UNIVERSO

Campo magnético de exoplaneta parecido com a Terra causa aurora boreal em sol

A existência do campo magnético é uma das características de mundos habitáveis, e pode ser um guia para encontrar vida no Universo

Correio Braziliense
postado em 04/04/2023 22:22 / atualizado em 04/04/2023 22:23
Ilustração mostra interação entre um exoplaneta prospectivo e sua estrela. O plasma emitido pela estrela é desviado pelo campo magnético do exoplaneta e então interage com o campo magnético da estrela, resultando em uma aurora na estrela e na emissão de ondas de rádio -  (crédito: National Science Foundation/Alice Kitterman)
Ilustração mostra interação entre um exoplaneta prospectivo e sua estrela. O plasma emitido pela estrela é desviado pelo campo magnético do exoplaneta e então interage com o campo magnético da estrela, resultando em uma aurora na estrela e na emissão de ondas de rádio - (crédito: National Science Foundation/Alice Kitterman)

A descoberta de auroras boreais em uma estrela de um sistema planetário situado a cerca de 12 anos-luz de distância da Terra revelou a possibilidade da existência de um exoplaneta rochoso, fora da Via Láctea, ter um campo magnético — assim como a Terra —, característica essencial para se manter um mundo habitável.

Sinais de rádio captados pelo radiotelescópio Karl G. Jansky Very Large Array, do Observatório Nacional de Radioastronomia da Fundação Nacional da Ciência dos EUA, revelaram uma interação entre o exoplaneta YZ Ceti b e a estrela YZ Ceti, cujas forças provocam, na própria estrela, um tipo diferente de aurora boreal. O relatório da descoberta foi publicada na última segunda-feira (3/4) na revista Nature

De acordo com os astrônomos Sebastian Pineda e Jackie Villadsen, autores do estudo que analisaram os dados do radiotelescópio e descobriram a interação, as rajadas de plasma emitidas pela YZ Ceti são desviadas pelo campo magnético do exoplaneta e as remete de volta para a estrela, cuja interação provoca a aurora boreal e, em consequência, a emissão de ondas de rádio. 

Foram essas emissões de rádio provocadas pela interação que levaram os pesquisadores à descoberta. Mas a detecção das ondas não foi obra do acaso: os pesquisadores afirmam que não é possível esperar os sinais, mas sim procurá-los pelo Universo e torcer para que algumas mais fortes sejam detectadas da Terra. Nessa “caça ao tesouro”, os astrônomos apostaram em apontar o radiotelescópio para planetas com tamanhos semelhantes à Terra e próximos às estrelas em que orbitam.

"O que estamos fazendo é procurar uma maneira de vê-los. Estamos procurando por planetas que estejam realmente próximos de suas estrelas e tenham um tamanho semelhante ao da Terra. Esses planetas estão muito próximos de suas estrelas para estar em algum lugar onde você possa viver, mas como eles estão tão próximos, o planeta está meio que orbitando através de um monte de coisas saindo da estrela”, explica Villadsen, um dos autores.

O YZ Ceti b é, entre quatro planetas do sistema, o mais próximo da estrela em volta da qual eles orbitam. Os pesquisadores acreditam que as ondas de rádio foram captadas porque a interação é mais forte pela distância pequena entre os objetos estelares.

“Se o planeta tiver um campo magnético e resistir a um material estelar suficiente, fará com que a estrela emita ondas de rádio brilhantes”, acrescenta. A existência do campo magnético é uma das características de mundos habitáveis, e pode ser um guia para encontrar vida no Universo.

“A busca por mundos potencialmente habitáveis ou com vida em outros sistemas solares depende em parte da capacidade de determinar se exoplanetas rochosos semelhantes à Terra realmente têm campos magnéticos”, diz Joe Pesce, diretor da Fundação Nacional da Ciência, que financiou o estudo.

Apesar das ondas serem um grande indício do campo magnético no exoplaneta, os astrônomos ainda não podem confirmar a existência da força.

“Isso poderia ser realmente plausível, mas acho que vai ter muito trabalho de acompanhamento antes que uma confirmação realmente forte de ondas de rádio causadas por um planeta seja divulgada. Assim que mostrarmos que isso está realmente acontecendo, seremos capazes de entender isso de forma mais sistemática. Estamos no começo”, conta Villadsen, que diz que novos aparelhos de leitura de ondas de rádio serão lançados no futuro e poderão ajudar nas pesquisas futuras.

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