Ciência e Saúde

Variante Pirola não é mais resistente a anticorpos do que outras cepas

Em estudo realizado na Suécia, cientistas descobriram que a imunidade contra a cepa XBB da ômicron também funciona contra a Pirola, ou BA.2.86, dispensando

virus-agente-infeccioso -  (crédito: Vladimirzotov/Envato Elements)
virus-agente-infeccioso - (crédito: Vladimirzotov/Envato Elements)
Augusto Dala Costa - CanalTech
postado em 06/10/2023 13:16 / atualizado em 06/10/2023 13:16

Um estudo feito na Suécia descobriu que a variante BA.2.86 da covid-19, derivada da ômicron e também conhecida como Pirola, não é mais resistente aos anticorpos do que outras cepas atualmente em circulação. Além disso, descobriu-se que, após uma onda de infecções da variante XBB, os infectados mostraram ter mais anticorpos eficientes contra a Pirola, mostrando que as vacinas usadas contra a XBB podem dar imunidade cruzada contra a BA.2.86.

A Pirola, subvariante recente, é bastante diferente das outras cepas da covid-19 em circulação, incluindo algumas mutações na proteína spike, um resquício da ômicron. O vírus usa esse tipo de proteína para infectar as células, sendo o alvo principal dos nossos anticorpos. Quando há mudanças na proteína spike, então, há o risco de que nosso sistema imunológico se torne menos eficiente, reduzindo as proteções do corpo e requerendo uma atualização das vacinas. Não parece ser o caso para a Pirola.

Particularidades da Pirola

Para testar a eficácia dos anticorpos contra a Pirola, os pesquisadores criaram um gene da proteína spike que combina com a variante, testando o sangue de doadores da cidade de Estocolmo, na Suécia, especialmente no dos que doaram mais recentemente. Apesar da BA.2.86 ter alguma resistência contra os anticorpos, não foi um aumento significativo em relação ao de outras variantes. O estudo foi feito pelo Instituto Karolinska e publicado na revista científica The Lancet Infectious Diseases.

As vacinas contra a variante XBB também conferem imunidade contra a Pirola, evidenciando a necessidade de continuar recebendo as doses de reforço (Imagem: YuriArcursPeopleimages/Envato)

Também era importante saber se as vacinas usadas contra a variante XBB (que gerou cepas como a Arcturus, em 2021) também protegiam contra a Pirola, o que foi testado comparando amostras retiradas antes e depois dos surtos de XBB na Suécia. Com isso, descobriu-se haver mais anticorpos contra a Pirola após as vacinas baseadas em XBB, confirmando a proteção cruzada, mas houve um porém — a nova cepa se mostrou mais resistente contra todos os tratamentos baseados em anticorpos monoclonais testados.

É importante que as agências de saúde e os profissionais da área tenham acesso a essas informações, sabendo quão imune a população é à nova variante e se serão necessárias vacinas de reforço. Sabendo que os anticorpos monoclonais não são eficientes contra a nova cepa, é possível adequar os tratamentos e expectativas.

Para imunocomprometidos, por exemplo, os anticorpos monoclonais são opções importantes contra a doença, então essa parcela da população precisa estar mais cuidadosa com o aumento dos casos de Pirola.

Segundo os cientistas, não há motivo para se alarmar com a nova variante, mas a recomendação segue sendo a de receber vacinas de reforço como a bivalente quando possível, e, quando houver surtos, voltar a usar máscaras e evitar aglomerações. O surgimento e aumento de casos de uma variante da ômicron, como essa, mostra que não devemos baixar a guarda quanto ao vírus.

Fonte: The Lancet Infectious Diseases

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