GEOLOGIA

Vulcão descoberto em mar norueguês expele detritos das profundezas da Terra

Ativo, o vulcão libera lama, fluidos, gás e sedimentos do interior do planeta e é considerado pelos pesquisadores como uma janela para entender o que ocorre a centenas de metros abaixo do fundo do mar

Talita de Souza
postado em 16/05/2023 15:46 / atualizado em 16/05/2023 15:53
O vulcão de lama é de pequeno porte, mas rico em emissões de substâncias: ele tem cerca de 7 metros de diâmetro e 2,5 metros de altura e emite, continuamente, fluídos ricos em metano -  (crédito: Universidade de Tromso/Divulgação)
O vulcão de lama é de pequeno porte, mas rico em emissões de substâncias: ele tem cerca de 7 metros de diâmetro e 2,5 metros de altura e emite, continuamente, fluídos ricos em metano - (crédito: Universidade de Tromso/Divulgação)

Um vulcão ativo foi descoberto nas profundezas de um mar norueguês durante uma expedição feita por pesquisadores da Universidade de Tromso (UIT). Batizado de Borealis Mud, o vulcão foi flagrado pelos especialistas em atividade, com uma erupção de lama, fluídos e gás, além de sedimentos do interior do planeta. Por isso, o fenômeno é visto pelos especialistas como uma janela para obter informações sobre o centro da Terra.

Borealis foi encontrado na última quarta-feira (10/5) por meio do navio de pesquisa Kronprins Haakon que abrigou os pesquisadores da UIT e os especialistas da REV Ocean. O grupo utilizava um veículo submersível para mapear a região, quando se deparou com o vulcão, que estava a 400m de profundidade da superfície.

O fenômeno está localizado dentro de uma cratera de aproximadamente 300m de largura e 25m de profundidade. Os especialistas acreditam que o local é resultado de uma “explosão natural catastrófica” que liberou metano maciço, logo após o último período da Era do Gelo, cerca de 18 mil anos atrás.

O vulcão é de pequeno porte, mas rico em emissões de substâncias: ele tem cerca de 7 metros de diâmetro e 2,5 metros de altura e emite, continuamente, fluídos ricos em metano. Também emite lama e gás, além de sedimentos finos das profundezas de “várias centenas de metros e até quilômetros, fornecendo uma janela para o interior da Terra e para ambientes passados”.

A descoberta foi publicada no site da Universidade de Tromso na quarta-feira (10/5). "Ver uma erupção de lama subaquática em tempo real me lembrou como nosso planeta está ‘vivo’", celebrou Giuliana Panieri, pesquisadora principal da expedição. Irene Viola, estudante da UIT que estava na equipe, disse que a equipe foi tomada de “empolgação, surpresa e felicidade” no momento em que viram o vulcão na tela que refletia as imagens obtidas pelo veículo explorador subaquático.

"Como uma aluna que estudou e viu vulcões de lama apenas em terra, ver um no fundo do mar foi uma experiência incrível. Você podia sentir a surpresa, a empolgação, a felicidade se espalhando pela equipe no exato momento em que vimos na tela. Meu primeiro pensamento foi: ‘Quero descer lá, enfiar o braço nele!’”, declarou.

O Borealis é o segundo vulcão de lama encontrado em águas norueguesas. O primeiro, chamado Hakon Mosby, foi descoberto em 1995 e ficava a 1.250 metros de profundidade no fundo do mar que fica ao sul do arquipélago de Svalbard. Diferente dos vulcões de lava, que são influenciados pelo magma, os vulcões de lama são estruturas vulcânicas criadas para ejeção de gases, líquidos e lama e geralmente se formam em áreas mais frias.

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