco de desenvolver a doença diminui após a interrupção do uso dos métodos contraceptivos hormonais: de 33% de risco ao usar a pílula no último ano, a chance de desenvolver a doença após cinco anos de interrupção do tratamento cai para 15% - (crédito: Reproductive Health Supplies Coalition/Unsplash)

O uso de pílulas, implantes e injeções anticoncepcionais — e até mesmo de dispositivos intrauterinos hormonais — aumentam, em 20 a 30%, as chances das usuárias desenvolverem câncer de mama. A constatação é de um estudo promovido pela Unidade de Epidemiologia do Câncer do Departamento de Saúde Populacional da Universidade de Oxford, publicado nesta terça-feira (21/3) na revista Plos Medicine.

O risco de câncer de mama para usuárias de anticoncepcionais compostos de progesterona e estrogênio já era conhecido e os pesquisadores contam que a novidade do estudo é identificar que até mesmo os métodos hormonais considerados mais brandos, feitos apenas com progesterona, também induz riscos de câncer às usuárias.

A boa notícia é que o risco de desenvolver a doença diminui após a interrupção do uso dos métodos contraceptivos hormonais: de 33% de risco ao usar a pílula no último ano, a chance de desenvolver a doença após cinco anos de interrupção do tratamento é de apenas 15%.

Para chegar ao resultado, os pesquisadores analisaram o histórico de saúde de 9.498 mulheres que desenvolveram a doença de forma invasiva entre 20 a 49 anos — o grupo também reuniu os dados de 18.171 mulheres sem câncer de mama para comparar os hábitos contraceptivos e as consequências deles. Os dados foram fornecidos pelo Clinical Practice Research Datalink (CPRD).

Os dados apontaram que 44% das mulheres com câncer de mama que concederam os históricos de saúde para o estudo tiveram uma prescrição de contraceptivo hormonal cerca de três anos antes do diagnóstico da doença.

Além disso, os dados mostram que cada tipo de método apresenta uma taxa diferente de risco de câncer: os comprimidos orais com progestágeno apresentam risco de 26% de desenvolvimento de câncer, maior do que o remédio combinado com estrogênio (23%) e a injeção de progestágeno (25%). O DIU hormonal de progestágeno, no entanto, é o que mais apresenta risco associado: o método acrescenta risco de 32% às usuárias.

Apesar dos dados, os pesquisadores envolvidos no levantamento afirmam que o risco é pequeno. “A contracepção hormonal combinada e apenas com progestagênio pode aumentar o risco de câncer de mama, mas o risco é pequeno. As mulheres com maior probabilidade de usar anticoncepcionais têm menos de 50 anos, onde o risco de câncer de mama é ainda menor”, afirma a gerente sênior de saúde da Pesquisa de Cancer Research UK, Claire Knight, instituto que financiou o estudo.

Além disso, a especialista afirmou que os demais fatores de saúde também influenciam na incidência de câncer, o que deve ser levado à sério pelas usuárias dos métodos anticoncepcionais. “Para quem quer diminuir o risco de câncer, não fumar, comer uma dieta saudável e equilibrada, beber menos álcool e manter um peso saudável terá o maior impacto”, aconselha.

Claire também alerta para que não haja “demonização” dos métodos, já que oferecem muitos benefícios para a saúde feminina. “Existem muitos benefícios possíveis no uso de métodos contraceptivos, bem como outros riscos não relacionados ao câncer. É por isso que decidir tomá-los é uma escolha pessoal e deve ser feita após falar com seu médico para que você possa tomar a decisão certa para você”, encerra.

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